Base de Jarbas disputa os cargos do PFL









Base de Jarbas disputa os cargos do PFL
Rompimento com Governo FHC amplia disputa entre pefelistas e tucanos em Pernambuco

Oficialmente ninguém admite, mas a disputa pelos cargos em Pernambuco que estão sob o domínio político de apadrinhados do PFL já começou. O PSDB, o PMDB e o PPB locais já armaram uma estratégia para ocupar esses espaços, porque muitos pefelistas ainda alimentam a convicção de que não haverá demissão em massa Brasil afora, apesar de o presidente Fernando Henrique Cardoso, antes de viajar para o Panamá, ter dito que reagiria ao rompimento com as "providências administrativas necessárias".

O alvo mais imediato seriam os cargos do líder do PFL na Câmara dos Deputados, Inocêncio Oliveira, que controla o DNOCS, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a delegacia da Polícia Rodoviária Federal. O secretário de Projetos Especiais, Sérgio Guerra, líder do PSDB no Estado, assegurou não estar atrás de cargo nenhum. "O PSDB tem duas responsabilidades aqui no Estado. Uma é apoiar FHC e o nosso candidato, José Serra. A outra é evitar qualquer iniciativa que dificulte a aliança presidida pelo governador Jarbas Vasconcelos(PMDB)", declarou.

Guerra, no entanto, teria liderado, anteontem em Brasília, a reunião na qual foi acertada a estratégia para se conquistar essa herança pefelista. Ele ressaltou que falar com deputados é algo comum todas as vezes em que vai à capital federal. O secretário afirmou ter conversado informalmente com a bancada do PSDB e com o PPB, "um aliado nosso", e com deputados da oposição, como Pedro Eugênio (PT) e Gonzaga Patriota (PSB). "O PMDB que a gente conversou foi Cadoca (Carlos Eduardo Pereira, secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo), que viajou comigo", enfatizou.

Enquanto o PFL fazia os últimos acertos antes de cumprir a promessa de entregar os cargos que estavam sob o seu comando, os deputados da bancada governista da Assembléia Legislativa contabilizavam perdas e ganhos. O presidente estadual do PSDB, Augusto César, logo defendeu um redistribuição dos cargos entre tucanos e outros aliados. Adversário do líder do PFL na Câmara Federal, Inocêncio Oliveira, ele disse que essa não era uma questão provincial, mas de justiça.

CONSEQÜÊNCIAS - Os deputados pefelistas tentaram minimizar as conseqüências do racha. José Marcos e Antônio Mariano comemoraram e cobraram a manutenção do rompimento. Marcos chegou a afirmar que essa decisão "pode ser a salvação para o partido". O presidente da AL, Romário Dias, corroborou. Ele foi o único pefelista, no entanto, a admitir que, com a vacância dos cargos, o PSDB pode crescer no Estado. O líder tucano na Casa, Antônio Morais, desconsiderou a disputa nos bastidores por espaço, mesmo tendo ficado à frente de críticas a Fernando Henrique pelo favorecimento Do PFL. Morais limitou-se a dizer que esse assunto não poderia ser tratado nesse momento.


Joaquim apela por retomada do diálogo
Deputado pede a Jarbas que convoque aliados para evitar "contaminação do quadro local"

O risco de o rompimento do PFL com o governo federal esfacelar a aliança jarbista é tão claro que o ex-governador Joaquim Francisco (PFL), que raramente levantou sua voz para tratar de problemas comuns aos três partidos da base governista, fez um apelo, ontem, ao governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), no sentido de ele convocar imediatamente uma reunião dos aliados para "unificar o discurso e evitar pronunciamentos que venham a comprometer a aliança".

Joaquim demonstrou uma grande preocupação em evitar "a contaminação do quadro político local, com a quebra da unidade em torno do governador". Para Joaquim, hoje deputado federal, "na qualidade de principal condutor da aliança em Pernambuco", Jarbas poderia fazer essa reunião, "especialmente agora, quando não temos ainda um quadro nítido do processo político-eleitoral". O pefelista disse que, da sua parte, continuará votando de acordo com a sua consciência e em benefício do País, embora tenha firmado uma posição nacional acompanhando a maioria do seu partido.

