Governos retomam construção de usinas nucleares, diz presidente da CNEN
A descoberta dos danos à camada de ozônio, o protocolo de Kioto e a disparada do preço do petróleo são alguns fatos que fizeram renascer, no final da década de 90, a retomada dos investimentos dos governos em programas de energia nuclear, afirmou, nesta quinta-feira (9), Odair Dias Gonçalves, presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Na audiência pública para discutir o Programa Energético Brasileiro, promovida pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), Gonçalves informou que existem 443 usinas nucleares em operação no mundo em 30 países, sendo a maioria - um total de 104 usinas -, funcionando nos Estados Unidos. Em seguida vem a França, com 59 usinas, o Japão, com 56, e o Reino Unido, com 23. O Brasil ocupa o 24º lugar, com duas usinas (Angra 1 e Angra 2). A Armênia, Romênia, Eslovênia e Países Baixos ocupam o 30º lugar, com apenas uma usina em funcionamento.
Segundo o presidente da CNEN, outras 24 usinas nucleares estão sendo construídas no mundo, sendo oito na Índia, quatro na Rússia e na China, duas na Ucrânia e uma em países como Japão, Irã, Romênia, Argentina, Finlândia e Paquistão.
Gonçalves também defendeu, como os demais palestrantes da audiência pública, a necessidade de diversificação da matriz energética do Brasil, destacando, entre os motivos para essa postura, os períodos anuais de seca que prejudicam o funcionamento das usinas hidrelétricas.
- Energias alternativas como a eólica e a solar ainda não se mostram viáveis para geração de energia em grande escala - afirmou.
Ao abordar a questão da gerência de rejeitos e estocagem de resíduos de quase todos os processos industriais, o presidente da CNEN disse que em 40 anos de operação de uma usina nuclear são produzidos cerca de mil metros cúbicos de combustível irradiado, equivalentes a uma piscina de 20x20x5 metros. Outras usinas equivalentes produzem milhões de metros cúbicos de rejeitos.
O Brasil dispõe de reservatórios primários (piscinas) para as usinas Angra 1 e 2 e o projeto de Angra 3 também contempla uma piscina para gerenciar os rejeitos, segundo informou.
- A Eletronuclear planeja construir uma piscina adicional que garanta a estocagem por toda a vida útil das três usinas ou mesmo por períodos maiores - disse.
09/08/2007
Agência Senado
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