Brasil quer ampliar presença econômica na Venezuela, diz embaixador
A diversificação da pauta de exportações do Brasil e a garantia de pagamento por parte do governo venezuelano de serviços prestados por empresas brasileiras naquele país estarão entre os temas prioritários do futuro embaixador brasileiro em Caracas, ministro de primeira classe José Antonio Marcondes de Carvalho, cuja indicação recebeu, nesta quinta-feira (20), parecer favorável da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).
Também estão entre as suas prioridades, como anunciou aos senadores da comissão, o acompanhamento da situação política da Venezuela - que terá eleições parlamentares neste ano - e o desenvolvimento da região fronteiriça, além de ações de estímulo ao intercâmbio cultural entre os dois países. A votação da mensagem presidencial com a indicação do embaixador ocorreu dois meses depois da apresentação do parecer favorável do relator, senador Renato Casagrande (PSB-ES), devido a um pedido de vistas apresentado pela oposição.
A Venezuela é atualmente o sexto principal destino das exportações brasileiras, segundo o embaixador. E empresas nacionais envolvidas com obras de infraestrutura no país vizinho possuem projetos em carteira da ordem de US$ 20 bilhões. O maior problema que essas empresas enfrentam, como recordou o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) durante o debate, é o atraso nos pagamentos a que têm direito.
A mesma preocupação foi demonstrada pelo presidente da comissão, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que também quis saber a opinião do embaixador indicado a respeito do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Em resposta, Marcondes informou que a embaixada brasileira tem tido "boa receptividade" ao pedir agilidade nos pagamentos a empresas nacionais, mas lembrou que houve uma queda na atividade econômica da Venezuela por causa da queda nas receitas do petróleo. Quanto a Chávez, limitou-se a dizer que não caberia a ele emitir "juízo de valor" sobre o presidente do país vizinho.
A pergunta a respeito de Chávez foi criticada pelo senador Paulo Duque (PMDB-RJ), para quem ela "não caberia" naquele momento. O senador Romeu Tuma (PTB-SP) concordou com a necessidade de se dar maior atenção ao desenvolvimento da região de fronteira e lembrou que o Parlamento do Mercosul vem debatendo a possibilidade de criação de uma carteira especial para os habitantes de cidades fronteiriças.
Os senadores Roberto Cavalcanti (PRB-PB), Arthur Virgílio (PSDB-AM), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) manifestaram preocupação com a liberdade de imprensa na Venezuela, enquanto o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) criticou a possibilidade de ilimitadas reeleições naquele país.
Representantes do vizinho estado de Roraima, os senadores Augusto Botelho (PT) e Mozarildo Cavalcanti (PTB) criticaram o tratamento que vem sendo dado a turistas brasileiros nas estradas da Venezuela. Por sua vez, o senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) defendeu o ingresso da Venezuela no Mercosul, para tornar o bloco mais representativo da região norte da América do Sul.
Tunísia
A comissão também aprovou parecer favorável à mensagem presidencial de indicação do ministro de segunda classe Luiz Antonio Fachini Gomes para o cargo de embaixador brasileiro na Tunísia. O relator da mensagem foi Roberto Cavalcanti.
Em sua exposição aos senadores, Fachinidisse que pretende "elevar o perfil" das relações bilaterais a um nível semelhante ao das relações entre o Brasil e países próximos à Tunísia, como Argélia e Egito. Ele ressaltou ainda que a Tunísia tem apoiado posições internacionais do governo brasileiro, como o combate à pobreza e a fome no mundo.
Ao lembrar que Fachini já exerceu o cargo de embaixador em Teerã, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que a atuação do Brasil e da Turquia em defesa de um acordo com o Irã, a respeito de seu programa nuclear, pode ter descontentado países que, a seu ver, teriam preferido discutir apenas entre eles que atitude tomar diante da situação.
20/05/2010
Agência Senado
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