Botelho: desqualificação profissional dos pais e omissão do Estado levam os jovens à violência



Não é a idade que torna o jovem mais ou menos violento, mas a carga social que ele e sua família são obrigados a suportar pela exclusão social, que os marginaliza e oprime, afirmou o senador Augusto Botelho (PDT-PR). Ele propôs que os projetos sociais que pretendem ajudar adolescentes e crianças pobres para evitar seu ingresso no crime procurem auxiliar a família como um todo e não apenas um individuo.

De acordo com o senador a desqualificação profissional dos pais, geralmente analfabetos, leva-os a terem baixa remuneração, tornando-os não consumidores, numa sociedade que leva em conta o que e o quanto as pessoas consomem como parâmetro para fixar sua existência e posição social.

- Esta marginalização dos pais estigmatiza o jovem, transformando-o em um rejeitado, tanto pela sociedade, que vê nele alguém que não pode consumir, e portanto não existe, quanto pela própria família, que o tem apenas como "mais uma boca" dentro de casa. O jovem, se não contribuiu para o orçamento familiar passa a contribuir com sua ausência - observou o senador.

Em pronunciamento sobre a juventude e a violência, Augusto destacou que a crença de que o controle do crime organizado sobre as comunidades é baseado apenas na pressão e intimidação que exerce com o seu poder armado "é fácil e cômoda, mas não é verdadeira".

Segundo ele, as quadrilhas são parte integrante e preponderante da vida das comunidades pobres da periferia, na medida em que estas são esquecidas pelos poderes públicos, tendo como única presença efetiva dos mesmo naquelas áreas apenas a polícia, com toda a carga negativa que esta historicamente representa para as classes menos favorecidas.



19/04/2004

Agência Senado


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