Bernardi será candidato do PPB em 2002
Bernardi será candidato do PPB em 2002
O ex-deputado estadual foi confirmado em prévia e acusou PT de adotar modelo fracassado no resto do mundo
Com mais de 75% dos votos válidos em 331 municípios, o presidente licenciado do PPB estadual, Celso Bernardi, venceu ontem a eleição interna que apontou o candidato da sigla para disputar a sucessão de Olívio Dutra nas eleições do próximo ano.
Interrompida às 22h, a apuração deve ser encerrada hoje com a totalização dos votos nos 161 municípios restantes. Projeções indicam ser impossível reverter a vantagem de Bernardi sobre o deputado federal Adolfo Fetter Júnior porque os votos da Zona Sul já foram contabilizados.
Depois de votar em Santo Ângelo e fazer boca-de-urna em Cerro Largo e Ijuí, Bernardi comemorou a vitória no comitê da Avenida Praia de Belas, na Capital, onde sua equipe de campanha o aguardava desde cedo. Confiante desde o início da totalização, o candidato anunciava que procuraria hoje a direção estadual do PFL para propor uma aliança, a exemplo do que ocorreu em 1994. Bernardi diz que o PPB está disposto a negociar uma das duas vagas ao Senado e a vaga de vice com um eventual aliado. Para Bernardi, não há a mais remota possibilidade de o PPB aderir ao frentão organizado por outras siglas de oposição ao governo – PDT, PTB e PPS.
Sob aplausos dos filiados, Bernardi votou no CTG 20 de Setembro, em Santo Ângelo, no início da tarde. O deputado federal José Augusto Nardes e o estadual Valdir Andres acompanharam Bernardi. No discurso, ele atacou o governo petista.
– Vamos governar o Rio Grande do nosso velho jeito de governar, com projetos. Nosso Estado está sendo apequenado por um governo que não honra as tradições gaúchas. Esse pessoal não tem projetos. Querem andar para trás, seguindo modelos que fracassaram no mundo – disse.
Embora a apuração não tenha sido concluída, os números iniciais apontam para uma participação abaixo da expectativa, que era de 30% dos filiados. Em Caxias do Sul, dos 1,7 mil filiados aptos a votar, apenas 229 – pouco mais de 13% – compareceram ao pleito realizado na Câmara de Vereadores. Bernardi obteve 225 votos, e Fetter, apenas quatro.
Em Pelotas, município onde mora a família de Fetter Júnior, menos de um quinto dos 3,4 mil filiados participaram da prévia. Nas sete horas de votação, apenas 600 partidários compareceram ao diretório, no antigo prédio do Jockey Club, no Centro, onde também funciona o gabinete regional do deputado. O parlamentar chegou às 10h20min à sede do partido e, entre um cumprimento e outro, levou 10 minutos para votar.
O lançamento precoce do nome do candidato faz parte de uma estratégia para fortalecer a sigla, que sofreu um grande desgaste quando resolveu apoiar o candidato do PMDB ao governo, Antônio Britto, em 1998. A aliança não foi bem assimilada, principalmente por filiados do Interior, onde as desavenças históricas entre PPB e PMDB permanecem intactas desde a época do regime militar. O PPB também renovou ontem os diretórios em 492 municípios.
Bernardo e Britto se encontram
Durou mais de três horas o encontro entre o ex-governador Antônio Britto, o deputado federal Nélson Proença e o deputado Bernardo de Souza, único representante do PPS na Assembléia Legislativa até o ingresso dos dissidentes do PMDB.
Foi a primeira vez que Britto e Bernardo se encontraram depois que o grupo do ex-governador decidiu deixar o PMDB para se filiar ao PPS.
O deputado levou a Britto cópia do estatuto e do código de ética do partido e lembrou ao ex-governador que o PPS é um partido de esquerda e socialista. Acrescentou que os futuros filiados terão de apresentar, no ato da filiação, um documento abrindo mão dos sigilos bancário, fiscal e patrimonial.
– Não quero saber como cada um gasta o seu dinheiro, mas o partido precisa saber o que entra na conta de cada um – disse Bernardo ao sair do encontro, realizado no apartamento de Britto, no bairro Rio Branco.
No dia 14 de setembro, os dois haviam se encontrado no café da manhã com o senador Roberto Freire, presidente nacional do PPS, que veio a Porto Alegre em busca de reforços.
Brizola descarta apoio a candidatura de Britto
Organizador da aliança com o PPS, o pedetista diz que “diferenças ideológicas” o separam do ex-governador
O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, descarta a possibilidade de apoiar uma eventual candidatura do ex-governador Antônio Britto ao Palácio Piratini em 2002.
Britto e seu grupo devem se desligar esta semana do PMDB e ingressar no PPS, com o qual o PDT costura uma aliança em níveis nacional e estadual para as eleições do próximo ano.
