Brasil não deve enfrentar acidentes nucleares como o do Japão, diz presidente da Cnen



O Brasil não deve enfrentar acidentes nucleares como o ocorrido na Usina de Fukushima, no Japão, segundo o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Odair Gonçalves. “Não pode acontecer nada similar aqui no Brasil. Isso só aconteceu no Japão porque as usinas não estavam preparadas para um acidente daquela magnitude, seja altura da onda ou intensidade do terremoto”, explicou nesta quarta-feira (23), durante audiência pública na Câmara, que debateu a questão nuclear brasileira. 

Ele explicou que a estrutura dos prédios das usinas Angra 1 e Angra 2 estão preparadas para resistir a terremotos de até 4 graus na escala Richter e que há diques ao redor do local para enfrentar ondas de até 8 metros de altura. “Coisas que jamais vão acontecer no Brasil. É apenas a margem de segurança”, disse. 

Mesmo assim, garantiu que “se tudo falhar”, os prédios onde estão os geradores são à prova de inundação. Além disso, há estudos aprofundados sobre o solo na região. “A probabilidade de um evento desse vir a interferir é desprezível, muito baixa”, comentou. 

O presidente da Cnen disse ainda que os rumos que o programa nuclear brasileiro irá tomar dependem de decisões do governo. “Neste momento, até onde nós sabemos, não existe razão nenhuma para qualquer mudança no programa nuclear brasileiro”, disse. 

Para ele, medidas tomadas por países como a Alemanha, que anunciou o fechamento temporário de sete usinas nucleares, são “precipitadas”.

“Precisamos aguardar para saber o que vai acontecer. Neste momento, tomar atitudes como a que a Alemanha tomou me parece precipitado. É importante que tenha mais dados”, disse lembrando que as informações, por enquanto, são desencontradas e inconsistentes. 

O presidente das Indústrias Nucleares Brasileiras, Alfredo Trajan Filho, também garantiu a segurança dos equipamentos e materiais que abastecem Angra 1 e Angra 2. Segundo ele, a última auditoria, feita em março, atesta que as atividades são praticadas de forma eficiente e limpa. 

“Cada um dos materiais é testado indefinidamente para que tenha a garantia de que o material usado no combustível resistirá a toda e qualquer condição de operação do reator”, explicou.


Ações no Japão 

Odair Gonçalves também disse nesta quarta-feira que, apesar da preocupação mundial com o acidente na usina japonesa, as ações, até o momento, são preventivas e acredita que são baixos os riscos de aumento de casos de doenças como o câncer. 

“Provavelmente não vai acontecer nenhuma fatalidade no Japão nem aumento da incidência de câncer. Houve a evacuação do local por uma questão de segurança. Nenhuma exposição pessoal chegou a 100 milisievert”, disse fazendo referência à unidade que mede os efeitos biológicos da radiação. 

Segundo ele, a faixa em que há risco de contaminação fica entre 50 e 800 milisievert. “Nessa faixa pode vir a ocorrer um câncer, quando a célula não é morta, mas sofre mutação, em geral, em períodos longos, de dez a vinte anos”, disse. E alertou que o risco de morte ocorre quando a faixa de milisievert está em 4,5 mil. “É um efeito clínico imediato. Daí em diante, os efeitos correm em curtíssimo prazo. De horas a semanas”, explicou.

 

Fonte:
Agência Brasil



23/03/2011 17:10


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