Candidato tucano reúne 15 governadores









Candidato tucano reúne 15 governadores
Aliados apostam na televisão e na participação de FHC para José Serra chegar ao segundo turno

BRASÍLIA - O candidato tucano à Presidência, José Serra, conseguiu dar uma demonstração de força ao mostrar, durante reunião com 15 governadores de partidos aliados, que está coesa sua base de sustentação política, formada pelo PSDB, PMDB e por setores do PFL e do PPB nos Estados. O estrategista político Antonio Lavareda e o marqueteiro Nizan Guanaes fizeram exposições positivas para os governadores e garantiram que Serra voltará a crescer nas pesquisas de intenção de voto porque hoje existe um percentual de votos ainda não cristalizados - eleitores que ainda podem mudar de opinião. O discurso dos entendidos em pesquisa teve o objetivo claro de tranquilizar os aliados e mantê-los fiéis ao projeto Serra.

Após o encontro, os governadores disseram que apostam que, com o início da propaganda eleitoral gratuita na televisão e com a presença do presidente FHC nos programas, Serra vai recuperar a segunda posição nas pesquisas de intenção de votos e estará no segundo turno. No encontro, os governadores também receberam as orientações sobre os novos rumos da campanha, que passa a privilegiar, "a necessidade de mudanças e avanços na área social". "Ninguém melhor que os governadores, assim como os candidatos aos governos e ao Senado, para conseguir votos. A orientação é: produzam votos, dediquem-se com todo empenho à campanha", resumiu o coordenador político da campanha tucana, deputado Pimenta da Veiga. Os governadores foram recebidos por cerca de 60 militantes, vestidos com camisetas amarelas e segurando bandeiras da campanha de Serra.

Os primeiros a chegar foram os governadores Beni Veras (PSDB-CE), Esperidião Amim (PPB-SC), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Fernando Freire (PPB-RN). O governador de Santa Catarina, Esperidião Amin (PPB), apesar de legalmente impedido de fazer campanha para Serra, em função da verticalização, esteve no encontro. Amin fez nove reivindicações para Santa Catarina, entre elas saneamento ambiental, habitação rural e federalização da dívida da Celesc.

Na próxima semana, o comando da campanhade Serra reúne, no comitê de Brasília, os prefeitos aliados de todo o País. "Esses encontros deixam claro que a candidatura não está esperando apenas pelos resultados positivos do horário eleitoral, que começa no dia 20 de agosto", disse Pimenta. O governador do RN, Fernando Freire, disse que aposta no horário eleitoral para dar visibilidade às propostas de Serra.


PFL do PR racha, deixa Serra e apóia Ciro
No Paraná, pefelistas haviam formalizado coligação com os tucanos para a sucessão estadual

CURITIBA - A maioria dos deputados federais do PFL do Paraná vai apoiar o candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, à Presidência da República. A decisão foi tomada em reunião ontem à noite, em Curitiba, com o senador Geraldo Althoff (PFL-SC), da qual participaram os deputados federais Rafael Greca, Abelardo Lupion e Joaquim dos Santos Filho. O deputado Werner Wanderer também era esperado para a reunião, mas apenas telefonou para Althoff, garantindo apoio a campanha de Ciro. O governador Jaime Lerner (PFL) continua apoiando o senador José Serra.

Entre os cinco deputados federais pefelistas do Paraná apenas Luciano Pizzato, que concorre a uma vaga no Senado, permanece na campanha de José Serra (PSDB). No Paraná, o PFL formalizou coligação com os tucanos, tendo Beto Richa (PSDB) como candidato ao governo estadual. O deputado Rafael Greca disse ontem que eles não se envolverão com a campanha para o governo. "Respeitamos os três candidatos a governador", disse. Além de Richa, que está coligado ao PFL, ele sereferia a Álvaro Dias (PDT) e Rubens Bueno (PPS), ambos apoiando Ciro Gomes.

Dentro de aproximadamente duas semanas, eles vão inaugurar um comitê do PFL pró-Ciro em Curitiba. "Iremos organizar comícios e passeatas a favor da candidatura e trabalharemos para trazer o maior número possível de lideranças regionais para o nosso lado", disse Greca. Segundo ele, os 102 votos que tinham optado por candidatura própria durante a convenção irão se incorporar à campanha do PPS. O primeiro contato entre Ciro e os pefelistas que o apóiam pode acontecer amanhã, quando ele estará em Curitiba.


