BENEDITA QUER RESGATE DA CULTURA POPULAR
Ao homenagear hoje (dia 5) o Dia da Cultura e do Cinema Brasileiro, a senadora Benedita da Silva (PT-RJ), autora do requerimento, destacou a necessidade de se resgatar a manifestação popular. Lamentou que o conceito de cultura se restringia ao que acontecia nos palcos e ambientes refinados, enquanto o que se passava nas ruas e nos galpões era considerado folclore.
No discurso, lido pelo senador Eduardo Suplicy (PT-RJ), em virtude de viagem da senadora ao exterior, Benedita afirma que, embora esses conceitos permaneçam, "para a maioria dos brasileiros, a cultura do país reside muito mais no samba do que na valsa; e o grande espetáculo do Brasil é o carnaval de rua e não a ópera".
A senadora ressaltou ainda a importância da raça negra na formação da identidade nacional e na construção de uma cultura popular vigorosa no país, apesar de "inicialmente escravizada e, mais tarde marginalizada". No Brasil, lembrou, ao contrário dos Estados Unidos, eram aceitas as reuniões de negros para cantarem e dançarem porque esse era um jeito de pacificar os cativos, tentando evitar que se dirigissem para a revolta aberta.
Segundo Benedita, apesar da repressão e da perseguição cultural, a resistência foi a marca da manutenção das diversas formas de cultura dos grupos de negros escravizados no Brasil.
A Gilberto Gil - que em sua carreira brilhante tem "demonstrado o quanto pode um artista negro, desde que tenha acesso à formação e aos recursos tecnológicos"- Benedita mandou "aquele abraço", que estendeu aos baianos "de qualquer cor" por haverem projetado a musicalidade do povo brasileiro além das fronteiras nacionais: Dorival Caymmi, Carlinhos Brown, Dodô, Olodum.
Seu reconhecimento "carinhoso" a senadora dedicou a Pixinguinha eaos "cariocas", considerando impossível listar todos aqueles que "fazem arte engajada nas raízes brasileiras" como Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Clementina e Cartola. Na literatura, recordou Lima Barreto, Cruz e Souza, Gonçalves Dias e Machado de Assis, que "invadiram um universo reservadoa brancos e provaram que com formação escolar podiam ser tão bons quanto quaisquer outros."
Falando de cinema e teatro, homenageou Grande Otelo, Ruth de Souza, Zezé Mota, Milton Gonçalves, Léa Garcia, Luíza Maranhão e Antônio Pitanga, além do senador Abdias Nascimento (PDT-RJ), que, "desde o tempo do Teatro Experimental do Negro, tem mostrado que a contribuição dos negros ao país vai muito além da força de trabalho."
05/11/1997
Agência Senado
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