Biscaia inicia investigação do suposto dossiê "antitucanos"
O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), disse nesta terça-feira (19) que requisitou - por meio de ofícios à Polícia Federal, ao Ministério Público e à Justiça Federal - informações e documentos relativos à negociação de um dossiê entre o empresário Luiz Antonio Vedoin, sócio-proprietário da Planam, e pessoas ligadas ao PT. Este é o primeiro passo da CPI no sentido de incorporar ao campo de investigações as atuações de ex-ministros da Saúde e o crime eleitoral que teria sido planejado com a utilização de informações e provas relativas à máfia das ambulâncias.
- Vamos examinar o conteúdo do dossiê e a negociação escabrosa que estava sendo realizada e poderemos convocar qualquer um que entendamos seja relevante para esclarecer o caso - afirmou Biscaia, depois de se reunir como deputado Raul Jungmann (PPS-PE), vice-presidente da comissão, e dois sub-relatores, os deputados Fernando Gabeira (PV-RJ) e Carlos Sampaio (PSDB-SP),além do senador Sibá Machado (PT-AC).
Nesta mesma terça, Jungmann apresentou requerimento propondo a convocação para depoimentos de todos os envolvidos até agora no episódio: Valdebran Padilha da Silva, filiado ao PT do Mato Grosso; o advogado e ex-policial federal Gedimar Pereira Passos; o empresário Luiz Antonio Vedoin; e o tio deste Paulo Roberto Dalcol Trevisan - todos presos. Do requerimento constam ainda os nomes de Freud Godoy, ex-assessor especial da Secretaria Particular da Presidência e do empresário Abel Pereira, de Piracicaba.
Tanto Biscaia quanto Jungmann e Gabeira mostraram-se otimistas em relação à aprovação deste e de outros requerimentos de convocação na próxima reunião administrativa da CPI, no dia 4 de outubro. A explicação deles é de que a falta de quórum e as resistências políticas decorrentes do embate eleitoral terão sido superadas àquela altura. A convocação de ex-ministros da Saúde, entre os quais dois do PSDB (José Serra e Barjas Negri), não é consenso.
- Primeiramente é preciso examinar essa documentação e depois decidir sobre a convocação de ex-ministro - opinou Carlos Sampaio.
Biscaia defendeu a prisão de Vedoin, por entender que está prejudicando as investigações e obtendo vantagens com informações e provas não entregues à Justiça e à CPI. Jungmann foi além: disse que o empresário deve perder o benefício da delação premiada. Para Gabeira, a parte mais importante das informações da Planam já foi passada aos investigadores. Vedoin estaria fazendo chantagem usando "alguns fragmentos", na visão do parlamentar.
O deputado do PV manteve seu ponto de vista de que não há provas de que o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) recebeu dinheiro do esquema dos sanguessugas. Gabeira, no entanto, responsabilizou politicamente o senador por ter assinado em 9 de março de 2001 um ofício autorizando o deputado Lino Rossi (PP-MT) a administrar emendas de bancadas em benefício do estado.
- Acredito que a assinatura desse ofício propiciou o crescimento da Planam e a utilização de recursos de emendas orçamentárias para a compra fraudulenta de ambulâncias - observou Gabeira.19/09/2006
Agência Senado
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