Bohn Gass diz que os vilões do setor leiteiro começam a aparecer
Logo após a sessão desta segunda-feira da CPI, Bohn Gass ficou convencido de que suas suspeitas iniciais estão se confirmando. No depoimento de hoje, o representante da Leben (empresa que comercializa a Conaprole), Adriano Graeff, contradisse o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados, João Carlos Oliveira, ao confirmar a prática de rapel - taxas e comissões que os supermercados cobram dos fornecedores para vender seus produtos. "Ele também não contestou as denúncias de dumping, venda abaixo do custo industrial, ou do preço praticado no país de origem", disse Bohn Gass, considerando que estas são informações muito valiosas para que a CPI possa, efetivamente, influir na crise do setor leiteiro que, para ele, é a pior dos últimos anos.
Destacando que além de a Conaprole ser a empresa privada mais importante do Uruguai, Bohn Gass disse, também, que foi o estabelecimento do setor de laticínios nos países em desenvolvimento que mais exportou em todo o mundo nas décadas de 1980 e 1990. "A Conaprole recebe aproximadamente 70% da produção nacional de leite processado em plantas industriais", acrescentou.
Bohn Gass lembrou que, em depoimento à CPI do Leite, no dia 5 de novembro do ano passado, o representante do Sindicato das Indústrias de Laticínios, Frederico Dürr, havia denunciado o fato de a Conaprole estar comercializando leite longa vida no Rio Grande do Sul a R$ 0,69, o que seria menor que o custo industrial. No mesmo dia, Mário dos Santos, da Associação Gaúcha do Gado Holandês relatou o fato de a Conaprole vender leite a US$ 1,00 em Montevidéu e entre US$ 1,40 e 1,50 no interior do Uruguai, ao mesmo tempo que comercializava o produto no Rio Grande do Sul a R$ 0,70. Ele não explicou porque em julho do ano passado, a Leben declarou vender leite longa vida a R$ 0,97 e no mês seguinte a R$ 0,76. "É uma queda muito acentuada para um produto que tem um prazo de validade grande". Bohn acredita que, se isto for verdade, acarretou enorme prejuízo aos agricultores e às cooperativas gaúchas.
O deputado petista agora quer que Nilo Müller, convocado originalmente pela CPI, deponha e explique satisfatoriamente estas questões que ficaram nebulosas.
02/25/2002
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