Candidatos assumem compromisso com jovens
Candidatos assumem compromisso com jovens
Rigotto e Tarso receberam documento da Fundação Ayrton Senna e afirmaram que irão tratar a juventude como prioridade
Diante de uma platéia formada por políticos, estudantes, empresários, organizações não-governamentais e outras entidades, os candidatos ao Palácio Piratini, Germano Rigotto (PMDB) e Tarso Genro (PT), assumiram ontem o compromisso de eleger os jovens como uma de suas prioridades num eventual governo.
O documento Por uma Política de Juventude foi entregue aos candidatos pela presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna, em uma cerimônia que antecedeu a pré-estréia do filme Uma Onda no Ar, de Helvécio Ratton, na sala 3 de cinema do shopping Iguatemi, na Capital.
O manifesto, do qual também são signatários a Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho e a Associação Brasileira de Magistrados e Promotores de Justiça da Infância e da Juventude, chama a atenção para a existência de uma “onda jovem no Brasil” – cerca de 34 milhões de brasileiros entre 15 e 24 anos. O texto lista uma série de ações (veja quadro ao lado) que deveriam ser colocadas em prática para a melhoria da qualidade de vida dos jovens. O mesmo manifesto foi entregue aos candidatos à Presidência da República.
– O que existe hoje são projetos de juventude e não política de juventude – afirmou Viviane.
Rigotto e Tarso trocaram cumprimentos no interior do cinema. Ao serem chamados ao palco, fizeram questão de se deslocar caminhando lado a lado, chegando a ensaiar abraços. Ambos comprometeram-se a incluir as propostas do documento em seus planos de governo.
A cerimônia marcou também o lançamento para 2003 da campanha de mobilização social da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho, que tem a mesma temática. O presidente do Conselho de Administração da RBS, Jayme Sirotsky, participou do encontro.
– Há um terreno baldio na política pública brasileira no que diz respeito à juventude – afirmou o presidente da Fundação, Léo Voigt.
Após a entrega do documento, foi exibido o filme Uma Onda no Ar, que conta a história da Rádio Favela, uma emissora comunitária criada na década de 80 por moradores do aglomerado da Serra, um conjunto de favelas de Belo Horizonte.
Petista apresenta pacote para estimular mercado
O programa, que reúne propostas do PT, será divulgado na sede da Fiesp
A coordenação do programa do PT lança às 11h de hoje, na sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), um pacote com propostas para estimular o mercado de capitais.
Entre as medidas apontadas no documento O Mercado de Capitais como Instrumento de Desenvolvimento Econômico estão o fim da tributação sobre os rendimentos dos fundos de pensão e a flexibilização do limite de aplicação por parte dessas entidades na Bolsa de Valores.
Atualmente, os fundos de pensão pagam Imposto de Renda sobre o lucro obtido em aplicações. Essas entidades também precisam seguir norma do Conselho Monetário Nacional (CMN), que fixou em 30% o limite de aplicações na Bolsa, podendo chegar a 45%, desde que sejam investimentos em ações de boa governança (nível 1, 2 e Novo Mercado).
De acordo com o documento, a cobrança do imposto deverá ser feita somente no momento em que o participante recebe o benefício. Além disso, o PT propõe que o governo deixe que o gestor do fundo decida sobre a melhor forma de aplicar os recursos da entidade.
– A legislação atual é restritiva e dá o mesmo tratamento a todos os fundos – afirmou o deputado Ricardo Berzoni (PT-SP), acrescentando que entidades mais novas têm fluxo de pagamento de aposentadoria pequeno e por isso podem fazer investimentos mais arriscados.
Com essas duas medidas, o PT vai contra o que o governo fez em relação aos fundos de pensão. Segundo a Secretaria de Previdência Complementar (SPC), a limitação das aplicações na Bolsa tem a finalidade de proteger o participante, já que se trata de um investimento de alto risco.
A questão do imposto foi acertada entre a Receita Federal e os fundos de pensão depois de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que concluiu que essas entidades não são imunes à tributação. Com isso, o governo arrecadou R$ 7,5 bilhões em atuações atrasadas dos últimos 18 anos e R$ 270 milhões em contribuições correntes, de janeiro a agosto deste ano.
Em entrevista coletiva, Antônio Palocci, coordenador do plano de governo de Lula, reiterou que não existe a possibilidade de um eventual governo decretar a moratória ou dar calote na dívida, nem de propor a centralização do câmbio.
– Centralização do câmbio e moratória, essas coisas todas estão fora do nosso vocabulário, fora do nosso dicionário e de nossas iniciativas. Calote também. Se o PT ganhar, isso está fora da nossa pauta e das nossas projeções.
Segundo Palocci, Lula ainda está avaliando se fará ou não um novo pronunciamento público reiterando seus compromissos na área econômica.
Atrizes entram na batalha pelo voto
O depoimento da atriz Regina Duarte, veiculado em programa de José Serra (PSDB) no horário eleitoral, no qual ela diz temer uma possível vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), provocou reações adversas no meio artístico e político.
