Bush: ´Estamos em guerra e ela não vai ser curta`
Bush: ´Estamos em guerra e ela não vai ser curta`
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, reuniu-se ontem com seus principais assessores e declarou: "Estamos em guerra".
Pela primeira vez, mencionou o nome do maior suspeito dos ataques que mataram milhares de pessoas em Washington e Nova York, o saudita Osama bin Laden, e pediu aos americanos de uniforme que se preparem.
"Se ele acha que pode se esconder, está extremamente enganado".
Bush disse que os americanos devem ter paciência e fazer sacrifícios porque o conflito não será curto nem fácil.
Embora não decretada oficialmente, a primeira guerra do século XXI já vem sendo travada nas sombras pelos serviços de inteligência de todo o mundo contra o terrorismo, avaliam especialistas.
Para a ex-secretária de Estado Madeleine Albright, os Estados Unidos devem dar uma resposta condizente com o que aconteceu. Já o intelectual Noam Chomsky afirma que é necessário entender as causas dos atentados suicidas para se buscar a paz.
O prenúncio de ataques levou medo ao Afeganistão, onde milhares de pessoas já fogem rumo ao Paquistão. No desembarque dos primeiros brasileiros que chegaram de Nova York, como Luma de Oliveira, houve emoção e alívio. (pág. 1 e cad. Especial)
* A um ano da eleição do ano que vem e à beira do fim do prazo de filiação partidária, o presidente Fernando Henrique Cardoso está tentando conseguir filiados de peso para o PSDB para consolidar, nos estados, alianças que sustentem o candidato governista à sua sucessão.
Apoiado pelo ministro da Saúde, José Serra, e pelo secretário-geral da Presidência, Aloysio Nunes Ferreira, já pediu ao senador Sérgio Machado (PSDB-CE) que fique e ao senador Paulo Hartung (PPS-ES) que volte. Conversou também com o prefeito de Curitiba, Cassio Tanighuchi (PFL).
Mas seu mais ousado assédio aconteceu num vôo para a Bahia. Numa conversa com o senador Paulo Souto (PFL-BA), aliado de Antonio Carlos Magalhães, foi incisivo:
"Não espere Deus agir", disse, numa referência ao poder vitalício do ex-senador no estado.
Fernando Henrique não quer ficar de fora da eleição do sucessor, segundo o presidente do PSDB, deputado José Aníbal (SP):
"Ele quer eleger o sucessor. Está com uma gana enorme".
Fernando Henrique convidou Taniguchi para assumir o comando do PSDB do Paraná. Amigo dos tucanos Euclides Scalco e José Richa, Taniguchi teria cobrado apoio para a construção do metrô. Segundo tucanos, Fernando Henrique agiu a pedido de Aníbal. Ele nega:
"Não pedi nada. Ele fez o convite porque quis". (pág. 3)
* O deputado Delfim Netto (PPB-SP) é uma espécie de Juquinha da política. Com a mesma convicção, firmeza e seriedade com que combate a política econômica do ministro da Fazenda, Pedro Malan, é capaz de, sem mudar de tom e de fisionomia, disparar os maiores despautérios contra o Governo.
Por ser um político bem informado, que circula por todos os partidos e pelos mais variados setores de produção, a maldade de hoje de Delfim pode virar verdade amanhã. A última delas: Luiz Inácio Lula da Silva é o candidato alternativo do presidente Fernando Henrique Cardoso e do ministro da Saúde, José Serra.
"O Lula é o plano B do Fernando Henrique e do Serra. Não se engane se, no segundo turno, o Fernando Henrique não só votar, mas, se o adversário for Itamar Franco, declarar publicamente o voto no Lula", diz.
Mas por que Serra faria isso também, se é apontado como o mais notável dos tucanos que pleiteiam a sucessão de Fernando Henrique? Delfim tem explicação:
"Serra é até mais competente do que Fernando Henrique. Mas não vai jogar fora uma carreira para entrar numa aventura. Se for candidato, sabe que terá todo o tucanato contra ele. Serra tem os pés no chão. Vai fazer uma aliança com o Lula e vai ser o ministro da Fazenda do governo do PT. Vai dar segurança, credibilidade e estabilidade ao governo do Lula". (pág. 3)
* O Governo está correndo contra o tempo para apresentar uma proposta de mudança no Imposto de Renda que evite a correção da tabela. Uma das opções seria reduzir a alíquota de 15% para quem ganha até R$ 1.800 por mês para 12% ou 10%, o que beneficiaria 2,6 milhões de contribuintes. Em compensação, quem paga IR de 27,5% pode ter a alíquota aumentada. (pág. 2 e 29)
* As correntes "light" e as mais radicais do PT se enfrentam hoje na eleição para a presidência do partido, que terá efeitos sobre o programa e o tom da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. Os líderes petistas esperam motivar 300 mil dos mais de 800 mil filiados com direito a voto e reavivar a força da militância petista, em queda nos últimos anos. (pág. 2 e 4)
* A cidade do Rio tem pelo menos 3.100 menores de 7 a 14 anos que viraram força de trabalho do tráfico, da prostituição e de outras atividades ilícitas, segundo levantamento da Secretaria municipal de Desenvolvimento Social. Em todo o estado, 27 mil crianças nessa faixa etária trabalham em atividades lícitas, mas proibidas para menores de 14 anos. (pág. 2 e 12)
* Pela primeira vez, o tema biodiversidade ganhará um debate de grande porte no País. Na próxima terça-feira, os maiores especialistas do assunto se reunirão no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no seminário "A biodiversidade como estratégia moderna de desenvolvimento da Amazônia", promovido pelo Fórum Nacional, comandado pelo ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso.
"O Brasil não sabe o que fazer com a Amazônia. Até hoje, o que foi feito resultou em destruição", disse Reis Velloso, ao ressaltar que a biodiversidade pode dar a importância econômica que a região precisa. (pág. 32)
Editorial
"Crise anunciada"
A política de juros altos adotada pelo Banco Central tem o propósito de segurar a demanda global na economia. (...)
Mas esse processo de redução na demanda global não ocorre de maneira uniforme e nem ao mesmo tempo em todos os setores da economia. O impacto da política de juros altos será mais sentido daqui para a frente, por exemplo, sobre a construção civil. (...)
Como o torniquete sobre a demanda global deverá ser mantido pelos próximos meses, é importante que as autoridades econômicas comecem a adotar medidas setoriais compensatórias para evitar que os setores mais sensíveis aos efeitos dos juros altos tenham retração mais forte do que for absolutamente inevitável.
A construção civil certamente se inclui entre essas áreas. (...)
Uma crise na construção civil teria efeito psicológico extremamente negativo, sem qualquer ganho prático para o ajuste do conjunto da economia. Antes que a crise ocorra, o Governo precisa encontrar uma fórmula que viabilize a reabertura do crédito imobiliário. (pág. 6)
Colunistas
Panorama Político - Tereza Cruvinel
Desde sexta-feira, quando Goerge W. Bush anunciou "para breve" a reação americana aos ataques de terça-feira, o mundo ouve tambores de guerra.
Possivelmente contra o Afeganistão, um país pobre governado por uma seita fundamentalista que, por ironia, nas origens, teve apoio americano. Mais desatinada pode ser a guerra onde um dos povos tem poder de mais e o outro não teme a morte. (...) (pág. 2)
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