"O que juntos construímos até agora pelo Estado de Pernambuco precisa ser mantido e continuado", destacou Joaquim Francisco. Embora apela para a unidade, o deputado, na prática, está à disposição para ser o candidato do PFL ao Governo do Estado. Tanto que hoje ele discute sucessão estadual em um almoço-reunião com amigos e ex-auxiliares de governo. Essa candidatura de Joaquim foi cogitada na semana passada, após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidir verticalizar as alianças nacionais.

Joaquim teria, inclusive, recebido o sinal verde da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, que se for mesmo confirmada como presidenciável do PFL, vai precisar de palanque nos 27 estados da federação. O problema do ex-governador, no entanto, continua o mesmo: a falta de espaço dentro do PFL local. Não por acaso, o líder do partido na Câmara dos Deputados, Inocêncio Oliveira, cuja vinculação com o vice-presidente Marco Maciel é notória, tratou de arquivar esse logo projeto, ao salientar, durante um discurso feito na cidade de São Vicente Férrer, agreste do Estado, onde o governador inaugurou um matadouro.

Inocêncio afirmou que "o PFL não terá candidato a governador de jeito nenhum, porque estará com Jarbas até numa coligação branca, se for necessário, e só lançará um único majoritário, que é Maciel para o Senado".


Para oposição, PSDB planejava o isolamento dos pefelistas
Líderes de partidos de esquerda acreditam que tucanos pretendem montar aliança com o PMDB

Os partidos de oposição continuam analisando os detalhes da crise que se abateu sobre o PFL e que culminou com o anúncio oficial da entrega dos cargos do partido no Governo FHC. A maior parte da esquerda permanece sem acreditar que os pefelistas abrirão mão de fato do poder. Nos bastidores, alguns comentam que o PFL não teve outro jeito. Argumentam que anúncio da saída da base do governo foi feita a contragosto porque simplesmente o Planalto não sinalizou com nenhum gesto para amenizar a situação. Outros defendem a tese de que o enfraquecimento do PFL é uma operação arquitetada há algum tempo entre o PSDB e o PMDB.

Segundo análise dos políticos em Brasília, o plano do PSDB é se unir ao PMDB para escantear o PFL nesta eleição, acusando os pefelistas de serem os responsáveis por todas as mazelas que se abateram sobre o Brasil. "É claro que há uma operação em curso, nacional e também nos estados, para se livrar do PFL", disse o deputado federal Eduardo Campos (PSB).

A tática do tucanato, segundo os parlamentares ouvidos pelo DIARIO, é aproveitar a crise para fazer o discurso da mudança. O Governo pretende alegar que o País não avançou por causa do PFL e que não tem nada haver com as denúncias de corrupção que atingem a base governista.

A estratégia de macular a imagem do PFL vem se fortalecendo a cada dia. Foi assim com o ex-senador Antônio Carlos Magalhães (PFL). Ele foi forçado a deixar o cargo por causa da violação do painel eletrônico do Congresso. O líder do Governo, Inocêncio Oliveira (PFL), segundo informações de bastidores, acatou o pedido do PSDB para esperar a eleição seguinte da presidência da Congresso Nacional com a promessa de que seria apoiado na próxima campanha.

De acordo com Campos, a estratégia de o PSDB se aliar ao PMDB se repete nos estados. "O PFL ficou dependente do PSDB ou do PMDB como é o caso de Pernambuco. Há um jogo dissimulado de Jarbas. Ele está envolvido com Serra nessa articulação e enrolando o PFL no estado", disse.

CÉTICOS - Na avaliação do senador Carlos Wilson (PTB), aentrega dos cargos por parte do PFL é apenas de fachada . "Vai ficar restrito aos ministérios. Eles vão esperar se essa investigação em torno de Roseana atingiu sua candidatura. Se não afetou eles ficam com Roseana, caso contrário todos voltam ao poder", disse.

Para o senador Roberto Freire (PPS), o PFL nunca foi oposição de verdade no País. "Historicamente, o PFL quando necessário abandona o barco na 25ªhora. Eles dizem que vão romper e ninguém acredita. Como sou homem de boa fé acho que o PFL vai romper e entregar os cargos", ironizou.

