Brasileiro lê, em média, 2,5 livros por ano



O brasileiro lê bem menos que os habitantes dos países desenvolvidos. Aqui, são, em média, 2,5 livros por ano, contra 10 nos Estados Unidos ou 15 em países como a Suécia ou a Dinamarca. Mas apenas 0,9 desses 2,5 livros anuais lidos não são obras didáticas, que as escolas exigem dos alunos. As diferenças regionais brasileiras também conspiram contra o crescimento do hábito da leitura, já que só há livrarias em 30% dos 5.564 municípios.

Não é exato o número de livrarias existentes no país porque é fácil obter-se um registro de funcionamento, mesmo que o negócio principal não seja a venda de livros. Mas é seguro afirmar-se que o Brasil tem hoje menos de 2.700 livrarias, 70% das quais são de pequeno e médio porte. Um número muitíssimo inferior ao que seria ideal, na visão da Organização das Nações Unidas (ONU) para um país com 190 milhões de habitantes.

Segundo Vitor Tavares, presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL) e executivo na área há 20 anos, um número razoável no Brasil seria de 4.900 livrarias. "Estamos muito longe desta realidade", admite. Para a ANL, faltam incentivos para que mais livrarias sejam abertas e falta profissionalização para as que estão abertas.

- O Brasil é responsável por 50% da produção de livros de todo o continente latino-americano. O ideal para o país seria o funcionamento de no mínimo 10 mil livrarias para atender de maneira razoável a sua população. No entanto, 89% dos municípios brasileiros não têm livrarias. É um quadro dramático que constrange aqueles que têm uma visão de Estado, uma visão de nação - lamenta o senador Tião Viana (PT-AC).

O mercado de livros do país vive um dilema: como escapar do círculo vicioso onde menos livrarias significam menos pontos de vendas para os cerca de 2 mil títulos lançados mensalmente pelas editoras, o que conduz a tiragens cada vez menores - com exceção de poucos best-sellers - e, consequentemente, preços mais altos e, na esteira disso, menor número de leitores. Entidades que reúnem as empresas do setor e senadores coincidem na certeza de que é preciso incentivar o hábito da leitura, como ponto de partida para mudar este cenário.

Divulgada ao final do ano passado, sob o patrocínio conjunto do da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), uma pesquisa de produção e vendas do setor editorial revelou que houve crescimento discreto nas vendas no ano de 2007, mesmo com uma redução do número de títulos publicados. Porém, um dado mostra a fragilidade do mercado consumidor: quase metade dos exemplares produzidos foram vendidos ao governo, para atendimento aos vários programas de livro didático, científico etc.

Segundo a pesquisa SNEL e da CBL, em 2007 foram comercializados mais de 329 milhões de livros no país, gerando um faturamento que, pela primeira vez, rompeu a barreira dos R$ 3 bilhões. Mas levantamento mais recente pode indicar que o setor conseguiu um resultado melhor no ano passado. Ouvidas por sua associação nacional, as livrarias apostam que o setor pode ter crescido 10,46%. Se a crise não atrapalhar, esperam repetir o desempenho este ano.

- O aquecimento do setor livreiro deve-se principalmente ao aumento do poder aquisitivo do brasileiro e às diversas campanhas e políticas de difusão do livro no país, muitas delas por iniciativas governamentais, que estimularam a leitura, principalmente a infanto-juvenil, segmento que mais cresceu no setor. Não podemos deixar de destacar, ainda, a desoneração do PIS/Confins, que ajudou a manter preço médio do livro abaixo da inflação - avaliou o presidente da ANL, Vitor Tavares.

Na 17ª Convenção Nacional de Livrarias, realizada no Rio de Janeiro há um ano e meio, a consolidação da Lei do Preço Único foi uma das principais reivindicações. A ideia é proteger principalmente as empresas de pequeno e médio porte, definindo igualdade de condições nas práticas comerciais.

Sylvio Guedes / Jornal do Senado

Veja os números da leitura no Brasil



13/03/2009

Agência Senado


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