Ontem o PT, em resposta, veiculou declaração da também atriz Paloma Duarte, que se disse chocada com o uso de “terrorismo” pela campanha tucana. As duas não têm parentesco.
Paloma e seu marido, o ator Marcos Winter, apóiam o candidato petista desde o primeira turno. A atriz, que disse ter procurado a equipe de campanha de Lula para dar seu depoimento, afirmou que o povo já convive com vários medos no dia-a-dia, como o “medo de morrer doente na fila de um hospital público”. Ela concluiu dizendo que “não merece respeito” um candidato “que precisa aterrorizar”.
O senador eleito Aloizio Mercadante (PT-SP) afirmou ontem que outros artistas devem seguir o exemplo de Paloma Duarte e aparecer no programa eleitoral de TV de Lula nos próximos dias.
– Foi uma movimentação espontânea do meio artístico. Não fomos nós que procuramos pelos artistas, foram eles que vieram até nós protestar contra a atitude de Regina Duarte.
Em sua declaração, Regina disse que tem medo de que o Brasil “perca a estabilidade conquistada” e que vitórias como a inflação baixa “sejam postas na lata do lixo”. O depoimento da atriz já havia provocado uma nota de repúdio da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e protestos de diretores de teatro e de cinema e intelectuais, que a acusaram de terrorismo.
O publicitário Nelson Biondi, que compõe o trio de marqueteiros do candidato José Serra, disse que não serão mais veiculadas as declarações da atriz. Biondi afirmou que foram apenas três inserções de Regina, que já ocorreram. A assessoria de imprensa da atriz disse que ela se retirou para descansar no interior de São Paulo e não comentaria a polêmica.
No meio da tarde, a cúpula tucana distribuiu uma nota para refutar as críticas feitas à atriz. O texto diz que Regina foi chamada de terrorista “simplesmente porque expressou de livre e espontânea vontade seus sentimentos e preocupações com o futuro do Brasil”.
Chávez faz elogios a Lula
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, elogiou ontem em Roma o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, definindo-o como “o representante de uma corrente renovadora”.
– A possível vitória de Lula vai marcar um poderoso passo adiante de uma corrente renovadora que percorre a América Latina por todas as partes – afirmou Chávez.
Chávez, que enviou a Lula uma espada de Simon Bolívar para presenteá-lo pela votação obtida no prim eiro turno das eleições, definiu o petista como “um operário, um trabalhador, um homem humilde e muito honesto com o qual compartilhamos visões”.
A ligação de Hugo Chávez com Lula chegou a ser aludida pelo adversário do petista na disputa, José Serra (PSDB). O tucano relacionou a eventual vitória de Lula a uma situação de instabilidade política, como a vivida atualmente pela Venezuela.
– Um golpe no Brasil? Não acredito. Creio que as Forças Armadas brasileiras estão convencidas de que entramos em um novo ciclo – disse Chávez.
Segundo ele, será preciso um consenso dos países da América do Sul, como Brasil e Argentina, para encontrar uma saída conjunta para a dívida externa.
– Em 30 anos, pagamos o dobro do valor que devíamos e hoje a dívida é maior – declarou Chávez, convidado de honra da cerimônia realizada pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), no Dia Mundial da Alimentação.
Pesquisa aponta empate técnico em Santa Catarina
Luiz Henrique aparece na frente com 47% das intenções de voto contra 45% de Amin
A pesquisa de intenção de voto estimulada, realizada pelo Instituto Mapa/DC e divulgada ontem, mostra empate técnico entre os candidatos Luiz Henrique da Silveira (PMDB) e o governador licenciado Esperidião Amin (PPB).
Eles aparecem respectivamente, com 47% e 45% das intenções de voto. A margem de erro da pesquisa é de 2,3 pontos percentuais para mais ou para menos.
O crescimento da candidatura de Luiz Henrique o colocou na situação de líder na corrida ao Palácio Santa Catarina, pela primeira vez no atual pleito. O índice de indecisos é de 5%.
Com relação ao estudo anterior, Amin se manteve no mesmo patamar, enquanto Luiz Henrique cresceu dois pontos. Na pesquisa de intenção de voto espontânea, Luiz Henrique aparece na liderança, mas a diferença é de um ponto percentual. Luiz Henrique tem 43% e Amin, 42%. O índice de rejeição do governista continua mais alto do que o do peemedebista: 33% a 28%.
Segundo a pesquisa, os eleitores catarinenses escolheriam Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como o próximo presidente da República. Ele venceria o pleito por 65% dos votos, contra 29% de José Serra (PSDB).
O instituto ouviu 1,6 mil pessoas em 65 municípios entre os dias 14 e 16 de outubro.
A disputa acirrada entre os dois candidatos ao segundo turno fez com que o clima da campanha esquentasse. Ontem pela manhã, durante uma entrevista para uma estação de rádio, Luiz Henrique e Amin trocaram ofensas.