O prefeito do Recife, João Paulo (PT), considera que a crise da base governista deixará frágil a economia do País e quem pagará no final é a população. "Isso mostra uma fragilidade política desta aliança. A partir de uma grave denúncia de corrupção se deixa o Governo. O PFL não quer que seja feita investigação porque é de um aliado. Isso é um grande equívoco", afirmou.

Na avaliação do vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB), a briga entre o PFL e o PSDB não édefinitiva. "Uma coisa é os ministros saírem, outra seria o afastamento de detentores de cargos. Minha impressão é que essa retirada é parcial e deve-se limitar aos ministérios", afirmou.


PFL formaliza rompimento com FHC
Roseana Sarney diz que partido tomou "decisão histórica" e afirma que vai ganhar eleição

BRASÍLIA - Após sete anos de participação no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, o Partido da Frente Liberal (PFL) formalizou ontem o rompimento com o Palácio do Planalto. Os ministros José Jorge (Minas e Energia), Roberto Brant (Previdência) e Carlos Melles (Esporte e Turismo) entregaram seus cargos. Na segunda-feira, já havia pedido demissão o ministro José Sarney Filho, irmão da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, que foi o pivô da derradeira crise entre os partidos que formavam a aliança de sustentação de Fernando Henrique.

O PFL entregou os cargos de primeiro escalão e também ameaça criar complicações para o Governo na votação de temas importantes no Congresso, como o que prorroga a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras). O vice-presidente Marco Maciel, todavia, afirmou que não irá renunciar e alguns ocupantes de cargos importantes do segundo escalão federal foram mantidos, como o presidente da Caixa, Emílio Carazzai, e o secretário da Receita Federal, EverardoMaciel.

Pela manhã, no final da reunião da Executiva Nacional do PFL, Roseana Sarney discursou para os ministros, governadores, prefeitos e parlamentares de seu partido. Roseana disse que o PFL tomou ontem uma decisão histórica e de grande responsabilidade e que não restava outro caminho ao partido, se não o rompimento com o Governo federal. Ela ressaltou, ao concluir o discurso, que a candidatura dela não é fruto de ambição pessoal.

"Não esmaguei concorrentes, não atropelei ninguém, não fiz jogo sujo. Se hoje estou bem situada em todas as pesquisas de opinião, foi porque o povo me trouxe até aqui. E se o povo me trouxe até aqui, com a proteção de Deus, tenho certeza que nós vamos chegar lá", disse. Roseana afirmou que como pré-candidata foi "vítima de uma violência inominável, de uma arbitrariedade inaceitável, que, sob qualquer pretexto ou montada formalidade, só tinha um objetivo: destruir a candidatura do PFL". "O que está em jogo não é uma questão partidária, mas a lisura do processo sucessório", acrescentou.

A governadora reforçou que não vai se intimidar e garantiu aos pefelistas que manterá sua candidatura até o fim. "Já lutei até os extremos da minha resistência contra a morte, pela minha vida, e não seria agora que eu iria conhecer o medo. Não seria agora que iria falhar ao meu partido e ao Brasil, capitulando para que não tivéssemos uma eleição, mas sim uma simples escolha arrancada das sobras do poder", disse ela.

Roseana e enfatizou também que a decisão de ruptura foi unânime. "A unanimidade mostra o acerto de nossa decisão", disse. Ela lembrou ainda que como aliado do Governo federal o PFL durante vários momentos sofreu desgaste ao apoiar medidas impopulares, porque julgava que se tratavam de interesse do País.

Cautelosa, Roseana evitou fazer críticas diretas a Serra e ao presidente Fernando Henrique Cardoso. E não quis descartar uma eventual aliança com o PSDB no segundo turno da eleição. "Essa avaliação terá de ser feita a longo prazo".


Partido perde 250 cargos no Governo
Pefelistas entregam ao presidente Fernando Henrique postos em estatais e órgãos públicos

Ao desembarcar ontem do Governo Fernando Henrique Cardoso, o PFL estará abrindo mão, na opinião de grande número de parlamentares do partido, de muito mais que uma parceria que permitiu a realização das reformas econômicas que foram a motivação principal da aliança governista no primeiro mandato de Fernando Henrique.

