Bornhausen se diz preocupado com os rumos da educação no país



Os rumos da educação no governo Luiz Inácio Lula da Silva, notadamente a de nível superior, são motivo de preocupação para o senador Jorge Bornhausen (PFL-SC). Ex-ministro da Educação no governo José Sarney, ele apontou nesta segunda-feira (8) que a principal diferença entre as duas gestões está no fato de a atual, gerida pelo ministro Tarso Genro, desprezar projetos já iniciados e impor iniciativas próprias de forma até autoritária.

Essas características podem ser observadas, segundo o pefelista, na condução da reforma universitária. Apesar da marcada distinção entre as dificuldades enfrentadas pelas instituições de ensino superior públicas e privadas, Bornhausen reclamou que a definição das mudanças na educação de 3º grau "está em mãos de um pequeno número de funcionários públicos".

- Isso sugere um viés não apenas centralizador, mas principalmente de caráter estatizante, se não quanto ao regime de gestão, mas com certeza quanto ao modelo de sistema que se quer implantar no país - afirmou. Enquanto as universidades públicas se debateriam, sobretudo, com questões relativas à autonomia administrativa, as particulares buscariam saídas para problemas relacionados à autonomia acadêmica da qualidade do ensino e ao financiamento do estudante carente.

De acordo com o senador por Santa Catarina, o país ainda precisa vencer quatro grandes desafios na área educacional: crescimento, qualidade, financiamento e diversificação da oferta. Ao aplicar essas metas sobre a realidade do ensino superior, ele considerou, por exemplo, que a projeção de ingresso de 30% dos jovens de 18 a 24 anos nas universidades em 2010, estabelecida pelo Plano Nacional de Educação, dependerá da presença maciça e do esforço da iniciativa privada.

No tocante ao financiamento, Bornhausen disse duvidar que o Programa Universidade para Todos (Prouni), que trata da concessão de bolsas de estudo para estudantes de universidades privadas, garanta os recursos necessários à continuidade dos estudos de alunos pobres. Em relação à substituição do Provão pelo Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), o senador questionou a eficácia dos resultados da nova avaliação do ensino superior, no que foi acompanhado pelo senador José Jorge (PFL-PE).

- O governo está completamente perdido na educação - afirmou o senador pernambucano.



08/11/2004

Agência Senado


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