O pedetista, que chegou na tarde de sábado a Ivorá para as comemorações do centenário do senador petebista Alberto Pasqualini, foi categórico quanto à hipótese de subir no mesmo palanque de Britto:
– Não tem como. Mas espero que ele não tome isso como uma ofensa pessoal.
Brizola avalia que uma aproximação entre os dois seria mal recebida pelo eleitorado e conta ter mandado o mesmo recado a Britto por intermédio do deputado estadual Paulo Odone, um dos dissidentes do PMDB, com quem tem relações familiares e conversou semana passada no Rio.
– Temos diferenças ideológicas impossíveis de superar. A população está nos olhando e iria condenar esse quadro. Iriam considerar um conchavo – declarou Brizola, arrancando sorrisos e provocando aplausos dos militantes que o recepcionavam no aeroporto de Santa Maria.
Brizola também ressalvou que uma coligação entre o PPS e o PDT no Estado não está inviabilizada. A debandada dos peemedebistas para o PPS pautou a conversa entre Brizola, o deputado estadual Vieira da Cunha, o ex-vereador Pedro Ruas e o deputado federal e presidente regional do PDT, Airton Dipp, na viagem de avião entre Porto Alegre e Santa Maria. Vieira da Cunha considerou o novo posicionamento de Britto “um complicador que vamos tentar resoler” na aliança entre os dois partidos.
Ao desembarcar em Santa Maria, Brizola recebeu do deputado estadual João Luiz Vargas uma carta do diretório municipal do PDT, apelando para que concorra a governador do Rio Grande do Sul.
Em Ivorá, conheceu a casa onde nasceu Alberto Pasqualini, transformada em museu com os objetos pessoais do senador petebista, que morreu em 1960. Falando de um palco montado a céu aberto, o presidente nacional do PDT relatou sua convivência com o político, considerado ideólogo do trabalhismo no Brasil, que teria completado ontem cem anos.
Brizola se comprometeu em colocar o partido à disposição dos esforços para a construção de um complexo cultural que deverá abrigar 4 mil livros e 18 mil documentos de Pasqualini, hoje encaixotados numa sala escura da prefeitura de Ivorá.
FH convoca reunião de urgência
Presidente quer medidas rápidas para ampliar as exportações e conter as cotações do dólar
Preocupado com a escalada do dólar, o presidente Fernando Henrique Cardoso convocou para hoje reunião urgente da equipe econômica, no Palácio do Planalto.
FH está convencido de que o aumento das exportações é fundamental para enfrentar a crise.
O que levou o presidente a chamar os principais assessores para discutir medidas rápidas para ampliar as exportações foi o fechamento recorde do dólar na sexta-feira, quando atingiu cotação de R$ 2,84.
A convocação foi feita sexta-feira à noite, dia de muito nervosismo e rumores no mercado, o que forçou o Banco Central (BC) a fazer seis leilões de títulos cambiais – sem conseguir interromper a disparada do dólar – e ainda desmentir rumores de centralização cambial. Participam da reunião, às 17h30min, os ministros da área econômica, da Casa Civil, Pedro Parente, e o presidente do BC, Armínio Fraga.
O ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, teve de cancelar compromissos no Rio. Fraga foi obrigado a antecipar a ida a Brasília, onde costuma chegar na terça-feira. O presidente não quer mais perder tempo, porque a crise provocada pelos atentados terroristas nos EUA comprometeu ainda mais o crescimento econômico global, com impacto no comércio mundial. No Brasil, o aumento das exportações passou a ser visto como a saída principal para o país enfrentar a redução de fluxo de capital para os países emergentes e ter condições de fechar suas contas com o Exterior.
Essa vulnerabilidade externa tornou-se um dos maiores temores das empresas brasileiras que têm buscado cada vez mais proteção no dólar, pressionando a moeda e contaminando juros e ações. A equipe econômica, segundo assessores, dirá a FH que o incremento do saldo da balança comercial favorece a redução do déficit em transações correntes que, por sua vez, contribui para melhorar a percepção de risco do país e diminui a pressão sobre a taxa de câmbio. As transações correntes, que representam todas as operações de comércio e serviços com o Exterior, são um dos principais indicadores da saúde do país.
A maior preocupação é saber como o Brasil enfrentará os compromissos externos, principalmente no próximo ano. Este ano, os investimentos diretos serão suficientes para financiar cerca de 75% do déficit em transações correntes. Em 2002, o governo estima queos investimentos diretos ficarão em US$ 18 bilhões, e o déficit chegará a US$ 24,5 bilhões.
