Bornhausen vê classe média apoiando Ciro
Bornhausen vê classe média apoiando Ciro
BRASÍLIA- O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), atribuiu o crescimento do ex-ministro Ciro Gomes nas pesquisas eleitorais à receptividade do candidato da Frente Trabalhista na classe média. "Ele caiu no gosto da classe média, que tem um efeito propagador muito forte", disse o senador, prevendo a polarização entre Ciro e o candidato petista à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Bornhausen, o voto favorável a Ciro Gomes tem aumentado principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Na avaliação do pefelista, isso é importante pois Ciro começou sua carreira política no Nordeste, onde já é conhecido. O presidente do PFL, que está no comando das articulações para ampliar o apoio do partido a Ciro Gomes.
Ciro conta com o apoio de 13 diretórios estaduais do PFL. Sem contar o Maranhão - onde a posição do PFL continua indefinida - e Goiás, que está dividido, cerca de 12 diretórios pefelistas estão com o candidato do PSDB, senador José Serra (SP).
Bornhausen disse que, nomomento, o PFL está "acolhendo todos aqueles que manifestam o desejo de apoiar Ciro Gomes".
Em relação a Pernambuco, o pefelista afirmou que não tentará arregimentar apoio a Ciro Gomes e que o diretório estadual continuará apoiando o candidato tucano no primeiro turno. Ele almoçou ontem com o vice-presidente Marco Maciel, que disputará o Senado.
Ciro disse ontem, antes de reunir-se com o comando de sua campanha, no Rio, que, além de procurar ganhar a eleição, tem de buscar uma base de apoio sólida no Congresso, para conseguir aprovar os projetos que pretende implementar em seu governo. "A minha responsabilidade com o Brasil é muito grande e de duas naturezas: nessa primeira fase, nossa tarefa é tentar superar os constrangimentos para vencer as eleições. Precisamos oferecer ao povo brasileiro alternativas para enfrentar o desemprego, as epidemias, a violência e a submissão do País ao ditado da especulação financeira internacional", disse Ciro.
FHC lança proposta de crescimento
BRASÍLIA - Na cerimônia de lançamento da Agenda 21 do Brasil - conjunto de propostas de desenvolvimento sustentável para o País -, o presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que o debate sobre a pobreza "não pode sufocar" a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, que ocorre em agosto em Johannesburgo, África do Sul.
Como forma de fortalecer a liderança do País no encontro, FHC pressionou o Congresso pela aprovação do Protocolo de Kyoto e da Lei de Preservação da Mata Atlântica. Além disso, se comprometeu a criar, antes da cúpula, o Parque Nacional de Tumucumaque, no Amapá, que será, com 3,8 milhões de hectares, o maior parque de floresta tropical do Mundo.
"O tema da pobreza vai estar presente na reunião de Johannesburgo. Apenas não pode sufocar os outros temas. Tem que ser parte dessa noção mais ampla de sustentabilidade que implica uma visão mais harmônica do que seja a felicidade humana e do que seja o desenvolvimento de uma sociedade", disse o presidente.
Para o ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, o debate da pobreza fora do contexto de desenvolvimento pode levar ao "velho chavão da filantropia internacional", que não modifica a geração de empregos e renda nos países pobres. "O que nós não podemos aceitar é que o debate do tema da pobreza sirva para excluir das decisões os problemas ambientais graves dos países industrializados, como os padrões de produção e consumo que são os responsáveis pelo lançamento de gases de efeito estufa e que acarretam em problemas de toda natureza", disse Carvalho.
Além do lançamento da Agenda 21, que ficou durante cinco anos em discussões entre governo, setor privado e sociedade civil, o presidente criou o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba, na divisa entre Piauí, Maranhão, Bahia e Tocantins, a Estação Ecológica Mico-Leão-Preto, no Pontal do Paranapanema (SP), e a Reserva Extrativista do Rio Jutaí (AM).
A criação do Parque de Tumucumaque não foi decretada hoje devido a dificuldades de negociação comos municípios da região e de conciliação de interesses de defesa nacional, já que o parque ocupará cerca de dois terços da fronteira com a Guiana. Segundo o governo, o parque terá quase o tamanho do Estado do Rio de Janeiro, que tem 4,3 milhões de hectares.
