Biscaia: CPI está "politizada" e corre o risco de terminar sem relatório final



O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), disse nesta segunda-feira (23) temer que a disputa política provocada pelo segundo turno da eleição presidencial inviabilize o trabalho da comissão, cujo encerramento está previsto para o dia 18 de dezembro. Representantes do governo e da oposição estão em conflito por causa do conteúdo das investigações sobre a tentativa de compra, por um grupo de petistas, de um dossiê que incriminaria políticos do PSDB, principalmente o governador eleito de São Paulo, José Serra, e o candidato a presidente Geraldo Alckmin.

- No primeiro semestre, quando se restringia ao âmbito parlamentar, a CPI conseguiu produzir um relatório parcial em 50 dias, mas agora pode até acabar sem relatório final - afirmou Biscaia.

O deputado espera receber na manhã desta terça-feira (24) toda a documentação relativa às investigações sobre o dossiê, que serão encaminhadas pelo juiz da 2ª Vara de Cuiabá, Jéferson Schneider. Integrantes da oposição, como o vice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), chegaram a dizer nos últimos dias que Schneider e a Polícia Federal, responsável pelo inquérito, estavam sonegando informações da CPI.

- Isto não existe - rebateu Biscaia. É claro que o juiz preferiu enviar o relatório das investigações diretamente para mim para evitar a exploração política que lamentavelmente está sendo feita por alguns colegas da CPI.

Ao mesmo tempo, o presidente da comissão acusou os membros da oposição de atuarem como "assessores parlamentares de Alckmin", deixando de lado as provas contra o ex-ministro da Saúde Barjas Negri e seu assessor Abel Pereira constantes dos documentosapreendidos com o chefe da "máfia das ambulâncias", o empresário Luiz Antônio Vedoin, sócio-proprietário da Planam.

- Há coisas sem importância no que foi batizado de dossiê, mas lembro que a maior parte das compras fraudulentas de ambulâncias com recursos do orçamentoocorreu no governo anterior e que há provas contundentes contra Barjas Negri e Abel Pereira - disse Biscaia.

Ele mencionou a adoção de procedimentos irregulares, como a expedição de ofícios de diligências, por membros da CPI.

O presidente da CPI disse que a reunião administrativa da próxima terça-feira (31) será um teste para a comissão. Segundo o deputado, com o término do período eleitoral, os ânimos poderão serenar, de modo a que a CPI encaminhe a apuração das responsabilidades de ex e atuais membrosdo Poder Executivo, como ministros e prefeitos.

23/10/2006

Agência Senado


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Leitura do relatório final está confirmada para esta quinta-feira

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