Todas essas projeções, como o novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), no qual o governo obteve mais US$ 15 bilhões em empréstimos, foram fechados antes dos ataques terroristas nos EUA, que mudaram o cenário mundial. O novo quadro levou o presidente do banco central daquele país, Alan Greenspan, a prever que a economia levará mais dois trimestres até voltar a crescer. Os investidores agora temem que o dinheiro do FMI não seja suficiente para cobrir as contas brasileiras na hipótese do agravamento da crise mundial.
O saldo positivo da balança comercial no ano é de US$ 779 milhões, mais pela queda nas importações do por aumento consistente das exportações. Além do dólar muito alto, que encarece produtos do Exterior, o desaquecimento da demanda interna retrai as importações. Ao mesmo tempo que favorece as exportações, o dólar alto pressiona outras contas do governo.
Governo negocia parceria com redes mundiais
O governo negocia parceria com grandes redes do varejo internacional para colocar produtos brasileiros em suas lojas ao redor do mundo.
A exportação para gigantes como as francesas Carrefour e Casino, a portuguesa Sonae e a norte-americana Wal-Mart, entre outras, pode superar US$ 1 bilhão já no próximo ano.
A estimativa é do secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Roberto Gianetti da Fonseca. Apenas a Wal-Mart, maior rede do planeta, com faturamento de US$ 192 bilhões em 2000 e 4,7 mil lojas nos Estados Unidos e em nove países, incluindo o Brasil, tem potencial de compra de mercadorias brasileiras de até US$ 5 bilhões anuais em cinco anos. Atualmente, a indústria nacional exporta pouco para grandes redes de varejo. A Wal-Mart, por exemplo, compra US$ 140 bilhões por ano, mas só US$ 30 milhões do Brasil. Da China, a rede compra US$ 18 bilhões anuais.
– Chegamos a esse estágio de penúria por inércia – diz Gianetti.
As conversas estão mais adiantadas com a Wal-Mart, que negocia um acordo com a Camex e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) para realizar no Brasil seu primeiro encontro internacional de compras. Devem participar mais de cem fornecedores brasileiros, de 14 setores. Previsto para outubro em São Paulo, o encontro pode ser transferido. A situação internacional fez a Wal-Mart reavaliar os critérios de segurança de seus executivos.
– O que à primeira vista parece um bicho-de-sete-cabeças na verdade é um processo bastante simples – afirma o presidente da Café Original, Luis Moreira Ferreira, que já fornece a Wal-Mart nos EUA e Canadá.
Com fábrica em Varginha (MG), a Café Original deve faturar este ano cerca de US$ 2,5 milhões, dos quais US$ 1,5 milhão apenas com vendas para a Wal-Mart. Esse tipo de intercâmbio também já existe em outras redes. O Carrefour comprou este ano, pela primeira vez, camarão nacional, fornecido pela Camanor do Rio Grande do Norte. De acordo com Arnaldo Eijsink, diretor de agronegócios do Carrefour no Brasil, a compra inicial foi de 25 toneladas, e a rede já encomendou mais 1,3 mil toneladas. Levantamento da Comissão de Comércio Internacional dos EUA mostra que o Brasil exporta apenas 11 dos 38 grupos de produtos mais importados pelos supermercados norte-americanos.
Governo estuda medidas para conter dólar
Necessidade de recursos externos para 2002 é grande, e novo quadro mundial reduz o ingresso de divisas no país
A alta nas cotações do dólar, que neste ano já subiu 43%, pode levar o governo a adotar mecanismos de controle cambial.
Integrantes da equipe econômica admitem estudar essa possibilidade, sem comprometer a essência do regime de flutuação, adotado em 1999. O presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, porém, considerou ontem uma “bobagem” as informações divulgadas a esse respeito.
– Quem me conhece sabe que eu não acredito nessas coisas como saída para nada – disse Fraga, por meio da sua assessoria.
O presidente do BC afirmou ainda ter consciência do mal que a simples menção do tema de controle cambial pode causar na economia brasileira.
Na sexta-feira, o dólar fechou na cotação recorde no Plano Real de R$ 2,8350, mesmo depois de seis leilões seguidos de oferta de títulos cambiais para tentar segurar a taxa de câmbio. No início da noite de sexta, o BC elevou de zero para 10% a alíquota do depósito compulsório que os bancos terão que fazer sobre as aplicações a prazo.
A medida retirará do mercado cerca de R$ 10 bilhões, o que deverá reduzir a compra de dólar pelos bancos. A elevação do compulsório deve também elevar os custos de bancos e da taxa de juros da ponta, cobrada dos clientes em operações de empréstimo e financiamento.
Um técnico do governo afirma que medidas mais duras serão adotadas se a estratégia de intervenções do BC no mercado e a antecipação do saque de recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI) não surtirem efeito a curto prazo.
Reunião discutirá necessidade de ampliar as reservas do país
Alguns economistas consideram erro insistir na atual estratégia, porque seria inevitável a adoção de controles para proteger a economia.
