Brasil errou ao apoiar suspensão do Paraguai, diz Ferraço



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O Brasil agiu de forma precipitada ao apoiar a suspensão do Paraguai do Mercosul, disse nesta quinta-feira (3) o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Ao abrir a reunião da comissão, três dias após a visita a Brasília do novo presidente paraguaio, Horacio Cartes, ele lamentou que o governo brasileiro tenha, nesse episódio, agido “a reboque do voluntarismo de outras nações sul-americanas, motivadas pelos interesses mais imediatos de uma aliança ideológica que deitou raízes no continente sul-americano”.

O Paraguai foi suspenso do bloco após o impeachment do então presidente Fernando Lugo, em movimento político considerado muito rápido e pouco democrático pelos demais países do Mercosul. Lugo acaba de eleger-se senador no Paraguai, como observou o presidente da comissão, no mesmo pleito que levou Cartes ao poder. A participação de Lugo nas eleições, a seu ver, seria um “atestado cabal” da normalização democrática do país vizinho.

- Nós nos precipitamos e erramos em nossas avaliações. Espero que, no exercício de reflexão, que o Brasil venha a fazer sobre o episódio, agora sem as pressões da situação mal resolvida, tenha destaque a preocupação de entender por que, naquela crise, em vez de liderarmos o processo, seguimos nossos vizinhos mais radicais e ideológicos – afirmou Ferraço.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) discordou da avaliação do presidente da comissão. Para ela, o Brasil e os demais membros do Mercosul não erraram ao suspender o Paraguai. Agora, após a posse do novo presidente, argumentou, é o momento adequado para o reingresso do país no bloco. Em resposta, Ferraço disse que o que interessa é “olhar pelo parabrisa e não pelo retrovisor” e fortalecer o Mercosul no momento de negociações de um acordo comercial com a União Europeia.

A senadora Ana Amélia (PP-RS) manifestou satisfação pelo fato de o Paraguai haver aceitado a “mão estendida” do Brasil em um momento que classificou como “espécie de reencontro de uma amizade antiga”. O senador Osvaldo Sobrinho (PTB-MT) afirmou que os brasileiros devem “tratar com carinho” os vizinhos paraguaios. Por sua vez, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) lembrou que o afastamento de Lugo foi desaprovado não apenas pelo Mercosul, como também pela União dos Países Sul-Americanos (Unasul). A eleição de Cartes, em sua opinião, “abre caminho para o diálogo”.



03/10/2013

Agência Senado


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