Além dos três ministros - já foram quatro - que deixam a Esplanada, o partido perderá em Brasília e nos Estados cerca de 250 cargos do primeiro ao terceiro escalões de Governo. São secretários de Estado, dirigentes de empresas estatais e de autarquias e departamentos federais que o partido havia indicado para a composição do governo junto com o PSDB, o PMDB, o PPB e o PTB.

A maior parte dos ocupantes desses cargos está na cota de indicações de deputados e senadores do partido. Como os políticos costumam dizer que na atividade deles não existe espaço vazio, é certo que os postos liberados pelo PFL serão ocupados pelos que permanecerem aliados do Governo. Prejuízo certo para quem está acostumado a fazer política no poder e teme não encontrar o caminho de um novo mandato sem apoio da máquina administrativa pública.

Fazem parte do contingente de pefelistas em cargos públicos os dirigentes das empresas de energia do Governo federal. É o caso do presidente da Eletrobras, Cláudio Ávila da Silva, indicado por Jorge Bornhausen. Roberval Pilotto, da Eletrosul, também do grupo de Bornhausen, também sai.

Na Eletronorte, será atingido pelo menos um pefelista ligado ao senador José Sarney, do PMDB do Amapá. José Antonio Muniz Lopes já migrou por várias estatais de energia elétrica até presidir a Eletronorte. Permaneceu intocável por anos, inclusive contra a vontade de afilhados de Antonio Carlos Magalhães e Marco Maciel que dirigiram o Ministério de Minas e Energia nos últimos anos.

Ex-coordenador político de Fernando Henrique no Congresso, o ex-deputado Luiz Carlos Santos também terá que deixar a presidência de Furnas Centrais Elétricas. A única diferença de Luiz Carlos dos demais pefelistas, como salientam seus colegas de partido, é que ele "não é PFL, mas está PFL".

Emílio Carazzai, presidente da Caixa Econômica Federal nomeado por influência de Marco Maciel e Inocêncio Oliveira, também está com o cargo a prêmio. Para ficar, ele já disse que poderá até deixar o PFL. Inocêncio também perderá seu apadrinhado Heitor Sales da diretoria de administração de Furnas.


Uma legenda que se confunde com o poder
Em 17 anos de existência, Partido da Frente Liberal nunca foi oposição ao Governo federal

O mais profissional e apegado ao poder dos partidos políticos tomou uma inédita decisão de deixar um governo do qual fazia parte. Isso nunca acontecera antes. Com astúcia, o PFL foi formado por um grupo de políticos que, em 1984, depois de décadas ao lado do regime militar, soube aproveitar a abertura democrática e permanecer no primeiro governo civil em mais de 20 anos. Passou por momentos difíceis, como quando ficou com o então presidente Fernando Collor até o fim de seus dias no Planalto, de onde foi tirado por impeachment. O adesismo pefelista chegou a virar piada como a que diz que os políticos do PFL são tão acostumados a andar de carro oficial que ninguém no partido tem carteira de motorista.

Maio de 1984
Dissidentes do Partido Democrático Social (PDS) que defendiam a realização de prévias para indicar o c andidato do partido à Presidência da República criam a Frente Liberal. O PDS era herdeiro da Aliança Renovadora Nacional (Arena), legenda de sustentação do governo militar entre 1965 e 1979. O PDS terminou indicando Paulo Maluf candidato a presidente.

Agosto de 1984
A Frente Liberal, composta pelo então vice-presidente Aureliano Chaves, o senador Marco Maciel, entre outros, se une ao PMDB. Eles formam a Aliança Democrática, que lançou a candidatura do então governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, à Presidência. José Sarney, que não pode se filiar ao PFL, mas ao PMDB para poder formar chapa com Tancredo, foi indicado candidato a vice-presidente.

1985
Em 24 de janeiro de 1985, após a vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, o Partido da Frente Liberal (PFL) é oficialmente criado. A legenda conta imediatamente com a adesão de três governadores, dez senadores e 60 deputados federais.1986

O Tribunal Superior Eleitoral faz o registro oficial do PFL em setembro de 1986. Nas eleições daquele ano, o partido elege 118 deputados federais, sete senadores e um governador. Durante a Assembléia Nacional Constituinte, concluída em 1988,

o PFL exerceu papel importante. Participou do bloco de parlamentares de centro e de direita que ficou conhecido como "Centrão".