– A curto prazo, vamos insistir nas intervenções. Caso a situação externa piore, teremos de acompanhar. Não há ainda como prever o que vai acontecer – diz um integrante da equipe econômica.
Nos próximos dias, será convocada uma reunião no governo para discutir a necessidade de reforçar as reservas cambiais do país com o saque da parcela de US$ 4,6 bilhões já liberada pelo FMI, dentro do novo empréstimo de US$ 15,6 bilhões aprovado este mês.
– Neste momento, o pior seria mudar a regra do jogo. As reservas ainda estão num nível bom, correspondendo a quatro meses de importações, e ainda temos os recursos do FMI – afirmou outro integrante da equipe econômica.
Quando adotou a flutuação, há dois anos, o governo trocou os juros pelo dólar como instrumento de ajuste da economia.
Como no novo regime a moeda está livre para oscilar, o desequilíbrio nas contas externas seria equacionado via lei da oferta e da procura. O BC, porém, não pode permitir a livre flutuação porque o dólar caro tem efeitos nocivos sobre a inflação e a dívida pública.
– No câmbio flutuante, o equilíbrio é automático. Mas o país não tem como aceitar dólar sem limite – diz Marco Antônio Cavalcanti, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Cavalcanti é autor de estudo sobre a taxa de câmbio brasileira. Até o ataque nos EUA, estimava que o país conseguiria zerar em 2002 seu passivo externo, que inclui US$ 25 bilhões do déficit em transações correntes e igual quantia em vencimentos de bônus e operações comerciais a dólar médio de R$ 2,35 a R$ 2,40. Reviu a projeção para perto de R$ 2,60, em análise que ele próprio chama de otimista.
A tendência do dólar é de alta porque o país necessita captar muito no próximo ano e não tem como garantir a entrada de divisas.
Artigos
Centenário de Alberto Pasqualini
PAULO BROSSARD
A década de 20 do século passado foi rica de acontecimentos relativos à vida do Rio Grande. Fatos inapagáveis e irreversíveis. Assim, a última reeleição do doutor Borges de Medeiros, a revolução de 23, a paz de Pedras Altas e a conseqüente proibição de reeleições do Executivo, o milagre da Frente Única, a revolução de 30. Na Faculdade de Direito, era natural, se refletiram as palpitações novas da sociedade rio-grandense. Dois de seus estudantes, Darcy Azambuja e Vargas Neto, contribuíram para que as letras regionais se renovassem em cores e ritmos. Em 24, mais uma turma ingressou na faculdade, devendo concluir o curso em 28.
Dela faziam parte Alberto Pasqualini, Ruy Cirne Lima, Eloy José da Rocha, Elpídio Paes, Mem de Sá, Vicente Marques Santiago, Ely Costa, que viriam a ser professores. Nenhuma outra deu tantos lentes à sua escola. Alberto Pasqualini foi laureado, distinguindo-se desse modo nessa turma excepcional; foi seu orador na cerimônia de formatura. Cursara o seminário de São Leopoldo e dele trouxera sólida formação cultural. O latim lhe era familiar, assim como as matemáticas e a filosofia, e, é claro, as línguas que dão acesso aos variados caminhos do saber. Ainda estudante lecionou matemática no Colégio Anchieta. Recém-formado, a consagração profissional foi ao seu encontro. Não tardou a ser chamado a ensinar na Faculdade de Direito, o que fez até o fim de 1935, para não mais voltar ao magistério. Parece que esse desquite se deveu a mesquinharias de autoridade acadêmica com o fito de agradar ao governador, por quem o lente não morria de amores, no que era correspondido.
E desse modo a faculdade perdeu a colaboração de quem tinha tudo para ser notável professor. A verdade é que estava empenhado no ofício universitário, tanto que havia elaborado a tese do concurso “Concepção Biológica do Direito”. E, embora permanecesse inédita, dela não se esquecera, tanto que a levara, para revê-la e quiçá publicá-la, quando assumiu no Senado. O certo é que, embora seu magistério tivesse sido breve, ainda se falava em suas aulas quando ingressei na faculdade. No brilho que lhes dava, na originalidade e profundidade com que os temas eram tratados, à luz do Direito e da filosofia jurídica. Também circulava que, quando estudante, fizera provas escritas em latim, assim como o sempre lembrado Elpídio Paes, seu colega de turma.
Começou declarando que a censura à imprensa terminava
em Santa Catarina
Já era um nome quando, por esse tempo, foi eleito vereador em Porto Alegre, pelo Partido Libertador. Exerceu a vereança com a seriedade que lhe era peculiar. Fechadas as casas legislativas com o advento do Estado Novo, passou a integrar o Conselho Administrativo; seus pareceres, divulgados pela imprensa, marcaram sua presença no comércio das idéias, numa época em que a rotina burocrática ocupara o lugar do debate político. Secretário do Interior e Justiça, começou declarando que a censura à imprensa, oficialmente instalada desde 1937, terminava em Santa Catarina. Era alguma coisa de novo.
