Biscaia: trabalho da CPI foi vitorioso, apesar de não estar completo
O trabalho realizado pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas foi vitorioso, apesar de não ter sido completo e final. A afirmação foi feita nesta quinta-feira (14) pelo presidente do colegiado, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), logo após a reunião que aprovou o relatório final da comissão. Ele disse que, se a comissão tivesse mais tempo, poderia investigar a relação do esquema de compra superfaturada de ambulâncias com recursos do Orçamento da União, a chamada máfia das ambulâncias, também com as prefeituras.
Biscaia lembrou que as investigações da CPI dos sanguessugas foram prejudicadas pelo recesso parlamentar do mês de julho, pelo período eleitoral, além do término da legislatura, em janeiro.
- Se estivéssemos em 2005, eu defenderia que a CPI se estendesse por mais um ano. Poderia chegar à ponta de diversos tentáculos no Poder Executivo nos municípios. Não há condição de ultrapassar a Legislatura e, dentro dessas condições, o trabalho foi vitorioso - afirmou.
Já o vice-presidente da comissão, deputado Raul Jungmann (PSB-PE), disse ter ficado insatisfeito com o resultado dos trabalhos da comissão. Ele reclamou da falta de informações a respeito do possível envolvimento de ministros com a máfia das ambulâncias, uma vez que o esquema funcionava dentro dos ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia.
- Não é possível se ter o esquema funcionando dentro dos ministérios e não ter envolvimento no mais alto escalão ministerial - ressaltou.
Jungmann também criticou a atuação do delegado da Polícia Federal Diógenes Curado, responsável pelas investigações sobre a tentativa de compra do dossiê contra políticos do PSDB. Segundo o vice-presidente, o delegado obstruiu os trabalhos da CPI e foi ineficiente, especialmente em relação à iniciativa da negociação do dossiê e sobre a origem do dinheiro que o compraria. Para Jungmann, a atitude de Curado impediu a CPI de "dar o salto, desmascarar a todos e tornar público a história".
Na sua opinião, a CPI deveria ser prorrogada por mais um mês para ter acesso ao relatório da Polícia Federal sobre o episódio do dossiê. No entanto, disse Jungmann, houve avanço e a comissão investigou o que pôde.
- Não houve acordão, não houve pizza, chegou-se aonde se pode. Ela [a CPI] representa um avanço e foi inovadora - observou.
14/12/2006
Agência Senado
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