CABRAL PEDE DESTINAÇÃO MACIÇA DE RECURSOS PARA A SEGURANÇA PÚBLICA



O senador Bernardo Cabral (PMDB-AM) defendeu uma mudança de mentalidade do governo federal em relação à segurança pública, começando pela destinação maciça de recursos federais para atacar as causas estruturais do crime, como o contrabando de armas, a injustiça social, o despreparo das polícias, inclusive a Federal. "Está faltando comando e está faltando dinheiro", enfatizou. O senador classificou a violência no Brasil como uma "autêntica epidemia".
Segundo Cabral, é inadmissível que o Plano Plurianual com investimentos de mais de R$ 1 trilhão, para 365 projetos ao longo de quatro anos, não preveja recursos para segurança pública. Ele aponta como medidas essenciais para mudar o quadro de violência que se instalou no país, o patrulhamento dos portos, aeroportos e fronteiras para impedir o contrabando de armas, o reaparelhamento da Polícia Federal, com treinamento de divisões anti-seqüestro e atiradores de elite, e o combate à injustiça social.
O senador criticou o projeto em tramitação no Senado que proíbe a comercialização e o porte de armas de fogo. Ele entende que a medida não resolverá o problema da violência no Brasil. "O projeto vai desarmar o cidadão, mas não o criminoso que continuará a receber seu armamento pesado através do contrabando", argumentou.
Bernardo Cabral apresentou as estatísticas sobre homicídios no Rio de Janeiro (59,9 para cada 100 mil habitantes), São Paulo (66,9) e Buenos Aires (4,1). Ele atribuiu os baixos índices da Argentina ao maciço contingente de sua Polícia Federal - 42 mil comparados com os 6 mil da PF brasileira. Cabral afirmou, ainda, que a Argentina faz um patrulhamento exaustivo de seus portos e fronteiras, além de apresentar números bem mais baixos de exclusão social do que o Brasil.
Em aparte, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), relator dos projetos sobre armas de fogo, disse que 66% dos homicídios no Brasil são cometidos por motivos fúteis, como brigas de bar ou crimes passionais. "É com essa banalização da violência que o projeto pretende acabar".
Também em apartes, os senadores Heloísa Helena (PT-AL) e Íris Resende (PMDB-GO) afirmaram que o combate à violência precisa de medidas mais abrangentes e fortes do que as previstas no projeto. Também contrário ao projeto, o senador Geraldo Melo (PSDB-RN), comparou a proibição do porte de armas à pretensão de se curar "enfarte do miocárdio com remédio para dor de cabeça".".

16/06/2000

Agência Senado


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