Brasil quer ampliar investimentos na África, dizem embaixadores
O Brasil pretende ampliar a cooperação técnica e os investimentos no Maláui e na República Democrática do Congo, dois países com baixíssima renda per capita, segundo anunciaram aos integrantes da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) os embaixadores indicados para os dois países. As mensagens presidenciais contendo as duas indicações obtiveram nesta quinta-feira (22) parecer favorável da comissão e serão submetidas nos próximos dias ao Plenário.
Em sua exposição aos senadores, o conselheiro Gustavo Martins Nogueira, indicado para abrir a embaixada brasileira em Lilongue, informou que o Maláui é um dos países mais pobres do mundo, com renda per capita equivalente a US$ 350 – além de ocupar o 171º lugar entre todos os países com seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). E disse que o Brasil pode ajudar aquele país do sul da África a diversificar as suas exportações, atualmente compostas principalmente pelo fumo.
Segundo Nogueira, o governo brasileiro poderia direcionar para o Maláui parte dos recursos a serem pagos ao Brasil pelos Estados Unidos como compensação pelo uso de subsídios em favor de seus produtores de algodão, segundo determinação da Organização Mundial do Comércio (IMC). Como 10% desses recursos devem ser utilizados em cooperação internacional na área de algodão, observou, o Brasil teria “potencial para contribuir com esforços do Maláui para diversificar a sua produção agrícola”.
O Maláui poderá ainda obter acesso ao mar por meio de uma ferrovia a ser construída pela empresa brasileira Vale para ligar as minas de carvão de Moatize, em Moçambique, ao porto de Nacala, também em Moçambique, cruzando parte do território do Maláui. Segundo o embaixador indicado, os governos do Brasil e do Japão poderão estender ao Maláui o programa Pró-Savana, de estímulo à agricultura, que vem sendo desenvolvido em Moçambique.
Congo
Igualmente pobre, a República Democrática do Congo – com renda per capita de US$ 185 e o 187º IDH do planeta – começa também a atrair empresários brasileiros, segundo informou à comissão o embaixador indicado para aquele país, conselheiro Paulo Uchôa Ribeiro Filho. Segundo o diplomata, a Petrobras e a Vale já começaram a desenvolver atividades de prospecção no Congo, que tem um dos maiores potenciais minerais do mundo, estimadas, como informou, em US$ 35 trilhões.
Na opinião de Ribeiro, a África, com seus recursos minerais “quase inesgotáveis”, aparece no início do século 21 como nova fronteira diplomática e comercial e “novo destino de atenções da comunidade internacional”.
- O Brasil vê o Congo como possível parceiro estratégico. Estamos procurando construir uma agenda positiva com aquele país, onde os interesses brasileiros são múltiplos - afirmou.
Durante o debate, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) ressaltou a necessidade de desenvolvimento do Congo, país que, apesar de suas grandes reservas minerais, ainda enfrenta graves problemas sociais. Por sua vez, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que presidiu a reunião, defendeu a ampliação da presença brasileira no mundo, por meio de embaixadas em países como Maláui e República Democrática do Congo.
- Grandes países têm que estar presentes em todos os lugares – disse Cristóvam.
22/11/2012
Agência Senado
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