Brasil quer aprofundar cooperação com Benin e Togo, dizem embaixadores



O governo brasileiro pretende aprofundar o trabalho de cooperação técnica com Benin e Togo, dois países da costa ocidental africana que se tornaram independentes da França há 50 anos. A intenção foi anunciada pelos embaixadores designados para os dois países, ministros de segunda classe Arnaldo Caiche D'Oliveira e Antenor Américo Mourão Bogéa Filho, cujas indicações receberam pareceres favoráveis da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) e agora serão submetidas ao Plenário.

Em sua exposição aos senadores da comissão, Caixe D'Oliveira - cuja mensagem de indicação teve como relator o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) - disse que existe uma "grande expectativa no Benin por uma presença cada vez maior do Brasil" naquele país. O comércio bilateral, informou, alcançou no ano passado seu maior valor histórico, de US$ 141 milhões, com saldo altamente favorável ao Brasil.

Mas a aproximação bilateral, segundo o embaixador, não se restringe ao comércio. Ele ressaltou a assinatura de um acordo de cooperação cultural entre o Benin e o estado da Bahia, que permitiu a realização em Salvador, há um ano, da primeira semana de exposição da cultura daquele país. Disse ainda que o Brasil está promovendo a formação de técnicos com capacitação em preservação do patrimônio cultural. Além disso, existem atualmente mais de 400 alunos de português no Benin, país para onde retornaram, a partir de 1830, diversos escravos libertados no Brasil com origem naquela região.

Por sua vez, Bogéa - cuja indicação teve como relator ad hoc o senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) - informou que o Brasil, embora não seja doador de recursos ao Togo, presta cooperação em "setores primordiais" como cultura, agricultura e formação técnica. Ele anunciou que pretende aprofundar a cooperação, que já conta com a presença da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e com iniciativas de formação profissional, em áreas como a mecânica automotiva.

- A cooperação Sul-Sul é muito importante. É um instrumento de busca de soluções de desenvolvimento a partir de uma ótica do Sul - avaliou.

Ao apresentar seu voto favorável, Mesquita defendeu a construção, no Brasil, de um memorial da escravidão, como reconhecimento do país pela contribuição de escravos provenientes da África. Por sua vez, o senador Alfredo Cotait (DEM-SP) pediu aos dois embaixadores indicados para ampliar o comércio bilateral, com a inclusão na pauta de exportações brasileiras de mais produtos industrializados.

China

No início da reunião, o senador Fernando Collor (PTB-AL) alertou para a "forte ofensiva" da China na Europa, à busca de apoio político nos debates internacionais sobre comércio e câmbio. Segundo o senador, o governo chinês está promovendo "maciças compras" de títulos da dívida de países como Grécia e Irlanda. Também estão ocorrendo, como observou, grandes investimentos chineses em obras de infraestrutura de países como a Itália e a Polônia.

O presidente da comissão, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), concordou com a necessidade de acompanhar de perto os movimentos da China, país que acaba de visitar juntamente com uma comitiva de senadores da comissão. "O Brasil não pode ficar alheio ao que acontece na China", afirmou.



18/11/2010

Agência Senado


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