Patrocínio quer resgate histórico de Jango



O senador Carlos Patrocínio (PTB-TO) afirmou, nesta sexta-feira (15), que é chegado o momento de se resgatar historicamente a figura do ex-presidente João Goulart, derrubado pelo golpe de estado de 1º de abril de 1964. Jango, segundo Patrocínio, foi um conciliador por natureza e o precursor das grandes reformas estruturais do país, ainda por serem feitas, até hoje. Acenou para profundas mudanças na estrutura social, política e econômica e, exatamente por isso - frisou o senador - "foi apeado do poder". Jango, acrescentou Patrocínio, "caiu pelas suas qualidades, e não pelos seus defeitos".

Segundo Patrocínio, os golpistas encarregaram-se, durante vários anos que se seguiram à derrubada de Jango, de todo um esforço concentrado para detratar a imagem do ex-presidente e relegá-lo ao esquecimento histórico, no que, afirma, obtiveram êxito. Agora, no entanto, é chegado o momento de passar a limpo todas as coisas, resgatando-se a figura de João Goulart, a fim de que as novas gerações, que nunca ouviram falar dele, tal é o esquecimento a que foi relegado, saibam realmente da sua importância para a história do Brasil - argumentou.

Patrocínio disse que, na última quarta-feira, foi inaugurada na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, a exposição "Jango - João Goulart - Lembranças da História na Central do Brasil", que é exatamente o local do histórico comício de 13 de março, no qual Jango anunciou as grandes reformas estruturais e de base que iria deflagrar no Brasil e que acabou acelerando o movimento golpista - lembrou o senador.

- A análise isenta e criteriosa daquele período de governo (7.09.1961 a 1º.04.1964) - sustentou Patrocínio - vai mostrar que aquele foi um dos períodos mais férteis e criativos da histórica política do país, momento em que o Brasil chegou mais perto de implantar um projeto de reconstrução nacional, voltado para o desenvolvimento com soberania, liberdade e justiça social.

Jango, cuja trajetória política foi iniciada ao lado de Getúlio Vargas, que solicitou a ajuda dele para fundar o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), foi deputado federal e ministro do Trabalho aos 34 anos de idade, tendo de renunciar após exigir, junto ao governo, um reajuste de 100% para o salário mínimo. Getúlio costumava referir-se a Jango como "um infatigável amigo e defensor dos trabalhadores brasileiros".

Patrocínio lembrou ainda que Jango foi vice-presidente de Juscelino Kubitschek e, em seguida, de Jânio Quadros (embora fosse o vice da chapa opositora, do Marechal Henrique Teixeira Lott). Com a renúncia de Jânio, em 1961, somente assumiu a presidência após amplo Movimento pela Legalidade, liderado pelo então governador do Rio Grande do Sul, Leonal Brizola. Teve, contudo, de assumir sob o regime parlamentarista, mais tarde superado por meio de um plebiscito que consagrou, por 80% dos votos, o regime presidencialista. Não conseguiu, contudo, chegar até o fim do seu mandato.

Jango, segundo Patrocínio, será resgatado pela História como o presidente da defesa de reajustes salariais periódicos, compatíveis com os índices inflacionários; da política externa independente; da disciplina do capital estrangeiro; da nacionalização e das reformas agrária, bancária, administrativa, fiscal, eleitoral e urbana.



15/03/2002

Agência Senado


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