Wilson critica campanha de Humberto
Senador petebista diz que erro do PT está em esperar um atrelamento à campanha nacional
Até mesmo o senador Carlos Wilson (PTB), candidato à reeleição com o apoio do PT, listou críticas à condução da campanha do seu candidato ao Governo, o vereador do Recife, Humberto Costa (PT). O erro da Frente de Esquerda (PT/PCdoB/ PMN/PL), segundo o petebista, está em esperar um atrelamento à campanha do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva; e se preocupar apenas com a campanha eletrônica, que terá início em 20 de agosto. O senador disse que vai levar ao conselho político a sua opinião e sugerir que seja intensificado o corpo-a-corpo junto à população para melhorar a popularidade de Humberto.
As críticas à condução da campanha de Humberto Costa foram feitas por Carlos Wilson ontem, enquanto visitava a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, no Centro da Cidade, no dia de homenagem à padroeira do Recife. "Eu chamei ele (Humberto) para vir, mas ele disse que nunca vinha então não viria desta vez", comentou Wilson, completando: "Ele poderia vir como meu convidado". Humberto Costa, na opinião dopetebista, deveria investir mais no contato com o eleitorado e deixar de lado a campanha "plastificada" da mídia. "Eu tenho feito a minha campanha", enfatizou.
Apesar de ressaltar que sempre participou da festa de Nossa Senhora do Carmo no dia 16 de cada ano - uma rotina que cumpria ao lado de seu pai, o ex-deputado Wilson Campos -, Carlos Wilson admitiu que a campanha eleitoral não fica de lado. Enquanto esteve nos redores da Igreja, procurou ser visto, ainda que usando a discrição. Passou alguns minutos defronte à Igreja, se dirigiu ao altar, rezou e depois sentou num bar instalado no pátio externo, onde acontece a festa "profana". Mas era largo o sorriso e grande a boa vontade de Carlos Wilson em abraçar os eleitores que a ele se dirigiram.
Vários desses eleitores elogiaram sua gestão como Governador do Estado por 11 meses (em 1989).
A análise de Carlos Wilson sobre o formato da campanha de Humberto Costa fortalece um sentimento já instalado na Frente de Esquerda, coligação que oferece sustentação à candidatura do petista. O segundo candidato ao Senado defendido pela Frente, o vereador Dilson Peixoto (PT), chegou a reconhecer que o saldo dos nove dias de campanha foi praticamente nulo. Ele vê problemas de estruturação e mobilização nos atos agendados nesse período.
Lula chega e tenta animar petistas
Agenda do presidenciável do PT inclui abraço na Sudene, entrevistas e caminhada até o Marco Zero
A Frente de Esquerda (PT/ PCdoB/PMN/PL) prepara uma recepção de peso para o candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que desembarca hoje, às 9h30, no Aeroporto dos Guararapes, no Recife. Os petistas contam que a visita dele alavancará a campanha do vereador Humberto Costa ao Governo do Estado. Lula cumprirá uma maratona de compromissos, dentre eles uma caminhada que tem concentração marcada para a Praça Oswaldo Cruz, às 17h, e se encerra no Marco Zero, com um comício.
Além de entrevistas a emissoras de rádio, TV e de uma coletiva à Imprensa, Lula participará de um ato político na sede da antiga Sudene, na Cidade Universitária, às 15h. Junto com funcionários do órgão e militantes dará um abraço no prédio, que representou a principal fonte de desenvolvimento do Nordeste, durante várias décadas.
Humberto Costa o acompanhará durante todo o dia.
Para Dilson Peixoto, candidato ao Senado pela Frente de Esquerda, será um momento importante para vincular a campanha nacional do PT com a disputa estadual. "O sentimento de mudança no seio da população é imenso. Isso começou com a chamada Onda Vermelha, em 2000, quando vários prefeitos de esquerda foram eleitos. E vai se repetir este ano, com a eleição de Lula a presidente e de governadores, senadores e deputados comprometidos com essa mudança", discursa.
Mesmo integrando a Frente Trabalhista, que tem o ex-ministro Ciro Gomes (PPS) como candidato à Presidência da República, o senador petebista Carlos Wilson será um dos principais anfitriões de Lula em sua passagem por Pernambuco. Toda a agenda do senador foi programada para acompanhar Lula nos eventos desta quarta-feira. Ele pretende participar do almoço com Lula (provavelmente no Restaurante Spettus) e estará ao lado do petista ao longo da caminhada pelas ruas do Centro da Cidade. Carlos Wilson só não deve subir no palanque, ao final da passeata, quando Lula fará um grande comício para lançar sua campanha no Estado e defender o nome do vereador Humberto Costa.
