CABRAL PEDE AÇÃO CONTRA A PRÁTICA DE BIOPIRATARIA NA AMAZÔNIA



Ao denunciar que laboratórios farmacêuticos transnacionais estão vendendo novos medicamentos criados a partir de produtos medicinais utilizados por índios da Amazônia, sem que esses povos recebam por isso, o senador Bernardo Cabral (PFL-AM) solicitou à secretaria-geral da Mesa do Senado o encaminhamento oficial do seu discurso à Procuradoria Geral da República para que sejam tomadas medidas contra a biopirataria naquela região. - Mais grave ainda que a usurpação do conhecimento nativo sobre plantas e animais de uso medicinal, os genes dos próprios indígenas se fazem hoje objeto do comércio internacional. A Johnson & Johnson, por exemplo, possui um banco de DNA dos índios brasileiros, cujas informações estão disponíveis pela Internet para quem quiser comprá-las- acrescentou o senador.Segundo Cabral, no Brasil os povos da floresta amazônica, sobretudo os indígenas, são particularmente vulneráveis ao crime da biopirataria, tanto por sua preciosa medicina tradicional, baseada no uso de espécies vegetais e animais, quanto por seu isolamento, pobreza e falta de acesso à informação.O senador pelo Amazonas citou matéria publicada no jornal A Crítica, de Manaus, na qual a repórter Ana Célia Ossane mostra que falsos turistas e falsos missionários estão roubando os conhecimentos seculares dos povos indígenas. Cabral falou também da importância da apreciação, pela Câmara dos Deputados, de projeto da senadora Marina Silva (PT-AC) que estabelece o controle sobre o acesso aos recursos biológicos no país, já aprovado no Senado.De acordo com o senador, enquanto o projeto da senadora pelo Acre não é aprovado, inúmeros produtos e medicamentos resultantes de conhecimento roubado de índios brasileiros já foram patenteados no exterior e estão gerando lucros para laboratórios estrangeiros.

14/01/1999

Agência Senado


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