1989
O PFL lança Aureliano Chaves para concorrer à Presidência da República. Desanimada com o fraco desempenho na campanha presidencial, uma parte do PFL tenta articular o lançamento da candidatura do empresário e apresentador de TV Silvio Santos. Aureliano, entretanto, não recuou da candidatura e teve um desempenho desastroso. Ainda no primeiro turno, muitos pefelistas aderiram à candidatura de Fernando Collor.

1990
Elege 82 deputados federais, seis senadores e nove governadores, alguns em coligação com o PDS, antigo berço pefelista. O partido participa do governo Collor e em nenhum momento rompe com o presidente, afastado da Presidência por impeachment em 1992. Bornhausen chegou a dizer que a CPI de Collor-PC Farias não daria "em nada"

1993
O partido fica fora do governo de Itamar Franco. ACM acusa o governo de corrupção e, ao comparecer ao Planalto para fazer denúncias ao presidente, é surpreendido por Itamar, que abre as portas de seu gabinete para que a Imprensa registre o encontro

1994
O PFL firma aliança com o PSDB e o PTB e apóia a candidatura vitoriosa de Fernando Henrique Cardoso à Presidência. O pefelista Marco Maciel é eleito vice-presidente. O partido ocupa cargos importantes no governo e garante a Fernando Henrique maioria no Congresso. Em 1994, o PFL elegeu 89 deputados e 11 senadores.

1998
A aliança PFL/PSDB/PTB é reeditada, com o apoio do PPB. Fernando Henrique e Marco Maciel são reeleitos em primeiro turno. Naquele ano, elegeu cinco senadores e 106 deputados federais fez a maior bancada da Câmara.

Maio de 2001
Antonio Carlos Magalhães, um dos maiores caciques do PFL, renuncia ao cargo de senador pela Bahia para evitar a cassação. ACM deixou o Senado depois de envolvido, junto com o então senador José Roberto Arruda (DF), no episódio de quebra do sigilo de votação do painel do Senado durante a a sessão que cassou o mandato do ex-senador Luiz Estevão. Em seu discurso de renúncia, bateu duro em Fernando Henrique.

Agosto de 2001
O PFL utiliza o horário eleitoral para expor a governadora Roseana Sarney e avaliar o desempenho dela como possível candidata à Presidência. Na primeira pesquisa da Confederação Nacional dos Trasportes (CNT) após os programas, ela obtém 14,1% na intenção estimulada de voto. Fica atrás apenas de Ciro Gomes (14,4%) e do candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva (30,1%).

2002
O PSDB lança a candidatura de José Serra para presidente, que disputa o mesmo espaço de candidato da situação com Roseana Sarney. Mas a governadora do Maranhão continua crescendo nas pesquisas de intenção de voto. Sexta-feira passada, 1º de fevereiro, a Polícia Federal cumpre mandado judicial de busca e apreensão na empresa da governadora e do marido, Jorge Murad, em São Luís. Objetivo é recolher documentos destinados à formação de provas de desvios de dinheiro público da Sudam. Roseana exige que o PFL deixe o governo ou dessistirá da candidatura. O partido opta pela candidata e obriga o presidente Fernando Henrique a antecipar a reforma ministerial que estava prevista para abril.


Artigos

A transformação
Cléo Nicéas

Transformar uma observação no comportamento de um grupo de amigos, num texto onde as palavras podem não traduzir a exatidão dos sentimentos desse grupo de humanos, é o meu desafio desta semana. Reunidos na sede social do Barrozo, tradicional clube de remo, transformado em restaurante, aos poucos o volume das vozes crescia na proporção do nível da maré do agredido rio Capibaribe. As emoções aconteciam através das histórias contadas, como num filme real onde a melodia imortal era a sinfonia da alegria registrada nas faces de homens e mulheres que estão de bem com a vida.

Um ex-militante da UNE no auge da repressão política no País, transformou-se num professor de comunicação social, após viver uma experiência como executivo de uma grande empresa multinacional, hoje se dedica a realizar palestras para líderes estudantis em formação. Feliz está, mesmo percebendo baixo salário como funcionário público federal. Não prega mais a luta armada, mas a leitura e o conhecimento como instrumento de transformação de uma sociedade. Outro participante, deixou o clero, num milagre, descobriu uma mulher que num raio de luz tocou-lhe o coração, encontrando na sua alma virgem a emoção de um grande amor. Construiu uma família, plantou uma arvore e atualmente escreve um livro contestando a posição da Igreja quanto ao celibato. O amor é lindo com sexo responsável. É feliz.

