Empresa voltada à pesquisa e inovação quer aproximar universidade e indústria
A proposta de criação da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) pode ser uma alternativa para enfrentar o desafio de transferir conhecimento da academia para o setor produtivo. A afirmativa é do secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Ronaldo Mota, que apresentou informações sobre a constituição da Embrapii, na terça-feira (27), durante audiência pública na Câmara dos Deputados.
O secretário alertou para o risco de o Brasil se transformar em uma “grande fazenda” do mundo no futuro, como produtor de minérios e alimentos, abrindo mão de fortalecer a indústria. Citou como exceção o setor do agronegócio, que, segundo avaliou, serve de exemplo para outros segmentos industriais.
Mota destacou o grande crescimento da produção científica brasileira, que hoje representa 1% da produção mundial, mas, por outro lado, chamou a atenção para a quase inexistência da transferência de tecnologia e do registro de patentes em relação aos países desenvolvidos.
Ele enfatizou ainda que, apesar do marco legal para estimular o setor e do crescente investimento das empresas em pesquisa e desenvolvimento, a atual estrutura existente no País não permitiria atender o ritmo de demanda pela inovação das empresas. “Hoje tem um conjunto de empresas pequenas e médias de base tecnológica que estão nascendo, e a estrutura é baseada em estimular a ciência, que tem um tempo diferente da inovação”, disse.
O secretário explicou aos deputados que a Embrapii terá o objetivo de agilizar e facilitar o processo inovativo, que é interrompido entre a produção e a fase negocial. “A Embrapii irá atuar nesse intervalo. A boa experiência da Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] servirá de exemplo”, ressaltou.
Mudança cultural
O economista Paulo Mol, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), lembrou que a ideia da Embrapii surgiu na entidade, com o apoio do MCTI, visando a levar a inovação para a agenda empresarial. Mol comentou a mudança de perfil do ministério nos últimos anos, ao se voltar para o processo da inovação, inclusive com a inclusão recente da palavra no nome.
Ele ainda lembrou a criação do marco legal, com a Lei da Inovação e da Lei do Bem, como facilitador para essa transformação. “Fico feliz que o tema inovação começa a entrar pela porta da frente na política brasileira. Isso é importante para o País e para o crescimento econômico”.
Para o diretor do Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI), Domingos Manfredini, a Embrapii vem para colocar a velocidade necessária no processo de inovação no País, onde, a seu ver, já acontece uma mudança de cultura no meio empresarial, nas organizações e nas universidades. “Hoje percebemos isso dentro dos nossos institutos: os pesquisadores preocupados com o que está sendo desenvolvido e como será usufruído”, disse.
Piloto
Ronaldo Mota informou ainda que um projeto piloto da Embrapii, com prazo de 18 meses para ser implantado, vem sendo articulado com a Confederação Nacional da Indústria. Três institutos tecnológicos foram selecionados em São Paulo, no Rio de Janeiro e na Bahia para receber recursos de R$ 30 milhões cada um nesta fase inicial.
De acordo com o secretário do MCTI, a empresa será compartilhada pelos setores público e privado, com gestão predominantemente da iniciativa privada, em parceria com institutos tecnológicos e universidades.
Ao ser questionado pelos deputados sobre a necessidade de detalhes da empresa e quanto à preocupação com o uso adequado dos recursos públicos, ele reforçou que haverá a contrapartida empresas e que a discussão será aprofundada no Legislativo. “Quanto mais embasada chegar ao Congresso Nacional, melhor”, concluiu.
Fonte:
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
28/09/2011 11:40
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