Brasil perde para Índia e China na produção de energia eólica, afirmam especialistas



Em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), o secretário para a América Latina da Associação Internacional de Energia Eólica, Ramón Fiestas, e o presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEE), Lauro Fiúza, afirmaram que o Brasil e toda a América Latina estão atrás da Europa e dos Estados Unidos na produção de energia eólica e também já perdem para Índia e China.

Fiestas criticou o sistema de leilões como forma de implantar a estrutura de produção eólica no Brasil. A forma de incentivo usada nos países que mais produzem energia eólica, segundo ele, é a garantia do preço da tarifa paga aos produtores da energia eólica. Por sua vez, Lauro Fiúza disse que o sistema de leilões precisa ser complementado com garantia de preços para a produção de energia e incentivos fiscais para a indústria de equipamentos do setor e para a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologia.

Ao defender incentivos governamentais para o setor da energia eólica, o representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Frederico Reichamann, disse que a indústria brasileira em geral precisa de energia para melhorar sua competitividade no mercado global. Reichamann acrescentou que a demanda de energia aumenta também pelo fato de a indústria brasileira alcançar atualmente o maior nível de crescimento dos últimos 30 anos.

A criação de um parque industrial de equipamentos para produção de energia eólica também foi defendido pelo diretor Financeiro e de Câmbio do Banco do Nordeste do BrasilLuiz Henrique Mascarenhas. Ele disse que o Brasil poderá transformar-se, com uma política adequada, num exportador desses equipamentos cuja demanda cresce em todo o mundo.

O coordenador da Campanha de Energias Renováveisdo Greenpeace,Ricardo Baitello, afirmou que a grande participação da energia de fonte hidrelétrica vai se saturar, pois sua expansão depende de represas na Região Amazônica. Por isso, também, segundo ele, o Brasil precisa diversificar suas fontes de energia limpa, das quais a eólica tem um potencial equivalente a dez usinas de Itaipu. Esse tipo de energia, segundo ele, complementará a produção de energia de fonte hidrelétrica.

- O impacto ambiental da energia eólica é muito baixo, não tem ocupação do solo e é complementar à energia hidrelétrica - disse Ricardo Baitello.

O embaixador da Dinamarca, Christian Konigsfeldt, convidado pelo senador Renato Casagrande (PSB-ES), autor do requerimento para a realização do debate, disse que o seu país e o Brasil firmaram um protocolo de cooperação para a produção de energia limpa. A Dinamarca, segundo ele, tem a intenção de instalar no Brasil unidades de suas empresas produtoras de equipamentos de energia eólica.

- Mais de vinte e três por cento da produção de turbinas de energia eólica são produzidas na Dinamarca. Tenho o prazer de facilitar a cooperação entre os governos e as empresas do Brasil e da Dinamarca para a produção dessa energia para a qual o Brasil tem enorme potencial - disse o embaixador.



19/06/2008

Agência Senado


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