O cuidado em não reforçar o palanque de Lula, segundo garantem assessores do senador, é para evitar problemas com a Justiça Eleitoral, que determinou a verticalização das alianças e vedou que os candidatos façam campanhas em seus estados para candidatos presidenciais que não foram indicados por seus partidos em convenções. Isso que implica num impedimento de Carlos Wilson em pedir votos para o presidenciável do PT porque seu partido, o PTB, está coligado com o PDT e o PPS no âmbito nacional e tem um candidato à presidência - Ciro Gomes. Carlos Wilson evitou, ontem, falar no assunto, dizendo que ainda não havia decidido se subiria ou não no tablado para ouvir Lula.
O senador voltou a garantir que cumprirá a determinação de sua legenda e recomendará o voto em Ciro Gomes - que, ressalta-se, tem crescido nas pesquisas de opinião e se aproximado de Lula já numa projeção para o primeiro turno. "Acho justo que eu vá porque tenho o apoio do PT aqui no Estado para a minha candidatura", pontuou.
Monteiro assume CNI e é cogitado ao Governo
Nome que vem sendo lembrado para concorrer ao Governo do Estado desde 1994, o deputado federal Armando Monteiro Neto (PMDB) acaba de ganhar um grande reforço para entrar na disputa em 2006, segundo análise corrente no meio político pernambucano. Trata-se da presidência da poderosa CNI (Confederação Nacional da Indústria), para a qual foi eleito por unanimidade, anteontem, em Brasília. O cargo é um trampolim ideal para postos executivos - por ele passou, por exemplo, o governador de Sergipe, Albano Franco (PSDB). O mandato - de quatro anos - garante também ao presidente da entidade uma vitrine permanente e um importante papel: será um dos principais interlocutores do empresariado junto ao Governo federal.
Os que vêem "fôlego" numa eventual candidatura dele observam que nas próximas eleições os principais políticos pernambucanos, que se revezam no poder nos últimos 20 anos, vão estar fora da disputa. O deputado já conta, hoje, com simpatia (forte) do empresariado e (menos forte) de políticos. "É prematurotratar desse assunto agora, mas fico honrado que o meu nome esteja nas cogitações", disse ele, ontem. Na opinião de um experiente político pernambucano, que vê "potencial" na candidatura de Armando, em política "não há o cedo". Lembra que toda eleição já carrega "os germes" da eleição seguinte.
HISTÓRIA - Em 1994, quando PMDB e PFL procuravam um candidato para enfrentar Miguel Arraes (PSB), Armando foi convidado para assumir a candidatura. O assédio só não foi bem sucedido porque o pai dele, Armando Monteiro Filho, candidatou-se a senador na chapa de Arraes.
Agora, ao lado da costura para conquistar a CNI, Armando Monteiro Neto também investiu na reeleição para deputado, em busca de uma votação expressiva. Em seu primeiro mandato ele foi escolhido como um dos "100 parlamentares mais influentes" do Congresso, pelo DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar).
Integra, ainda, a chamada "tropa de elite econômica" da Câmara, formada por Aloízio Mercadante (PT), Delfim Netto (PPB), Yeda Krusius(PSDB) e Antonio Kandir (PSDB).
Hoje, em seu primeiro dia no Recife desde que foi eleito para a CNI, Armando Monteiro Neto será homenageado por empresários e políticos, na Blue Angel (da Benfica).
Risco-Brasil pode estar exagerado
Reconhecimento foi feito pelo chairman internacional da Merrill Lynch, Jacob Frenkel
BRASÍLIA - O chairman internacional da Merrill Lynch, Jacob Frenkel, disse ontem que a avaliação do risco brasileiro "parece estar exagerada". Em rápida entrevista, após almoçar com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, Frenkel afirmou que os fundamentos da economia brasileira mereceriam uma classificação melhor. Acompanhado do ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira, ele apresentou, no encontro, a sua avaliação sobre o cenário econômico internacional.
