Bonecos gigantes homenageiam 100 anos da imigração japonesa



Com 1,80 metro de altura, os bonecos podem ser vistos até 12 outubro nas estações da CPTM e do Metrô

A divertida presença de bonecos gigantes em fibra de vidro, com características orientais, em vários locais da cidade, forma a exposição Japão Brasil Parade, uma homenagem ao centenário da imigração japonesa. Na quinta-feira, 10 de julho, ela chegou a três estações do Metrô e quatro da CPTM, onde ficará até 12 de outubro.

Idealizada pelo designer de brinquedos e descendentes de japoneses, Wilson Iguti, é uma versão paulista da manifestação artística que o inspirou: a mundialmente famosa Cow Parade, que consistiu na exposição de esculturas de vacas pintadas por artistas em espaços públicos de várias cidades do mundo. Um evento na Estação Brás da CPTM marcou a chegada de sete dos 25 bonecos que compõem a mostra às estações em que estão expostos: Brás, Santo Amaro, Mogi das Cruzes e Luz da CPTM e Tatuapé, República e Vila Madalena do Metrô. O apresentador infantil Yudi Tamashiro, do programa Bom Dia e Cia (SBT),assinou um boneco pintado por ele, enquanto o grafiteiro Binho Ribeiro personalizou outro, ao vivo, levado em seguida para a estação República, do Metrô.

No saguão principal da Estação da Luz (CPTM), o artista Nunca também personalizou uma das esculturas. Os bonecos, expostos até o dia 12 de outubro nas estações, a seguir ficarão reunidos no Shopping D&D por duas semanas, para serem leiloados ao final. O dinheiro arrecadado será doado a três instituições de assistência a crianças: Casa Hope e fundações Abrinq e Xuxa Meneghel. 

Cara chata e cabelo espetado – O criador dos bonecos e idealizador da Japão Brasil Parade é o designer de brinquedos Wilson Iguti que, por conta de sua ascendência japonesa, queria dar alguma contribuição às manifestações em comemoração ao centenário da imigração. Responsável pela forma de muitos dos brinquedos comercializados pelas grandes fábricas nacionais, pensou na Toy Art como alternativa para isso. Trata-se de um movimento artístico que se apropria do brinquedo para mesclar design, arte e urbanidade.

Explica que ela abrange a composição de bonecos de vinil, plástico e outros materiais por grafiteiros, artistas ou ilustradores, a partir de uma concepção própria, mas normalmente com elementos de humor. Para Iguti, a Toy Art é uma manifestação que transforma a arte em brinquedo para gente grande. Por isso resolveu dispor desse conceito para sua realização e criou um boneco de cara achatada e cabelos arrepiados, tal qual, segundo ele, os amigos brasileiros o descreviam na época de escola. “Todo japonês é visto assim, né?”, diz.

Com a criatura e a idéia na bagagem, levou a proposta à comissão municipal responsável pela comemoração da data no Brasil, que as aprovou. Em seguida, correu atrás da liberação por parte dos órgãos de preservação dos patrimônios urbanos e históricos, para poder expor as peças, e empenhou-se no trabalho manual de confecção das 25 esculturas de 1,80 metro em fibra, todas pintados de branco para serem personalizados pelos artistas. Entre os convidados, estão Mauricio de Sousa, Xuxa Meneghel, Spacca e Carvall (caricaturistas), Roger Cruz (quadrinista) e Titi Freak (grafiteiro nickey), entre outros, para “dar cara” ao boneco que batizou de Yuki (“neve” em japonês). “Por causa da cor original dele”, explica.

O curador da Japão Brasil Parade, Moraci Mariano, foi o responsável pela escolha dos locais da mostra, que chegou antes a algumas áreas abertas da cidade. Na Avenida Paulista, há bonecos em três pontos diferentes e eles são encontrados também no Parque Villa-Lobos, no Parque do Carmo, na Praça da Sé e, como não poderia deixar de ser, na Praça da Liberdade, no bairro da comunidade japonesa em São Paulo, entre outras áreas de grande circulação de pessoas.

Simone de Marco

Da Agência Imprensa Oficial 

((Boxe))

Cultura japonesa

O boneco personalizado pelo grafiteiro nickey Titi Freak localizado ao lado de um dos acessos ao Metrô Liberdade, na praça de mesmo nome, chama a atenção de Geny Rodrigues, que está só de passagem. Ela pára e pergunta ao sorveteiro Edson Lima do que se trata. Ele improvisa, mas acerta. “É homenagem do Brasil aos japoneses, porque faz cem anos que eles chegaram aqui”, explica.

Ela se encanta com a escultura. “Que lindo, sou apaixonada pela cultura japonesa”, diz. Para a aposentada, moradora em Cotia, na grande São Paulo, esse tipo de arte faz diferença no dia-a-dia. “É como a exposição das vacas, né? As pessoas devem dar valor e não estragar como vi muitas fazerem com aquela”, afirma.

Lima, que, desde que o boneco chegou, estaciona seu carrinho bem ao lado dele para vender sorvetes, também admira. “É bonito. Nós estamos aqui com ele”, brinca.



07/11/2008


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