Bolívia garante abastecimento de gás, mas questão de preços permanece em aberto





O abastecimento de gás boliviano aos países do continente será garantido, segundo nota conjunta divulgada nesta quinta-feira (4) pelos presidentes de Argentina, Bolívia, Brasil e Venezuela, reunidos na cidade argentina de Puerto Iguazú. Mas a definição dos preços do produto, de acordo com o documento, ainda vai ocorrer por meio do que se definiu como um marco "racional e equitativo".

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Estas foram as principais decisões tomadas por Néstor Kirchner, Evo Morales, Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez, depois de mais de três horas de uma reunião de cúpula convocada a partir da decisão de Morales de nacionalizar as reservas bolivianas de gás e petróleo. As questões pendentes, diz o documento lido por Kirchner, serão resolvidas por meio do "aprofundamento dos diálogos bilaterais".

Os presidentes de Argentina, Brasil e Venezuela convidaram Morales a participar do projeto do Gasoduto do Sul - que uniria a Venezuela à Argentina, passando pela Amazônia brasileira - e manifestaram a intenção de "fomentar investimentos conjuntos para o desenvolvimento integral da Bolívia".

- O importante é que garantimos o suprimento de gás e estabelecemos que os preços serão discutidos da forma mais democrática possível, mostrando que é assim que se faz uma negociação onde se respeitam os direitos - resumiu Lula, que esteve acompanhado, no encontro, de seu vice-presidente José Alencar.

Lula ressaltou a necessidade de a América do Sul apresentar-se ao mundo unida e reconheceu os problemas econômicos da Bolívia. Disse ainda que está disposto a trabalhar com Morales pelo desenvolvimento boliviano. Mas esquivou-se a responder, durante entrevista coletiva concedida após a reunião de cúpula, se seriam ou não suspensos os investimentos no país programados pela Petrobras.

- Os investimentos da Petrobras dependem de uma decisão da empresa, que tem autonomia. Ela investirá onde houver retorno - disse Lula, abrindo a possibilidade de novas aplicações na Bolívia segundo acordos a serem firmados com a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales de Bolívia (YPFB).

Por sua vez, Morales afirmou ter "escutado declarações" - feitas pelo presidente da estatal brasileira, Sérgio Gabrielli - de que a Petrobras não investiria mais em seu país, após a nacionalização das reservas de gás e petróleo. Em vez de comentá-las, no entanto, ele preferiu agradecer a "solidariedade" apresentada pelos presidentes dos três outros países, além de observar que a Bolívia vive um "momento histórico" de mudança de sua situação econômica e social.



04/05/2006

Agência Senado


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