Foi então que Raul Pilla, que recolhera a pena desde a implantação da censura, como voltaria a fazer depois de 1968, com o AI-5, retomou a atividade jornalística com os seus lapidares “microscópios”, de larga e fecunda repercussão. Durou pouco na secretaria, mas deixou a marca da sua personalidade em vários campos, inclusive em planos voltados para melhorias sociais. Candidato ao governo do Estado, concorrendo com Walter Jobim e Décio Martins Costa, provocou verdadeira avulsão eleitoral. Outra vez candidato, com a saúde enfraquecida, foi prejudicado pela situação a que estava ligado. Senador, exerceu o mandato com o brilho e a dignidade que lhe eram próprios, até que um acidente cerebral obscurecesse uma das mais argutas inteligências do Rio Grande e do país.
Ao ensejo do centenário de seu nascimento, e são decorridos 40 anos de sua morte, ocorre-me salientar que no profissional exímio que ele foi havia lugar para o pensador, culto como poucos, e para o político, preocupado com o bem público, com a formulação de meios que viessem a melhorar as condições materiais e morais da sociedade, e obviamente das camadas menos afortunadas e mais necessitadas. Entre os muitos homens públicos, de alto merecimento intelectual e moral, que o Rio Grande tem tido o privilégio de possuir, Alberto Pasqualini figura como um dos mais originais e mais sugestivos.
Trânsito e impunidade
BETO ALBUQUERQUE
Prevista no artigo 326 do Código de Trânsito Brasileiro desde o ano de 1969, a Semana Nacional do Trânsito, de 18 a 25 de setembro, mais do que uma comemoração, como refere o texto da lei, deve servir de alerta aos motoristas: a imprudência pode conduzir à morte. Desta forma, se constata que a realização de uma campanha educativa de trânsito não é preocupação recente, mas de décadas atrás. Mesmo assim, os acidentes de trânsito se intensificam a cada dia que passa e esses números podem ser equiparados às mortes em uma guerra, só que esta é a guerra do trânsito.
Mais do que a promoção de movimentos por parte do governo e a adoção de medidas de tráfego e de coerção, o importante é que cada um faça a sua parte. Obras de engenharia, restauração e sinalização de rodovias, trevos, passarelas, faixas de segurança e fiscalização não serão suficientes se a principal obra, que é a da consciência e da mudança de atitude, não for assimilada e estabelecida como padrão de comportamento social.
Todos, quando flagrados em descumprimento a alguma norma,
dizem que não ofereciam perigo
Se por um lado é fundamental a conscientização de todos com relação ao excessivo número de vítimas em acidentes, por outro, é cômoda a transferência de responsabilidade aos órgãos gestores. Mas o trânsito faz parte do nosso cotidiano, motoristas e pedestres.
A infração, que é o princípio causador do acidente, da morte e do desrespeito à lei, fica sempre em último plano. Todos, quando flagrados em descumprimento a alguma norma, inclusive de velocidade, tendem a querer demonstrar que não ofereciam perigo. O problema é quando dois motoristas, em sentido contrário se encontram no mesmo local e no mesmo instante, pensando que são inofensivos.
Estamos vivendo uma fase transitória, com uma nova cultura de educação para o trânsito e o respeito aos limites de velocidade. Neste período, coexistem duas situações contraditórias, as acusações de “fúria arrecadatória” na aplicação de penalidades aos infratores e os protestos da sociedade pelos altos índices de acidentes. A penalidade da multa é a defesa da vida, é o alerta para que não venhamos a ser mais um número nas estatísticas de acidentes de trânsito.
Colunistas
ANA AMÉLIA LEMOS
Resistências ao Bolsa-Escola
O Rio Grande do Sul recebe, hoje, R$ 3 milhões repassados pelo programa Bolsa-Escola, administrado pelo Ministério da Educação. Amanhã, as mães cadastradas podem retirar o dinheiro nas agências da Caixa Econômica Federal. O montante distribuído no Estado beneficia 130 mil famílias e 204 mil crianças. Dos 497 municípios gaúchos, 415 já participam do programa, que distribui mensalmente R$ 30 para a família que tenha dois filhos na escola. Dos 5.561 municípios no país, apenas 840 ainda não enviaram documentação para a Secretaria do Programa Nacional Bolsa-Escola, nem os cadastros das famílias para a Caixa Econômica Federal. O responsável pelo programa, secretário Floriano Pesaro, esclarece que as prefeituras que estão encontrando dificuldades em atender às exigências do Bolsa-Escola podem dispor da assessoria dos técnicos do ministério. Esses técnicos fazem reuniões com os administradores municipais sempre que solicitados, viajando para diversas regiões do país.