Socialistas ampliam críticas a Garotinho
Presidenciável pressionado a renunciar, liberando bases nos estados para apoioar outros candidatos

Em baixa nas pesquisas, sem recursos financeiros, sob ameaças de desistências de candidaturas nos Estados e diante de uma pressão cada vez maior de integrantes do partido para sair da disputa, a candidatura de Anthony Garotinho (PSB) à Presidência enfrenta seu pior momento. Ontem, no Recife, aconteceu o primeiro gesto de rebelião explícita contra ele: em entrevista coletiva, o deputado federal pernambucano Djalma Paes, a ex-prefeita de São Paulo, Luíza Erundina, e a ex-prefeita de Salvador Lídice da Mata criticaram a falta de "densidade política e eleitoral" da candidatura dele. Para eles, a campanha de Garotinho está voltada praticamente para o segmento evangélico e o PSB, sendo usado "apenas como legenda".

Candidata ao governo da Bahia, Lídice da Mata deve sair da disputa para apoiar o candidato do PT. Para ela, Garotinho não tem chances de vitória. "Na política há sempre o risco de a vaidade ultrapassar a inteligência, e temo que isso possa estar acontecendo com ele", afirmou. Segundo informações do partido, também o candidato do PSB ao Governo de São Paulo, Jacó Bittar, estaria na iminência de renunciar à candidatura. Consumadas as duas desistências, poderia haver um "efeito dominó" em relação aos candidatos majoritários do partido, nos Estados. "Hoje temos candidatos a governador em quase todos os Estados somente para fazer papel de figurante", criticou Erundina, afirmando que isso teria a finalidade apenas de "guarda tempo" para Garotinho no horário gratuito eleitoral.

Hoje, em Brasília, Garotinho terá um encontro com Miguel Arraes, presidente nacional do PSB, para discutir a situação. Ontem, quando fazia campanha no interior do Rio, Garotinho disse que sua candidatura é "um fato consumado" e que nada mudará sua estratégia. Afirmou que se Lídice da Mata abandonar a disputa ao governo baiano será substituída.

REBELDIA - O descontentamento contra Garotinho vem desde o momento em que ele ainda era pré-candidato. Nesse período o governador do Amapá, João Capiberibe, defendia que o PSB não lançasse candidato próprio à Presidência e apoiasse o PT. Hoje as principais críticas partem de candidatos a deputado e governador, que vêem suas chances de eleição reduzidas caso a candidatura presidencial socialista seja mantida. Isso porque, entre outras coisas, ela inviabilizaria alianças com o PT - é o problema que acontece, por exemplo, no Rio Grande do Norte e em Alagoas. O PSB tem hoje 19 deputados federais. A estimativa do comando da campanha de Garotinho é que a bancada pode chegar a 35. Os favoráveis à desistência dele calculam que o número de eleitos pelo PSB poderia aumentar se o partido estivesse sem candidato presidencial e livre para coligações nos Estados.


Governador reafirma apoio a José Serra
Jarbas nega distanciamento da candidatura tucana e aproximação com a de Ciro Gomes

O governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) negou, ontem, estar retardando o início da campanha presidencial do tucano José Serra em Pernambuco, onde até agora não há sinais dessa campanha, seja no interior ou nas áreas urbanas. Segundo a assessoria do governador, ele estranha tal interpretação. Ainda de acordo com a assessoria de Jarbas, o comitê de Serra será inaugurado no Estado no próximo dia dois. E ele vai estar lá, "embora a sua c ampanha só vá para a rua no dia três, com a inauguração do comitê na Avenida Rosa e Silva".

O governador enfatizou que o primeiro ato do presidenciável do PSDB em Pernambuco, realizado no município de Belo Jardim, foi "tão cedo que chegaram a nos acusar de precipitação". Jarbas destacou que, na oportunidade, "as pessoas tiveram que ser acomodadas em um clube, porque ainda não era possível fazer comícios". Nos últimos dias, no entanto, o governador não tem demonstrado empolgação com a candidatura de Serra. Ele voltou a criticar, por exemplo, a falta de agilidade da campanha do tucano.