Uma mulher ,socialista cristã, que costumava usar sandálias de couro, abominava roupas de grife e vestia sempre calças de jeans azul e desbotada, professora de português, começa a falar, molhando os lábios com pequenos goles de vinho tinto de uvas nobres de safra da década de l950. Usava vestido fino, quase transparente, sempre com movimentos discretos, deixava os ombros redondos e carnudos à mostra. De maior poder aquisitivo do grupo e melhor formação cultural, relatava suas viagens à Índia, Grécia, França, Chile e com detalhes a última ao Caribe. Todos do grupo comentavam a transformação acontecida com aquela mulher, executivaque largou uma brilhante carreira para montar seu próprio negócio. Apesar do seu sucesso capitalista, mantinha afetos antigos que com ela saboreavam o quanto é bom viver leve e entre amigos. Um pouco atrasada, uma mulher bem produzida olha pelo vidro da porta principal e, como numa cena de novela, faz questão de ser notada por todos.

Está encantadora, mas logo em seguida um homem chega e ao seu lado senta. É seu marido, todo orgulhoso em exibir o belo troféu. Ex-jornalista, com registro no DOPS como especialista em guerrilha armada, atualmente vive cultivando rosas vermelhas na sua mansão, cuidando dos filhos e sempre cantando a música do bom viver. Inicia, para surpresa de todos, o canto da reconstrução, melodia psicografada de uma fada de luz. Pude observar em todos lágrimas de felicidade. A tarde termina, chega a noite e todos marcam um novo encontro. Nesse ponto uma jovem se aproxima e espantada pergunta: como pode existir um grupo tão feliz? O mais velho, com sua voz rouca, responde: transfira conhecimento; transforme inveja em admiração; nunca trabalhe, produza; busque sempre diminuir as desigualdades sociais e nunca deixe de ser um revolucionário do bem querer.


Colunistas

DIÁRIO POLÍTICO – Divane Carvalho

Um jogo bruto
O rompimento do PFL com o governo FHC, um caso típico de que o im possível acontece, não deixou só o presidente surpreso e a oposição desconfiada. Colocou Jarbas Vasconcelos numa situação complicadíssima para a montagem do palanque da eleição de outubro. Pois além de Mendonça Filho (PFL), seu vice, não poder mais compor a chapa majoritária no mesmo cargo, Marco Maciel não terá como disputar uma das vagas do Senado ao lado do governador, mesmo numa coligação branca, recurso de alto risco em qualquer pleito. Articulador político do governador, Sérgio Guerra (PSDB) não faz outra coisa a não ser analisar caminhos que permitam a manutenção da aliança em Pernambuco, mas não conseguiu uma solução para a crise que abalou a base de sustentação de Jarbas Vasconcelos. É verdade que, daqui para frente, a tendência desse quadro é sofrer acomodações porque o pior já aconteceu e até se admite que o presidente FHC entrará em campo para acalmar os ânimos, deixando um pefelista aqui outro ali, ao longo da Esplanada do Ministério, para não piorar ainda mais a situação. Reconciliação que muita gente duvida porque os pefelistas estão revoltados com o Governo FHC por razões óbvias. Eles acham que o episódio da apreensão de documentos pela Polícia Federal na empresa de Roseana Sarney foi feito para detonar a candidatura da pefelista a presidente da República. E isso fica claro na nota que o PFL divulgou, ontem, quando diz que a governadora " é vítima de insólita violência com claras conseqüências políticas, com o intuito de fragilizar e até afastá-la da disputa". Mesmo assim, essa história não terminou e o mais sensato é aguardar os próximos acontecimentos. Porque esse é um jogo bruto, só para profissionais.

O comandante da PM de Pernambuco, coronel Iran Pereira, bem que poderia passar uns tempos em São Paulo. Para fazer um estágio na PM paulista, que perdeu o medo dos bandidos e, finalmente, começou a ganhar algumas batalhas para o crime organizado

Título A Câmara dos Vereadores de Garanhuns faz sessão solene, hoje, para homenagear os desembargadores Nildo Nery e Jones Figueiredo, e o procurador de Jaboatão, Evanderly Costa, com o título de Cidadão de Garanhuns.