Os maiores municípios gaúchos, no entanto, ainda não se cadastraram. Existem resistências conceituais e ideológicas nas administrações petistas de Porto Alegre, Pelotas, Caxias do Sul, Bagé, Cachoeirinha, Gravataí e Viamão a esse programa. Outros municípios menores, como Barão de Cotegipe, Lajeado do Bugre, Floriano Peixoto e Itatiba do Sul, também administrados pelo Partido dos Trabalhadores, não se habilitaram ao recebimento dos recursos do Bolsa-Escola para as famílias carentes. Esses municípios, juntos, deixam de atender 39,6 mil famílias e 66,1 mil crianças carentes. Isso quer dizer que esses municípios, no seu conjunto, deixam de receber recursos superiores a R$ 991,5 mil, mensalmente, e que deveriam ser repassados às famílias pobres para que mantenham os filhos na escola.
A prefeitura de Santa Maria, administrada pelo PT, mesmo considerando que o recurso repassado às famílias é pequeno, adotou o programa porque essa é também uma forma de distribuição da renda, uma das principais bandeiras do partido. O prefeito Valdeci Oliveira, que está administrando o município com base no diálogo com os setores produtivos e já colocou em dia as contas da prefeitura, foi dos primeiros a inscrever as famílias carentes de Santa Maria no Bolsa-Escola.
JOSÉ BARRIONUEVO – PÁGINA
Fortunati acerta ingresso no PDT
Falta apenas a oficialização. José Fortunati acertou ontem em almoço com Leonel Brizola na Churrascaria Schneider seu ingresso no PDT, o que deve ocorrer antes do final da semana. Do almoço participaram também o presidente regional do partido, Airton Dipp, e o líder da bancada estadual, deputado Vieira da Cunha. Campeão de votos no Estado na última eleição, o vereador, que foi fundador do PT, deixou o partido de Olívio Dutra há duas semanas, devendo ser a principal arma de Brizola para chegar ao Palácio Piratini.
Recepção com festa
O ingresso de Fortunati pode ocorrer na quinta-feira, quando Brizola retorna ao Estado. O diretório estadual programa uma grande festa, num contraponto à saída do grupo de ex-pedetistas liderado por Sereno Chaise, que não deixaram os cargos no governo, trocando o PDT pelo PT.
Fortunati deve ser o candidato do PDT a governador, numa possível aliança com PPS e PTB. Brizola não abre mão da cabeça de chapa e oferece restrições à participação do ex-governador Antônio Britto na nominata majoritária, embora festeje seu ingresso no PPS.
Brizola concorre à Câmara
Brizola não vai transferir o título eleitoral para o Rio Grande do Sul, como desejava a cúpula do partido no Estado. O líder maior dos trabalhistas deu a entender, em reunião com os dirigentes gaúchos, que pretende concorrer a deputado federal pelo Rio para reforçar a bancada do partido na Câmara.
Sábado à tarde, antes de embarcar em avião da Tasul para Ivorá, Brizola se reuniu com Dipp, Vieira e Ruas no escritório da empresa de táxi aéreo, quando foi definida a estratégia eleitoral e a política de alianças.
Antes que o galo cante
José Fogaça tinha boas razões para estar irritado mais uma vez ontem com seu colega de bancada no Senado Pedro Simon, que havia anunciado seu apoio público à candidatura do senador gaúcho à presidência do Senado (na escolha de Jader, Fogaça teria sido eleito se tivesse tido o apoio de Simon).
No dia seguinte à eleição, o novo presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), foi recebido com festa em Campo Grande. O aeroporto estava lotado para receber Tebet, que chegou ao cargo com apoio de Jader e da cúpula do PMDB. Lá estava o senador Simon, prestigiando aquele momento em que alguns correligionários lançaram “Ramez para a presidência do Brasil”.
Deu Bernardi
O favoritismo de Celso Bernardi foi confirmado na convenção em que o PPB escolheu os novos diretórios de 495 dos 497 municípios do Estado. A liderança do presidente licenciado do partido foi confirmada pelo resultado expressivo, com um índice em torno de 80%. Sem um candidato com a expressão eleitoral de Antônio Britto, Sérgio Zambiasi, Olívio Dutra e Tarso Genro, o PPB larga na frente, buscando a afirmação de Bernardi nas próximas pesquisas eleitorais.
Fetter desabou
Fetter Júnior cometeu um erro ao colocar em anúncio de página inteira na edição de sábado de Zero Hora o nome de centenas de prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e presidentes de diretórios municipais do PPB que estariam apoiando seu nome como pré-candidato a governador. Em pelo menos uma dezena de municípios com nomes divulgados fez zero votos. Houve protesto de quem não autorizou a publicação. Em Pelotas, onde Fetter previa uma vantagem de 1,5 mil votos, apenas 593 dos 4 mil filiados compareceram.
