Brasil tem desafio de aproximar empresa e pesquisa para melhor exploração do pré-sal, mostra estudo
As empresas brasileiras fornecedoras de bens e serviços estão desconectadas das universidades e dos institutos de pesquisa que produzem conhecimento, o que configura um problema sério para um país que se propõe a explorar uma área de grande potencial petrolífero como o pré-sal. A constatação vem de estudo coordenado pelo professor Adilson de Oliveira, do Colégio de Altos Estudos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele disse que, do ponto de vista tecnológico, o estudo identificou a existência de uma conexão frágil entre “as empresas brasileiras fornecedoras de bens e serviços e o sistema científico e tecnológico do País – ou seja, as universidades e os institutos de pesquisa”.
Intitulado Capacidade de Produção da Indústria Nacional para o Setor de Petróleo de Gás, o estudo foi apresentado na terça-feira (30) no Solda Brasil 2011 – Seminário Nacional de Tecnologia e Mercado de Soldagem. Durante o encontro, foram discutidas as perspectivas e os desafios do setor de soldagem para atender à demanda da indústria no Brasil nos próximos anos, diante da necessidade de desenvolvimento da região do pré-sal da Bacia de Santos.
Para Oliveira, o potencial da camada pré-sal representa uma janela aberta de oportunidade para o País e para o desenvolvimento do seu parque tecnológico, o que só se dará com a mobilização dos atores envolvidos no processo “para romper os diversos gargalos que se apresentarem pelo caminho.”
Segundo o professor, outro desafio a ser superado é a questão da formação de quadros: faltam engenheiros e técnicos de nível médio para as diversas atividades que se fazem necessárias ao desenvolvimento da região do pré-sal. “Esse é um gargalo importante que vai exigir, embora não possa ser solucionado a curto prazo, um investimento maciço do governo nos próximos três, quatro ou cinco anos, para formar todos os quadros necessários ao desenvolvimento das jazidas”.
No entendimento do professor, a decisão do governo federal de enviar cerca de 70 mil pesquisadores para fazer doutorado fora do Brasil é um sinal claro de que já há, por parte do governo, o reconhecimento da existência do problema.
Há também todo um esforço no sentido de que as empresas brasileiras invistam mais em ciência e tecnologia, pois, segundo ele, as que fazem esses investimentos hoje são, em geral, as multinacionais que estão instaladas aqui dentro – mas o fazem, em sua grande maioria, ainda fora do Brasil. “E os centros dessas empresas que aqui estão instalados nada mais fazem do que ajustar o conhecimento desenvolvido lá fora às características do processo produtivo brasileiro. E essa não é uma inovação que possa mudar realmente o quadro que se faz presente com o pré-sal, onde os desafios tecnológicos exigem, realmente, mudanças radicais em relação ao que é feito atualmente”, avalia.
Oliveira citou, ainda, a existência de iniciativas isoladas como a da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A instituição vincula seu plano de alocação de recursos ao apoio às empresas fornecedoras de bens e serviços. “O papel da Finep é crucial, fundamental mesmo, na medida em que há toda uma demanda e uma necessidade gigantesca de apoiar as empresas fornecedoras, de apoiar iniciativas que levem ao desenvolvimento desses fornecedores. E a Finep já começa a dar os primeiros passos nesse sentido”.
Fonte:
Agência Brasil
31/08/2011 09:42
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