Também disse que ia apenas "ouvir", quando foi perguntado sobre qual contribuição levaria para a reunião pró-Serra, marcada para ontem, em Brasília, com os governadores que o apóiam. Anteontem, Jarbas fez duras críticas à falta de compromisso da equipe econômica do Governo Federal com o Nordeste, cobrando "uma absoluta clareza sobre o que é que ela quer da Adene, Sudene, do Finor, essa coisa toda". O governador também afirmou que não possui nenhuma garantia financeira para a Adene. Ele declarou ser favorável à criação de um novo fundo que substitua o Finor.

A seu ver, o aporte de recursos para o novo fundo não deve ser inferior a R$ 800 milhões. Nos bastidores, especula-se que Jarbas pode estar desembarcando da candidatura de Serra possivelmente para apoiar o presidenciável do PPS, Ciro Gomes. O governador sempre manteve uma ponte com Ciro e incorporou o PPS ao seu palanque. As especulações surgiram porque as críticas e cobranças feitas pelo governador coincidem com o declínio da candidatura de Serranas pesquisas eleitorais e a ascensão de Ciro Gomes. A assessoria do governador destacou que há muito ele cobra que a Sudene seja substituída por um órgão mais ágil, mais estruturado e com mais recursos, tendo inclusive enviado uma carta neste sentido em abril do ano passado ao então ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra.


Acordo de transição com FMI deve sair
BRASÍLIA - O acordo de transição do Governo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) é apenas uma questão de tempo. Ontem, o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, deixou claro que, se a turbulência verificada nos mercados financeiros persistir por mais algumas semanas, o País terá de buscar apoio lá fora para conseguir sair da posição defensiva em que se encontra atualmente e tentar retomar o caminho do crescimento econômico. Ainda não estão acertadas quais serão as condições e o prazo do novo acordo mas, segundo Fraga, "essas são apenas questões operacionais. Basta o Brasil querer".

A negociação não envolverá necessariamente os candidatos que lideram a disputa pela sucessão presidencial. "Existem várias opções de como construir esse apoio: desenhadas antes ou depois da eleição, com prazo mais curto ou mais longo", disse Fraga, destacando que o aval dos candidatos seria dispensável num acerto por prazo mais curto. Já se a negociação com o Fundo ocorrer após as eleições, ele acrescentou que seria natural que o presidente eleito participasse.

"O que vejo hoje, olhando para esse ambiente financeiro de fato tumultuado, é que realmente algo seja feito ainda este ano. Temos condições de administrar o processo por bastante tempo, mas nosso objetivo não é ficar como nós estamos, é melhorar. Mas não tenho decisão, portanto, não posso comentar", afirmou, recusando-se a discutir o que chamou de "condições táticas". Ele disse, entretanto, que a idéia do Governo, se for necessário buscar um reforço do FMI, é de firmar um compromisso de curto prazo.

Segundo Fraga, o apoio ao Brasil existe e já foi expresso nas declarações da vice-diretora-gerente do FMI, Anne Krueger, em visita ao Brasil esta semana. "Isso é mais do que claro. Das conversas que tive, olho no olho, percebe-se que é apenas uma questão operacional. Basta tomarmos a iniciativa de iniciar o processo", afirmou.

O apoio do Fundo seria, na avaliação do presidente do BC, um dos instrumentos de resposta à atual crise financeira, que compromete o crescimento econômico e pressiona a cotação do dólar com reflexos nos índices de inflação.


Baixa renda pode ter carro novo financiado
O Ministério do Desenvolvimento enviou para a Caixa Econômica Federal uma proposta que prevê o financiamento da compra de carros novos para a população de baixa renda. A medida tem o objetivo de aliviar a crise do setor automotivo desencadeada pela retração das vendas no mercado interno. Além de impulsionar as vendas de carros, a proposta enviada pelo Desenvolvimento também tem por meta frear a onda de demissões, paradas e férias coletivas do setor. Nesta semana, dirigentes da Caixa, Anfavea e o secretário de Desenvolvimento da Produção, Reginaldo Arcuri, se reúnem para discutir as condições na nova linha de crédito.

O ministro do Desenvolvimento, Sergio Amaral, voltou a reiterar ontem aos representantes da Anfavea (Associação Nacional de Veículos Automotores) o apelo de cancelar demissões e esperar pelo efeito positivo que os acordos internacionais fechados com o México e Chile trará para o setor. A proposta de financiamento de carros usados para a baixa renda foi apresentada pelo Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) ao Desenvolvimento.