Pratini – Ao votar na Câmara, Pratini confirmou sua pré-candidatura a presidente.
Bernardo se reúne com Britto e acerta ingresso do grupo no PPS
Em reunião no apartamento de Antônio Britto, o deputado Bernardo de Souza acertou ontem à noite o ingresso dos dissidentes do PMDB no PPS, que deve ocorrer quarta-feira.
Hoje à tarde, o grupo se reúne para acertar detalhes da saída, com manifesto e entrevista coletiva.
Padilha evita polêmica
Não sai mais o debate entre o ministro Eliseu Padilha e o senador José Fogaça, previsto para o programa Polêmica de hoje, às 9h30min, na Rádio Gaúcha. Aconselhado pelo presidente do PMDB, Cézar Schirmer, Padilha avisou o jornalista Lauro Quadros de que estava desistindo do debate. Sem Padilha, Fogaça também preferiu não participar. A debandada no PMDB segue sendo a pauta do programa. Participam Mário Bernd e Clênia Maranhão – pelos que saem – e Luis Roberto Ponte e Mendes Ribeiro, pelos que ficam.
Mirante
• Olívio Dutra completa quinta-feira mil dias no Palácio Piratini. Sem maiores comemorações.
• A propósito, dia 12 a Ford inaugura a mais moderna montadora do país na Bahia. Duas vezes a GM. Por obra e graça do preconceito ideológico dos fundamentalistas do PT.
• Bernardo de Souza levou ontem ao ex-governador Antônio Britto um exemplar do programa e do estatuto do PPS, partido ao qual o grupo de dissidentes pretende se filiar.
• Grupo de Sartori, Postal e Foscarini, que continuarão no PMDB, já é conhecida como a bancada do radicci. Só tem gringo.
• João Osório decide hoje em definitivo se permanece ou sai do PMDB. PPS, PDT e PTB querem o deputado.
• Deu para entender ontem a causa da derrota de Leila Fetter em Pelotas.
• As restrições maiores de Brizola estão voltadas para Pedro Simon.
ROSANE DE OLIVEIRA
Brizola em seu papel preferido
Os defensores da candidatura do ex-governador Antônio Britto ao Palácio Piratini não levaram muito a sério as restrições do ex-governador Leonel Brizola, transmitidas por mais de um interlocutor. A estratégia é não falar de nomes agora, para não atrapalhar as negociações para a formação de uma frente anti-PT, e esperar pelas pesquisas. Deputados que estão trocando o PMDB pelo PPS acreditam que se lá por março Britto estiver liderando as pesquisas, cairão por terra todas as barreiras a sua candidatura, a começar pelas que ele mesmo levantou ao reiterar, nos últimos meses, que não concorreria.
A versão que o deputado Paulo Odone divulgou do encontro com Brizola no Rio, na semana passada, foi considerada “açucarada demais” por líderes do PDT que conversaram com o ex-governador. Brizola teria feito restrições severas ao nome de Britto e ao programa de privatizações aplicado em seu governo. Neste fim de semana, Brizola aproveitou para reafirmar sua posição num evento de trabalhistas em Ivorá, a terra de Alberto Pasqualini, e recebeu aplausos calorosos .
Às vésperas do prazo final para troca de partido ou de domicílio eleitoral para quem deseja concorrer, Brizola contabiliza êxitos. O PDT, que saiu da eleição de 1998 mutilado, está conseguindo conquistas impensáveis há dois anos. No Rio Grande do Sul, onde perdeu Sereno Chaise, Dilma Roussef e Milton Zuanazzi em 2000, ganhou o vereador José Fortunati, o mais votado de 2000 em Porto Alegre, e ainda pode tirar o ex-vice-governador Vicente Bogo do PSDB. No Paraná, venceu a disputa pelo passe dos irmãos Álvaro e Osmar Dias, senadores eleitos pelo PSDB.
Mais do que a conquista de novos filiados, o PDT comemora o protagonismo de Brizola na discussão de uma aliança de oposição ao governo federal e ao governo do Rio Grande do Sul. Ciro Gomes corteja o presidente do PDT de olho não só no tempo de televisão, como nos votos que pode conseguir entre seus seguidores.
Editorial
A teia silenciosa
Tanto na contabilidade de empresas de maneira geral quanto no setor público, os prejuízos generalizados nos mercados acionários e o impacto no Brasil sob formas como a acelerada desvalorização do real provocam efeitos perniciosos com os quais será impossível conviver por muito tempo. Embora os setores público e privado sejam afetados indistintamente, os efeitos são mais sérios nas contas governamentais, com impacto considerável sobre a dívida mobiliária. Independentemente dos rumos da ação internacional contra o terrorismo, portanto, é imprescindível que o país venha a encontrar logo formas de romper com esse círculo perverso em que as ações para preservar a estabilidade acabam prejudicando a contabilidade oficial.
