Brasil e Argentina discutem cooperação em assuntos espaciais
O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Raupp, viajou para a Argentina nesta quinta-feira (7), para discutir o acordo de cooperação vigente entre os dois países. Até sexta-feira (8), Raupp participa da reunião de gestores do Mecanismo de Integração e Coordenação Brasil-Argentina (Micba), que acontece em Buenos Aires.
Durante o encontro, que terá participação da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (Conae), será apresentado o estágio de desenvolvimento do Satélite Argentino-Brasileiro de Informação em Alimento, Água e Ambiente–Mar (Sabia-Mar). Também serão discutidas ações futuras em prol da garantia de continuidade desta cooperação.
Em novembro de 2007, Brasil e Argentina assinaram um acordo que propunha uma missão espacial conjunta, que inclui projetar, produzir e lançar um satélite de observação da Terra para pesquisas ambientais e oceânicas. A decisão foi ratificada pelos dois governos em nota conjunta publicada durante a visita da presidenta argentina Cristina Kirchner ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O Sabia-Mar destina-se à observação dos oceanos – dita cor do oceano (ocean color) – e tem aplicações importantes para o estudo dos ecossistemas oceânicos, ciclo do carbono, mapeamento do habitat marinho e observação costeira.
Dados deste tipo de satélites são usados no estudo da biosfera oceânica, sua dinâmica e impactos das atividades antropogênicas (interferência humana na biosfera marinha, como por exemplo toneladas de lixo e de esgoto doméstico, agrotóxicos, metais pesados, detergentes que são jogados no mar) . Tais informações são necessárias para quantificar mudanças oceânicas globais em diversas escalas de tempo (de meses a décadas). Metade da produção primária da Terra ocorre no mar. Os dados de cor do oceano são essenciais na estimativa de produção primária de fitoplancton, que se relaciona diretamente à absorção de dióxido de carbono (CO2).
Esses mesmos dados têm importante aplicação em monitoramento da qualidade da água e do transporte de sedimentos (erosão) nas regiões costeiras, gerando informações para atividades pesqueiras e de aquicultura (arte de criar e multiplicar animais e plantas aquáticas).
Existe, ainda, o estudo da influência dos oceanos sobre as mudanças climáticas, que exige séries de dados longas e contínuas. Dessa forma, a missão Sabia-Mar, além de contribuir para os estudos regionais argentinos e brasileiros, poderá beneficiar a comunidade internacional na área de clima e mudanças globais, reforçando o papel dos dois países no cenário mundial.
O projeto será gerenciado por meio de um comitê conjunto e paritário, com representantes da Argentina e do Brasil. O comitê coordenará as atividades de grupos de trabalho para desenvolvimento do satélite, operações de controle em solo, atividades de processamento, distribuição e arquivo de dados, e atividades de lançamento.
O satélite está orçado em US$ 156 milhões. O custo de lançamento está estimado em US$ 50 milhões.
Fonte:
Ministério da Ciência e Tecnologia
07/04/2011 19:15
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