Ruy Ohtake assina projeto para recuperar bairros da periferia



Lançamento aconteceu nesta quarta-feira, 17, em São Paulo e contou com a presença do governador

Cerca de cinco mil casas de bairros da periferia da capital vão ser recuperadas e vão ganhar novas cores, a partir de propostas do arquiteto Ruy Ohtake e como parte de um amplo programa de reurbanização desenvolvido pelo Governo do Estado. O ponto de partida para esse processo será o Projeto-Piloto do Programa de Recuperação de Moradias, desenvolvido pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), lançado nesta quarta-feira, 17, com a presença do governador José Serra e do autor do projeto. Na ocasião, também foi anunciado o Curso de Formação de Pintores da União da Vila Nova, no Jardim Pantanal.

“Vamos transformar o Pantanal num bairro, canalizando córrego, fazendo dois parques, embelezando as casas existentes, a São Paulo de cara nova, com a colaboração do Ruy Ohtake e a construção de mais 3.200 unidades habitacionais. Também vamos facilitar o acesso ao transporte da CPTM, com uma passagem de nível e ciclovia. Não funciona a idéia de levar as pessoas pra muito longe porque elas têm a vida organizada aqui", destacou Serra. 

Nesse projeto-piloto de um programa que visa à valorização da paisagem urbana da periferia, 300 casas de União da Vila Nova terão suas paredes externas rebocadas ou chapiscadas e pintadas, e a reforma contará com a participação dos moradores do bairro. Numa fase posterior, as cerca de cinco mil casas da área deverão receber o mesmo tratamento e o projeto-piloto servirá também de modelo para outros núcleos residenciais em estágio de urbanização. Na Rua Papiro do Egito, a fachada e áreas externas de quatro casas já foram pintadas e rebocadas.

O Curso de Formação de Pintores, patrocinado pela Associação Brasileira de Fabricantes de Tintas, vai proporcionar qualificação profissional a 10 moradores da comunidade, que durante duas semanas vão aprender técnicas de pintura em parede e textura. No período da pintura, fase prática do curso, os moradores, atualmente desempregados, vão receber bolsa no valor de R$ 450,00.

Participação da comunidade

A implantação do projeto está sendo feita com participação direta dos moradores do bairro de União da Vila Nova. Nas duas primeiras reuniões, Ohtake expôs pormenores do trabalho e a comunidade escolheu as ruas que deveriam ganhar  novas cores: Papiro do Egito, Adão Manoel, do Parque, 1º de Março e Denner. Um dos critérios da escolha foi geográfico, pois essas ruas dão vista para o novo viaduto que liga a Avenida Jacu-Pêssego à Rodovia dos Trabalhadores e o colorido das casas vai mostrar aos que passam a transformação do antigo núcleo carente em um bairro recuperado.

A escolha das cores a serem usadas na pintura também foi feita pelos moradores entre 16 opções de uma cartela apresentada por 80 agentes comunitários em consulta de casa em casa. A tinta para a pintura das primeiras 300 casas será doada por associados da Associação Brasileira de Fabricantes de Tintas (Abrafati). A pintura das demais será custeada pela CDHU.

A recuperação das moradias está incluída num programa mais amplo de urbanização do bairro, desenvolvido pela CDHU, com investimentos de R$ 59,6 milhões. Além da melhoria da infra-estrutura urbana, a regularização de 3 mil residências e a pintura das casas, a um custo de R$ 1,5 mil cada uma, o programa prevê a criação de uma unidade visual para o bairro. Os comerciantes receberão um plano de comunicação padronizado, de acordo com a Lei Cidade Limpa, com placas em tamanho e formato permitidos pela legislação. O comerciante poderá escolher as cores e será orientado a oferecer seus produtos sem prejudicar a pintura nem comprometer a visibilidade das novas cores.

Projeto Pantanal

Desde 2002, o bairro União da Vila Nova, no Jardim Pantanal, é alvo do Projeto Pantanal, programa do Governo do Estado que beneficia diretamente mais de oito mil famílias, com obras de urbanização, recuperação ambiental, apoio social e recuperação de moradias.

Localizado na várzea do Tietê, entre a Rodovia Ayrton Senna e a linha de trens da CPTM, na Zona Leste, os moradores do Jardim Pantanal eram obrigados a transitar de barco durante as enchentes e suas ruas e vielas eram invadidas pela lama e o lixo deixados pelas águas.  O principal acesso de pedestres, um túnel sob a linha da CPTM, simbolizava a exclusão social dos moradores.

As ruas pavimentadas e as obras de infra-estrutura concluídas transformaram o aspecto do bairro e ajudaram a melhorar a qualidade de vida da população. Graças a um projeto da CDHU, em parceria com a ONG Casa do Zezinho, o túnel foi transformado em portal grafitado e passou a significar inclusão e manifestação artística. O muro que separa a linha férrea da Rua Papiro do Egito foi convertido numa tela, na qual os jovens da comunidade desenharam a história do bairro. O projeto “Amigos da Praça” também deu cores às fachadas das casas ao redor da praça central, que recebeu tratamento paisagístico, árvores e bancos com mosaicos.

Todo esse processo de recuperação urbana e resgate da cidadania se completa, agora, com as cores da comunidade de União da Vila Nova e do arquiteto de renome internacional Ruy Ohtake.



09/17/2008


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