Biscaia acha que atraso na abertura dos processos contra senadores é prejudicial a todos



O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), afirmou nesta quarta-feira (23), em entrevista à imprensa, que qualquer medida protelatória utilizada com o objetivo de adiar o julgamento dos parlamentares acusados de envolvimento com a chamada máfia das ambulâncias é prejudicial tanto para a sociedade quanto para a imagem do Congresso Nacional, além dos próprios senadores e deputados citados no relatório da CPI Mista.

Biscaia fez referência à decisão do presidente do Senado, Renan Calheiros, de encaminhar ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar o relatório da CPI em forma de denúncia para investigação preliminar, em vez de já optar por pedir a abertura de processo disciplinar contra os senadores Ney Suassuna (PMDB-PB), Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT).

- No Senado, onde são apenas três acusados, seria preferível que o julgamento fosse antes das eleições. Na Câmara o problema é mais complexo, porque são 67 deputados - afirmou Biscaia.

Os três senadores tiveram seus nomes incluídos no relatório da CPI Mista (juntamente com outros 69 deputados) por haver indícios ou provas de terem participado damáfia das ambulâncias e de serem autores de emendas ao orçamento da União utilizadas irregularmente para a compra de ambulâncias, a preços superfaturados, por municípios.

Para Biscaia, as investigações da CPI Mista, do Ministério Público, da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal foram suficientes para que o relatório produzido pela comissão sugerisse o "início de processo disciplinar". A Mesa, porém - na avaliação do deputado -, deu uma "interpretação regimental diferente" para o relatório.

- A questão é de interpretação regimental. Nós encaminhamos o relatório com a proposta de início de processo de cassação [de mandato]. Se não houve a mesma interpretação da Mesa do Senado, que considera necessário fazer ainda uma pré-investigação, interpretação com a qual eu não concordo, isso pode ser resolvido caso algum partidopolítico decida ainda hoje oferecer a representação [contra os senadores] - explicou Biscaia.

Da mesma forma pensa o corregedor do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP), para quem a investigação e a vasta documentação produzida pela CPI Mista e a Justiça são suficientes para dar início a um processo disciplinar por quebra de decoro parlamentar. O senador lembrou ainda que a Corregedoria também está fazendo uma investigação paralela com base em depoimentos de assessores e parentes de senadores.

- Acho que está faltando apenas a parte mais séria, que é a defesa dos senadores no Conselho de Ética - afirmou Tuma, ao lembrar que os parlamentares já apresentaram duas defesas escritas: uma na CPI Mista e outra no próprio Conselho de Ética do Senado.

No entanto, Tuma não acredita em manobra da presidência do Senado para atrasar o julgamento dos três senadores. No seu entendimento, a decisão de Renan Calheiros foi "para cumprir o que prevê o regimento da Casa".



23/08/2006

Agência Senado


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