Crise no Japão deve provocar novos debates sobre usinas nucleares, diz ministro da Ciência



O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, visitou nesta quinta-feira (17), o  Centro de Ensino e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ). Ele conheceu os laboratórios e o parque tecnológico da instituição. Ao fim do encontro, concedeu uma aula inaugural para estudantes da graduação.

Durante a apresentação, o ministro defendeu o aumento de investimentos brasileiros em fontes de energia limpas e renováveis e afirmou que o desastre nuclear que atinge o Japão vai provocar novo debate sobre a construção de novas usinas no Brasil e no mundo. Mercadante acredita que a crise no Japão deve levar a novas discussões sobre protocolos internacionais de segurança de usinas nucleares. “Novos protocolos de segurança vão aparecer e o Brasil acompanhará isso”, acrescentou.

De acordo com o ministro, não existe registro de problema nas duas usinas nucleares instaladas no Brasil. “Angra 1 e 2 podem aguentar terremotos de até 6,5 graus na escala Richter e ondas de até 7 metros. Para o cenário de riscos do País, essas usinas foram bem construídas. Nossa engenharia é a mais segura”, afirmou.  Ele acrescentou que os riscos de um acidente nuclear no Brasil são diferentes dos que preocupam outros países, como o Japão, onde terremotos e um tsunami danificaram reatores nucleares. “Nossos problemas não são tsunamis ou terremotos, nós estamos em cima de uma placa tectônica. Nossos problemas são inundações e desmoronamentos”, disse.

O programa nuclear brasileiro prevê a criação de quatro a oito novas usinas até 2030, incluindo Angra 3, no litoral sul do Rio de Janeiro, cujas obras já estão em andamento, e outras duas a serem construídas na região Nordeste. Mercadante afirmou que o Brasil não deve tomar “uma decisão precipitada” até que a dimensão do acidente nuclear seja esclarecida.

Embora tenha negado que o governo esteja reavaliando sua política nuclear, o ministro ressaltou que o Brasil tem uma matriz energética limpa e um grande potencial ainda não explorado em hidrelétricas e energia gerada a partir de biomassa, que podem até triplicar a produção energética nacional.

Mercadante ressaltou que os próximos dois dias serão decisivos para avaliar a dimensão do desastre no Japão e que a probabilidade de o vazamento de radiação se agravar é grande e que, nesse caso, será uma “catástrofe de grandes proporções”. Mais uma vez, o ministro ressaltou que as usinas de Angra 1 e 2 possuem um sistema de reatores diferente do japonês, já que a refrigeração funciona de forma independente , com uma “blindagem robusta e engenharia com muito mais segurança”.


Fonte:
Ministério da Ciência e Tecnologia

 

17/03/2011 19:46


Artigos Relacionados


AIEA afirma não ter registro de vazamentos radioativos em usinas nucleares do Japão

Governo deve manter construção de usinas nucleares no País

Brasil não deve enfrentar acidentes nucleares como o do Japão, diz presidente da Cnen

Crise internacional não deve provocar ampliação de créditos dos bancos públicos, diz presidente do BB

CI fará audiência pública antes de decidir sobre suspensão da construção de novas usinas nucleares

Governo garante segurança das usinas nucleares brasileiras