Estavam presentes também o presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, e os diretores do BC Luiz Fernando Figueiredo (Política Monetária), Ilan Goldfajn (Política Econômica) e Beny Parnes (Assuntos Internacionais). Frenkel elogiou a equipe econômica e disse que tanto o time do Ministério da Fazenda como o do Banco Central são excelentes. À tarde o grupo encontrou-se com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Falando sinceramente, há muito poucas equipes no Mundo que podem ser comparadas à qualidade da brasileira", afirmou. No encontro, ele disse a Malan que o mercado financeiro internacional tem em alta conta a forma como está sendo conduzida a política econômica brasileira. O chairman foi economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) e presidiu o banco central israelense por nove anos.
Ele considera que a estratégia econômica da equipe tem sido "bem definida e é consistente". A Merrill Lynch divulgou, anteontem, um relatório em que mantém a recomendação overweight (acima da média do mercado) para as ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) tanto na sua carteira para América Latina quanto na sua carteira global de ações para mercados emergentes.
Frenkel não quis avaliar se é ou não necessário um acordo de transição do Brasil com FMI, mas afirmou que "não há dúvida de que qualquer medida que contribua para reduzir as incertezas e aumentar a clareza das direções a serem tomadas seria boa para a economia brasileira", comentou. Ele acrescentou ser necessário que se entenda que um acordo com o FMI requer uma compreensão sobre qual tipo de estratégia será adotada pelo futuro presidente. A aposta na manutenção do apoio das agências multilaterais ao Brasil foi uma das razões que levou a Merrill Lynch a manter a recomendação de investimentos no País.
Também as incertezas políticas têm contribuído para o aumento da avaliação do risco da economia, disse Frenkel. "A boa notícia é que a temporada eleitoral termina logo", comentou. Segundo o chairman, depois das eleições, a situação estará mais clara.
Ele destacou que há um consenso no mundo sobre qual o tipo de estratégia que uma economia moderna deve ter e ressaltou que a estratégia atual da economia é consistente com essa necessidade. "Uma das razões para o prêmio de risco é o preço pelas incertezas", afirmou Frenkel.
Marcílio Marques Moreira relatou que Frenkel apresentou, na reunião, um quadro internacional "de grande desconexão entre a economia real e a financeira, a primeira com grandes pontos positivos, começando pelos Estados Unidos, e a outra, marcada por g rande volatilidade e aversão ao risco".
Artigos
Um pouco de História do Brasil
Severino Vicente da Silva
Recentemente, os jornais informaram que o atual presidente dos Estados Unidos da América havia ficado surpreso ao saber que no Brasil existem negros. Muitos escandalizaram-se com a ignorância do detentor do mais poderosos cargo administrativo da maior potência do globo.
Entretanto, o seu desconhecimento sobre o Brasil pode ser explicado de várias maneiras. Uma delas é que ele, ao longo de sua vida de homem da classe dominantes americana,manteve contato apenas com representantes da classe dominante brasileira, majoritariamente branca, uma vez que as estruturas econômicas, políticas e sociais sustentadoras do poder no Brasil impedem, dificultam, a ascensão social dos outros segmentos da sociedade brasileira. Uma outra é que o sistema educacional norte-americano, o currículo vivenciado em suas escolas, dá preferência ao estudo da história do seu país,visto como centro da história, em um esquema mental no qual os demais povose Estados, são periféricos, como os planetas em torno do sol. Além do estudo sobre a formação dos Estados Unidos nos cursos da escola básica, todo estudante universitário estuda um semestre de história americana. Além disso tudo, podemos, ainda, especular que o presidente norte-americano, ao longo de sua vida texana, evitou cultivar a curiosidade sobre o Mundo, seus habitantes, ou qualquer coisa além dos limites do seu país que, para ele, é todo o planeta.
Embora não aceitável para os nossos brios patrióticos, essas explicações parecem ser razoáveis se aplicadas aos cidadãos americanos daquela nação do norte, ou mesmo de qualquer outra nação que julgue umbigo do Mundo. Eles não sentem necessidade de estudar outro país que não seja o seu, outra cultura além da sua.Inaceitável é que brasileiros se recusem a estudar a sua história e, além disso, criem mecanismos para que as novas gerações não tenham acesso ao mínimo de informações sobre o Brasil, seus hábitos, sua história, sua cultura. Inexplicável, mais ainda, é que Departamentos da Universidade Federal de Pernambuco assim o façam.