Amaral demonstrou interesse em fechar acordos comerciais com outros países, principalmente do grupo andino. Para isso, solicitou ao setor automobilístico propostas que forneçam subsídios para as negociações. Segundo o diretor de relações institucionais da Anfavea, Ademar Cantero, as montadoras trabalham com apenas 60% de sua capacidade instalada.


Artigos

No ar, TV Justiça
Paulo Gadelha

DESEMBARGADOR FEDERAL DO TRF DA 5ª REGIÃO
Em qualquer segmento da atividade humana, a informação é matéria-prima indispensável. Sem embargo, é cediça a sentença de que sem comunicação não há conhecimento. Tal digressão, penso, é válida, especialmente quando o Poder Judiciário anuncia a criação da TV Justiça.

Era, pois, o instrumento intrínseco ao procedimento jurídico, que estava faltando. A sociedade, com a Televisão Justiça, vai acompanhar os passos dos operadores do Direito, ensejando uma postura mais transparente. O jurisdicionado vai ficar de olho na telinha acompanhando e fiscalizando os atos processuais.

Aliás, em aditamento à argumentação pró-canal do Judiciário, é de boa memória trazer à colação texto de Jonathan Swift, no clássico livro As Viagens de Gulliver, quando defende uma maior integração do Judiciário e a cidadania, observando que o julgador deve usar os dois ouvidos: um voltado para os autos; o outro, colado na emoção das ruas.

Com a montagem do canal televisivo, essa interação vai adquirir mais fôlego. Depois, ganha espaço no universo do processo, a teoria de que todo procedimento, quando mais aberto, desde que com respaldo legal, dá mais autenticidade, transparência, legitimidade a quem o conduz.

Com o novo meio de comunicação posto à disposição do Judiciário, o cidadão passar a ser testemunha ocular dos atos dos que vestem a toga, que, por seu turno, ficam sabendo que já não mais decidem na atmosfera isolada e limitada às partes e aos advogados, mas passam a fazê-lo à vista de todos criando uma expectativa de visível transparência no instante mais difícil e complexo de sua vida: o momento de decidir.


Colunistas

DIÁRIO POLÍTICO - Divane Carvalho
Só com os evangélicosOs petistas estão tão desconfortáveis com o crescimento da candidatura de Ciro Gomes (PPS) que já começaram a chegar perto do PSB de Arraes.

Na tentativa de conseguir o apoio dos socialistas ao palanque de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), caso Anthony Garotinho desista da corrida presidencial. O assédio do PT ao PSB está crescendo no Brasil inteiro, em Pernambuco inclusive, apesar de Garotinho descartar a possibilidade de renúncia, mesmo correndo o risco de ficar só com os evangélicos. A única parcela do eleitorado que ainda se mantém firme, ao seu lado, desde que ele começou a despencar nas pesquisas. Com apenas oito pontos à frente do presidenciável da Frente Trabalhista, Luiz Inácio Lula da Silva apressou-se em lançar seu programa de governo criando um fato novo para tentar conter Ciro Gomes, que continua assustando todos os seus adversários. Na coordenação da campanha de José Serra (PSDB), o sentimento não é tão diferente do que acontece com os petistas, com uma diferença que preocupa ainda mais os tucanos: Serra está deixando de ser o preferido do Palácio do Planalto porque Ciro Gomes tem ganhado mais eleitores dentro do Governo. Como a maioria dos marqueteiros apostou que o palanque eletrônico definiria a eleição, a reação de Lula e Serra a Ciro complicou ainda mais porque os programas de TV, que começam no dia 20 de agosto, foram reduzidos a 19. Tempo insuficiente, talvez, para barrar a performance do pós-comunista, se ele continuar crescendo até lá.

Antônio Moraes diz que o problema do candidato a presidente do seu partido, José Serra, é um só: não tem ninguém fazendo campanha para ele aqui e no Brasil inteiro. Esses tucanos estão quase comunistas

Conceito
Délio Mendes, da executiva estadual do PPS, enviou carta a Ivaldevan Calheiros pedindo que ele refletisse sobre a decisão de sair do partido. E lembrou os compromissos eleitorais para eleger Ciro Gomes e Roberto Freire " operador político da radicalidade democrática". Conceito confuso, esse.

