Brasil tem credenciais para ter assento no Conselho de Segurança da ONU, diz embaixador
Como país pacífico, democrático e promotor de consensos, o Brasil acredita cumprir os requisitos necessários para ser reconhecido como candidato a uma vaga de membro permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). A afirmação foi feita pelo ministro de primeira classe Luiz Alberto Figueiredo Machado, cuja indicação para o cargo de representante permanente do Brasil junto à ONU foi aprovada nesta quinta-feira (29) pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).
A mensagem presidencial teve como relator o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que, após elogiar a atuação de Figueiredo à frente da Conferência Rio+20, sobre desenvolvimento sustentável, criticou o que chamou de “obsessão” do governo brasileiro por um assento permanente no conselho. Na opinião do senador, o Brasil deveria lutar pelo fim das cadeiras permanentes.
- Não temos uma obsessão, apenas nos rendemos a uma realidade. Vai haver uma reforma do conselho, vai haver uma ampliação de membros permanentes. Se haverá reforma, o que é uma questão de tempo, não podemos nos furtar em assumir um papel internacional condizente com a dimensão do Brasil. Temos uma visão serena, de que o Brasil deve estar à disposição da comunidade internacional para assumir suas responsabilidades – afirmou Figueiredo durante o debate na comissão.
Em sua exposição inicial aos senadores, o embaixador indicado ressaltou a importância do multilateralismo, que classificou como “resposta clara à aspiração de democracia nas relações internacionais”. Ele informou que o Brasil vem assumindo maiores responsabilidades junto à organização. Em 2013, observou, o país será o décimo maior contribuinte ao orçamento regular da ONU, com US$ 56 milhões. Tornou-se ainda o décimo primeiro contribuinte de tropas para operações de paz, com 2226 militares e policiais.
O processo de reforma da ONU, segundo o embaixador indicado, ganhará ímpeto nos próximos anos. Ele recordou que o Conselho de Segurança passou até hoje por apenas uma reforma, em 1965, quando o número de integrantes subiu de 11 para 15. Naquela época, comparou, a ONU era formada por 117 Estados membros, enquanto hoje o número é de 193. Para o governo brasileiro, afirmou, o conselho precisa tornar-se mais representativo da nova realidade internacional, para garantir maior legitimidade a suas decisões.
Chile
Igualmente aprovado pela comissão, o embaixador designado para representar o Brasil no Chile, ministro de primeira classe Georges Lamazière, ressaltou o apoio do governo chileno à disposição do Brasil de ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
- O Chile foi o primeiro país da região a expressar esse apoio. Essa é uma posição muito cara ao Brasil – informou Lamazière.
Como informou o embaixador indicado, o Chile é atualmente o segundo maior parceiro comercial do Brasil na América Latina e já investiu mais de US$ 12 bilhões no país. Entre as prioridades para os próximos anos na relação bilateral, ele mencionou a construção de interligações terrestres entre os dois países, dentro dos chamados corredores bioceânicos, além da possível participação brasileira na interligação do sistema elétrico chileno. Ele citou ainda a cooperação científica e tecnológica e no desenvolvimento da televisão digital, uma vez que o Chile optou pelo modelo nipo-brasileiro.
- Chile e Brasil pensam de forma parecida nas áreas regional e global, e cooperamos com tranquilidade – disse.
Oriente Médio
Durante o debate, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sugeriu ao futuro representante brasileiro nas Nações Unidas que apoie os esforços do secretário-geral Ban Ki-Moon no sentido de se preservar a paz no Oriente Médio. O senador mencionou a convivência pacífica no Brasil de árabes e judeus como exemplo que poderia ser observado naquela região.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) disse que Figueiredo chegará à ONU com a “autoridade” de haver sido um importante negociador, pelo Brasil, na área de meio ambiente.
Ao elogiar os esforços promovidos por Figueiredo em defesa do desenvolvimento sustentável, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) recordou que o Ceará foi um dos primeiros estados a produzir energia eólica no Brasil e agora começa a debater um programa de geração de energia solar.
29/11/2012
Agência Senado
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