Quando observamos os currículos aplicados em diversos cursos oferecidos pela UFPE, notamos a ausência de tempo dedicado ao estudo - mesmo o mínimo - sobre a cultura brasileira. Esses estudos sobre o Brasil não são encontrados nos cursos de medicina, educação física, odontologia, física, psicologia, só para citar alguns. É como se estivéssemos formando profissionais que atuaram em uma realidade diferente da realidade do povo brasileiro. É como se esses profissionais não devessem saber sobre as pessoas que eles irão atender. E contudo tem mais. Alguns cursos que ainda mantém uma disciplina de sessenta horas - em alguns casos quarenta e cinco horas - para uma introdução à História e à cultura brasileira, em reuniões de seus plenos, em momentos de rara sabedoria, está votando pela retirada dessas disciplinas, como é o caso de ciências sSociais e biblioteconomia. Nem o presidente dos Estados Unidos da América poderia ter idéia mais eficaz para destruir o Brasil.
Conta-se, em anedota, dessas que ninguém sabe precisar a origem,que o livro Raízes do Brasil, de autoria de Sérgio Buarque de Hollanda, teria sido colocado em uma biblioteca, entre os livros de botânica. Com o que estamos assistindo, não deverá causar surpresa se o comportamento, o desconhecimento que o presidente norte-americano tem do Brasil, venha a se alastrar no campus universitário,e, por conseqüência, sobre todo o território brasileiro.
Os professores universitários que tomam decisões como as que estão sendo tomadas pelos Departamentos da UFPE, não devem surpreender-se com o fato de outros povos não conhecerem o Brasil, pois eles, além de desconhecerem-no, estão tomando providências para que os seus alunos cultivem a estultície dos seus mestres.
Tudo isso nos faz pensar nas razões que levam os brasileiros a esgrimirem seu patriotismo quase unicamente em relação ao selecionado brasileiro de futebol, e, na carência de estudos históricos sobre os formadores do Brasil, nossas cédulas estão repletas, não de homens, mas de animais.
Colunistas
DIARIO POLÍTICO - Divane Carvalho
Uma injeção de ânimo
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumpre uma intensa agenda de campanha, hoje, no Recife, nesse novo giro pelo Nordeste que iniciou segunda-feira. A presença do presidenciável, desta vez, tem um significado bem diferente para os petistas locais que esperam dele a solução para o marasmo em que mergulhou a candidatura de Humberto Costa ao Governo do Estado. Um empurrão, digamos assim, capaz de animar o candidato que deve estar enfrentando grandes dificuldades para botar o bloco na rua e empolgar militância e eleitores. Como o PT traçou uma nova estratégia de campanha, que deixa Lula mais perto do povo enquanto os cardeais do partido tratam das questões econômicas, é possível que o candidato à Presidência tenha condições de ajudar Humberto. Afinal, ele vai precisar de um palanque forte em Pernambuco, terra onde nasceu, porque aqui Jarbas Vasconcelos além de ser o favorito da eleição de outubro apóia o seu adversário, José Serra (PSDB), que tem feito o maior esforço para mostrar aos nordestinos que não tem nada contra a região. O desânimo no comitê de Humberto Costa preocupa os petistas porque a marca da legenda sempre foi de muita animação, garra, que marcaram todas as campanhas eleitorais. Mesmo quando seus candidatos não tinham chances de vencer. É exatamente uma injeção de ânimo que todos esperam de Lula. Ou ele mesmo terá problemas para convencer o eleitorado pernambucano, sem ajuda dos militantes, de que é o melhor candidato a presidente da República, .
Nos bastidores da campanha eleitoral só se fala dos custos de adesões que, quanto mais complicadas, mais caras são, naturalmente. Os políticos dizem que, algumas, podem valer até o preço de um Big Brother. Um dinheirão, mesmo
Superstição
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é supersticioso. Como nasceu em 6 de outubro, que este ano será o dia do primeiro turno da eleição, e foi registrado no dia 27, exatamente quando se realizará o segundo turno, ele acha que o povo vai presenteá-lo com o mandato de presidente.
Evento
Luzia Jeanne é realmente uma petista de primeira linha. A presidente da LAR participou, ontem, do evento que os militantes do PT realizaram em Boa Viagem que não contou com a presença do candidato a governador, Humberto Costa, do prefeito, nem da maioria dos candidatos proporcionais.