Urnas Maurício Rands acha que o eleitor americano vota demais. O secretário de Assuntos Jurídicos da PCR, que está nos EUA, diz que além de votar para governantes e parlamentares, também elege xerife, defensor público, promotor de distrito, procurador, comissário do trabalho, conselheiros e juízes.

Cálculo O Partido dos Aposentados da Nação (PAN) anuncia que vai registrar nas eleições de outubro o maior número de candidatos a deputado estadual. O cálculo otimista é do presidente estadual da legenda, vereador José Alves.

Comemoração 1 A Assembléia comemora o Dia Internacional da Mulher, com o lançamento do livro Presença Feminina, de Luzilá Ferreira, e debate com a ex-deputada Sandra Cavalcante e a jornalista Tereza Cruvinel.

Comemoração 2 Jarbas Vasconcelos faz um coquetel para um grupo de mulheres, hoje, nos jardins Palácio do Campo das Princesas, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.

Piadas 1 Os pefelistas demoraram a chegar na Assembléia, ontem, com exceção de Romário Dias. Aí as piadas correram soltas no plenário. Israel Guerra (PSDB), por exemplo dizia que eles não chegavam "porque estão fechando portas".

Piadas 2 Já Bruno Araújo, outro tucano, anunciou, brincando, que ia defender uma emenda de Clementino Coelho (PPS-PE), que prevê a ampliação do prazo de filiação, "pois alguns pefelistas podem querer se filiar ao PSDB".


Editorial

A MULHER E O IMIP

No dia dedicado à mulher, quem quiser conhecer uma das mais expressivas experiências de gestão de saúde para a mãe e a criança em hospital beneficente precisa visitar o Instituto Materno Infantil de Pernambuco - Imip. Criado há quarenta anos pela visão do professor Fernando Figueira, que a ele dedicou por inteiro seu propósito profissional, o Imip apresenta hoje três dimensões importantes que certificam a consolidação da entidade.

Em primeiro lugar, escapou da mortalidade institucional que extingue iniciativas beneficentes, umas vezes por falta de capacidade de organização, outras vezes por ausente obstinação. Não tem faltado ao Imip nem um, nem outro desses fatores. Ao contrário, tem sobrado aos seus idealizadores e continuadores forte carga de vontade de construir. Por isso, é uma construção sustentável que se pereniza no tempo.

Em segundo lugar, é notável o acervo de serviços sociais que a instituição vem prestando durante esses anos. Somente os que têm oportunidade de observar a quantidade de pessoasque percorrem diariamente as dependências do Instituto em busca de apoio para a saúde podem avaliar com precisão o valor das tarefas que ali são realizadas.

No ano de 2000, por exemplo, foram concretizados, entre outros atendimentos, 24.853 internamentos, 91.398 vacinações, 571.877 exames de suporte a diagnóstico. No total daquele ano, foram 1.286.667 procedimentos voltados à população mais carente, não só do Recife e de Pernambuco, mas de vários estados próximos, que são atraídos pela oferta das atividades. É um número impressionante, que se converte em ajuda às famílias que não teriam, de outra forma, como ser atendidas.

Em terceiro lugar, e não menos importante, é a prioridade institucional e científica que o Imip dedica à mulher e à criança. No caso da mulher, não se trata só dos cuidados pré-natais, como de programas de relevância humana de que são exemplares o de mãe-canguru, que agrega o calor das mães aos recém-nascidos, e o do banco de leite humano. São iniciativas médicas de reconhecido alcancesocial, que contribuem para fortalecer uma tecnologia de gestão da saúde materno-infantil.

No dia de hoje, em que se comemora a figura feminina, uma associação apropriada a ser feita é, merecidamente, com esse espetáculo diário de assistência e solidariedade que oferece o Imip. Ao valorizar a mulher-mãe, a instituição destaca a maternidade. E ao destacar a maternidade, realça a criança. A mulher que está sendo atendida neste momento no Imip recebe em seu dia homenagem que a distingue como mãe. E, por conseqüência, a pereniza na descendência do filho igualmente amparado nas mãos zelosas no instituto.


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03/08/2002


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