Comitê
Sérgio Leite (PT) inaugura seu comitê hoje, às 19h, e promete muita cerveja gelada, pagode e poucos discursos. O escritório político do deputado fica na avenida Visconde de Suassuna, pertinho do Senac.

Rumo 1
Arraes, do PSB (foto), e Anthony Garotinho têm uma reunião decisiva, hoje pela manhã, em Brasília, que pode mudar completamente o rumo da corrida presidencial. Com conseqüências para Pernambuco.

Rumo 2
A expectativa do encontro é que Anthony Garotinho renuncie para disputar a reeleição no Rio de Janeiro, no lugar de sua mulher, Rosinha, que também renunciaria à candidatura.

Rumo 3
Aí o PSB apoiaria Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para presidente e Arraes disputaria uma das vagas do Senado com apoio do PT, que, para isso, tiraria Dilson Peixoto da disputa.

Rumo 4
Mantida essa arrumação, João Arraes, candidato a senador pelo PSB, também desistiria e a oposição teria dois nomes fortes para disputar o Senado, Arraes e Carlos Wilson (PTB).

Festa
Bruno Araújo do PSDB (foto), faz festa para marcar a inauguração do seu comitê, instalado na rua Visconde de Albuquerque, 796, na Madalena, próximo ao Hospital D'Ávila. Hoje, às 19h.

Visita
O embaixador da Finlândia, Asko Numminen, e o cônsul da Finlândia no Recife, Sérgio Lobo, visitaram, ontem, o DIARIO. Foram recebidos pelo diretor superintendente, Luiz Otávio Cavalcanti.

Atração
Augusto Coutinho e José Mendonça, do PFL (foto), inauguram o comitê conjunto hoje, às 19h, com muita música e uma atração especial: uísque escocês a R$ 2,50. Avenida avenida Boa Viagem, 106, Pólo Pina.


Editorial

AVANÇOS E RETROCESSOS

A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou relatório que mostra discreta melhora do Brasil nos aspectos analisados para a formação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O País subiu duas posições em relação ao ano passado na classificação das nações estabelecida pelo estudo mundial. Os resultados demonstram que os problemas básicos da população dependem de tempo e investimento para serem resolvidos.

Divulgado todos os anos desde 1975, o IDH destina-se a verificar o crescimento dos países a partir de critérios como expectativa de vida, nível educacional e renda per capita. O documento se destina a identificar os avanços e retrocessos em políticas de educação, saúde e geração de renda. O objetivo da iniciativa é chamar a atenção dos governos para carências específicas e apontar as áreas em que são obtidos bons desempenhos.

As conquistas do Governo atual em indicadores como combate à Aids e redução da mortalidade infantil ainda são insuficientes para tirar o Brasil de uma situação incômoda. Quando se analisa a concentração de renda reafirmada durante décadas, o País fica em penúltimo lugar, melhor apenas do que Serra Leoa, um dos países mais pobres da África.

O relatório da ONU aborda como assunto central o aprofundamento da democracia no Mundo. A ausência de tentativas de golpes, como as ocorridas na Venezuela e no Paraguai, mostra que o Brasil evolui bastante nesse aspecto, mas ainda fica numa posição intermediária. Nessa área, os melhores exemplos vêm da Noruega e Inglaterra.

A morte do prefeito paulista Celso Daniel, de Santo André, foi o momento mais chocante de uma onda de violência que se abateu sobre o Brasil no início do ano e revelou outra face das mazelas brasileiras - o desrespeito aos direitos humanos. A população chocou-se novamente há dois meses, quando tomou conhecimento do assassinato do jornalista Tim Lopes, no Rio de Janeiro, por traficantes da favela Complexo do Alemão. O envolvimento de policiais em grande parte dos crimes e a impunidade dos autores reforçam a imagem de País injusto.

Os problemas apontados pelo relatório das Nações Unidas constituem bom roteiro para o governo do sucessor do presidente Fernando Henrique Cardoso. Qualquer que seja a escolha dos eleitores, uma certeza sobressai. O pagamento da dívida social brasileira exigirá longa caminhada. Mas o primeiro passo não pode esperar.

Deve ser dado agora.


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07/25/2002


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