Computados os prejuízos registrados pelos atos terroristas, o endividamento do setor público ampliou-se em nada menos que R$ 69,7 bilhões só neste ano. Em conseqüência, a dívida mobiliária total atinge hoje R$ 606,18 bilhões, o correspondente a 52,78% do Produto Interno Bruto (PIB) – e a estimativa é de que se mantenha próxima de 54% até 2002. Um montante desta ordem e com um percentual tão elevado na comparação com o PIB é preocupante, pois se transforma numa espécie de teia silenciosa indicativa de que o Brasil tende a enfrentar dificuldades cada vez maiores para se livrar.
Alternativas como juros e câmbio nos níveis atuais minam o setor
público e freiam o crescimento
Especialmente desde a crise cambial de 1999, o país comprometeu-se com metas rígidas de ajustamento do setor público que, embora necessárias, vêm impondo um custo pesado demais para a sociedade. A opção pela seriedade fiscal explica o fato de o Brasil conseguir manter sua economia em movimento apesar das incertezas globais. Cada vez que o seu grau de vulnerabilidade fica mais exposto ou se amplia, porém, o governo se vê forçado a recorrer a alternativas que implicam custos insuportáveis, quer para o setor público, quer para o privado. Ao mesmo tempo em que mantêm a estabilidade, alternativas como juros e câmbio nos níveis atuais minam o setor público e freiam o crescimento.
É lamentável que, depois de ter resistido a sucessivas crises provocadas por razões internas e externas, o setor privado brasileiro continue com suas potencialidades limitadas pelas dificuldades de caixa do poder público. A agravante é que, ao invés de apostar no crescimento da produção interna como saída, o país vem dependendo a cada ano de um volume maior de recursos externos, num momento de acirramento da escassez em conseqüência das tensões internacionais. O mais recente levantamento da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad) estima um decréscimo de 40,2% nas aplicações de risco neste ano, o que amplia as dificuldades para o país fechar o seu caixa. Como a disputa por recursos será mais acirrada, a vantagem será de quem conseguir transmitir mais confiança aos investidores. É importante que essa preocupação contribua para favorecer também o setor produtivo, com medidas que tornem o custo dos investimentos mais compatíveis com a estabilidade.
Dinâmica perversa
Num país às voltas com o permanente desafio de assegurar oportunidades de trabalho em níveis equivalentes ao do crescimento de sua população, é cada vez mais preocupante a desproporção entre o contingente que se encontra maduro para obter um emprego e a oferta de vagas. Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela uma queda acentuada na proporção de pessoas que trabalham em relação ao total da população economicamente ativa. De 61,07% em 1991, o percentual caiu para 58,02% no final da década passada e anda em 56,55% atualmente. A redução atinge particularmente os jovens, chamando a atenção para a necessidade de se ampliarem as oportunidades também para quem ainda não teve condições de adquirir experiência.
Somente no período constituído entre 1992 e 1998, o número de profissionais atendidos pelo mercado formal de trabalho nas capitais pesquisadas caiu de 9,7 milhões para 7,7 milhões. De um lado, o fenômeno é encarado por especialistas como um fator positivo, pois refletiria maior preocupação dos futuros trabalhadores em apostar mais tempo na educação e no aprimoramento profissional. Efetivamente, entre 1991 e 1999, a cobertura do ensino médio no país ampliou-se de 62% para 84% da faixa de brasileiros com idade entre 15 a 17 anos. Mesmo assim, em boa parte essa tendência é atribuída ao que especialistas encaram como conseqüência de uma dinâmica perversa: incapaz de crescer nos níveis esperados, o país vai simplesmente fechando as portas para os novos profissionais, o que é inadmissível.
Incapaz de crescer nos níveis esperados, o país vai fechando as portas para os novos profissionais, o que é inadmissível
De forma direta ou indireta, o poder público é responsável pelo atendimento de aspirações legítimas da sociedade como a de oportunidade de trabalho para todos, na condição de empregados ou de empreendedores. Os objetivos nessa área podem ser atingidos tanto sob a forma de programas como os voltados para o primeiro emprego, por exemplo, quanto com o incentivo à expansão ou à atração de novas empresas, particularmente das que exigem mão-de-obra extensiva.
O equilíbrio entre demanda e oferta de emprego, de qualquer forma, só poderá ser atingido de forma duradoura a partir do momento em que o Brasil retomar condições imprescindíveis para o crescimento. É ilusório supor que essas metas possam ser atingidas com facilidade e na velocidade que o mercado brasileiro exige, particularmente em momentos de dificuldades econômicas exacerbadas como o atual. O país, porém, precisa se preparar para alcançá-las com tenacidade, antes que um problema social desta natureza assuma proporções que o tornem insuperável.
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