Votos
No jantar que reuniu empresários, intelectuais e militantes no Spettus, sábado, Ciro Gomes (PPS) foi um grande cabo eleitoral para Carlos Wilson (PTB), José Queiroz, do PDT e Roberto Freire (PPS): ele pediu que os presentes votassem nos três, antes de iniciar sua palestra.
Apoio
O vice-presidente do PFL, José Agripino (PR), também aderiu à candidatura Ciro Gomes (PPS). Apesar de ter ensaiado subir no palanque de José Serra (PSDB), o senador mudou de idéia e anunciou, oficialmente, seu apoio ao pós-comunista.
Reunião
Sérgio Guerra (PSDB) tem reunião hoje, no salão paroquial da Praça da Convenção de Beberibe, com representantes das comunidades de Água Fria, Beberibe e demais bairros da área e candidatos proporcionais. Ás 19h.
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Cabos eleitorais de Jorge Chacrinha (PSC) foram convidados se retirar do Centro de Convenções, no último final de semana, porque distribuíam propaganda eleitoral na Feira de Artesanato que se realizava ali.
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Mas não desanimaram. Ontem, na procissão de Nossa Senhora do Carmo, eles estavam entregando aos fiéis, santinhos do candidato junto com a oração de Santo Expedito, para disfarçar a propagan da. Um pecado, isso.
Encontro
Jorge Bornhausen (PFL-ES) esteve com Marco Maciel, ontem, no Palácio do Jaburu.
Depois do encontro, o vice-presidente afirmou que não mudou, continua apoiando o presidenciável José Serra (PSDB). E nada mais disse.
Agradecimento
Oswaldo Coelho, do PFL, enviou carta ao Ministro da Educação, Paulo Renato, agradecendo pela decisão de implantar a Universidade do Vale do São Francisco. E elogiou a vontade do ministro de mudar o destino das pessoas.
Editorial
ABISMO DA INCERTEZA
A incerteza política e econômica começa a rondar os países da América Latina. Agora é a vez do Paraguai que se afunda nesse abismo. Desemprego e subemprego no país são os pricipais pivôs e já atingem 27%. Sem conseguir conter a inflação e a recessão, Luis González Macchi, ex-presidente do Senado que assumiu o poder em 1999, depois da morte do vice, Luis María ArgaÀa, e da renúncia de Raúl Cubas, hoje asilado no Brasil, governa a duras penas, acossado por denúncias sem fim.
O povo, revoltado, saiu às ruas para protestar contra o governo. As manifestações começaram na capital, Assunção, e chegaram às fronteiras do país. O governo decidiu, então, responsabilizar o general Lino Oviedo, que mora no Brasil, pela onda de protestos. Oviedo nunca escondeu o desejo de retomar o Executivo paraguaio. Já protagonizou um golpe contra o ditador Alfredo Strossner (que ele assume) e ensaiou outro, contra Juan Carlos Wasmosy (que ele nega). Mas, mesmo que esteja orquestrando protestos do lado de cá, há muitos que pensam comoele.
Enquanto isso, Macchi se enrola numa teia de denúncias de corrupção. Desde abril, seu pedido de impeachment entra na pauta de votação do Congresso e dela sai, depois que a Promotoria de Crimes Econômicos paraguaia o acusou de desviar US$ 16 milhões do Banco Central para uma operação "de alto rendimento" no Citibank de Nova York.
O Congresso parece imobilizado. Entre os parlamentares não há consenso para votar reformas profundas. Não há também vontade política para isso. O Partido Colorado, de Macchi, é o que está há mais tempo no poder no Mundo. Manda no Paraguai desde 1947. Está dividido em várias facções: os seguidores de Luis Maria Argaña, vice-presidente assassinado, os do general Lino Oviedo e os independentes.
O presidente Luis González Macchi só não sofre impeachment porque isso significaria a saída do partido do poder, que provocaria uma crise institucional. Não foi o que ocorreu com o Partido Revolucionário Institucional (PRI), no México. Depois de 71 anos, a oposição assumiu sem grandestraumas. Ontem, o presidente anunciou que já acertou US$ 300 milhões em créditos internacionais, o que elevará a capacidade de endividamento do país ao máximo. A conta, Macchi deixará para seu sucessor, já que seu mandato acaba em 2003. Até lá, o país pode se desintegrar política e economicamente.
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07/17/2002
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