Ontem o TRE catarinense, a pedido da coligação que apóia Amin, proibiu que o candidato do PMDB usasse imagens do candidato petista à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, durante seus programas no horário eleitoral.
Justiça Eleitoral homenageia mesários veteranos
Em solenidade na Capital, o TRE entregou placas de prata comemorativas aos 10 colaboradores mais antigos
Posar para fotos com amigos conquistados durante os 22 anos em que preside a mesa da 80ª Seção da 2ª Zona Eleitoral, na Capital, foi a forma escolhida pela professora aposentada Paulina Knijnik para registrar a homenagem que recebeu ontem do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Acompanhada dos outros nove mesários mais antigos da Capital, Paulina, 72 anos, foi agraciada com uma placa de prata pelo tribunal em sessão solene que destacou os principais colaboradores da Justiça Eleitoral no Estado.
Na cerimônia, também foram contemplados com uma placa os colaboradores da campanha Mesário Cidadão, que estimula a participação dos convocados para o serviço eleitoral. O TRE aproveitou a ocasião para ressaltar o trabalho da imprensa e de entidades que auxiliaram a Justiça Eleitoral na divulgação e organização do pleito.
Na lista de homenageados, estavam a Assembléia Legislativa, a Câmara Municipal de Porto Alegre, a Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (Agert) e empresas de comunicação, entre as quais a RBS, representada pelo diretor vice-presidente Afonso Antunes da Motta. Segundo o presidente do TRE, desembargador Marco Antônio Barbosa Leal, o êxito do primeiro turno das eleições deve-se em parte às parcerias bem-sucedidas.
Para Paulina, a mais antiga colaboradora do TRE, trabalhar nas eleições é sempre um prazer. Orgulhosa de ter acompanhado a evolução do pleito e a informatização do voto, ela se considera uma felizarda:
– Me sinto útil ajudando o país e em dia com a cidadania sendo mesária. Enquanto minha cabeça estiver em ordem, seguirei trabalhando nas eleições.
Dividindo com os três filhos adolescentes a alegria da homenagem, a professora estadual Nilda Alves, 55 anos, relembra a primeira vez em que trabalhou como mesária, em 1986:
– Lembro de ter ficado deslumbrada diante da responsabilidade, mas feliz. Hoje posso dizer que acompanhei de perto a evolução do processo.
Além dos colaboradores veteranos, o tribunal prestou homenagem à funcionária pública aposentada Zilah Milano. Aos 82 anos, ela se destacou por ter pedido à Justiça Eleitoral para ser mesária. Eleitora desde a década de 40, Zilah espera assumir novamente o desafio de presidir uma mesa eleitoral no futuro.
Serra e Lula pedem votos no Estado
Os candidatos cumprem roteiros amanhã, e Rita Camata visita a Região Metropolitana hoje
Amanhã é dia de campanha presidencial no Estado. José Serra (PSDB), pela manhã, e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), à tarde, vêm pedir votos aos gaúchos provavelmente pela última vez antes do segundo turno, no dia 27.
Hoje, a candidata a vice-presidente na chapa de Serra, Rita Camata, faz campanha na Região Metropolitana.
Rita começa a campanha já pela manhã, quando fará uma caminhada no Mercado Público, no centro de Porto Alegre. Almoça em Cachoeirinha e visita, à tarde, Gravataí, Esteio e São Leopoldo. Às 19h, a candidata a vice encerra a agenda com a inauguração de um comitê suprapartidário em Novo Hamburgo.
A programação de Serra se restringe à Capital. Às 10h30min, o candidato fará uma caminhada na Rua dos Andradas, com concentração na Esquina Democrática. Em seguida, no Galpão Crioulo do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, encontra-se com líderes e militantes dos partidos que sustentam sua candidatura.
Segundo o secretário-geral estadual do PSDB, Ademir Schneider, o objetivo é irradiar a campanha do Rio Grande do Sul para o resto do país. O atual governo petista, alvo de críticas nos programas de Serra, é a chave da estratégia.
– O Rio Grande do Sul sinaliza que vai mudar, e queremos mostrar isso para todo o Brasil – explica Schneider.
De acordo com o tucano, há uma tentativa de agendar nova visita de Serra na próxima semana, mas ainda não existe nenhuma definição. Depois, Serra segue para Maringá, no Paraná.
A chegada de candidatos do PT ao segundo turno em oito Estados – desempenho superior ao esperado pelo partido – deve fazer com que Lula só venha ao Rio Grande do Sul uma vez durante a campanha do segundo turno. Segundo o coordenador de campanha do petista no Estado, Paulo Ferreira, o candidato tem de dividir o tempo entre os Estados onde o PT está no segundo turno ou apóia algum candidato.
A visita, provavelmente a última de Lula ao Estado, começa amanhã, às 15h, em Santa Maria, com uma carreata do aeroporto até a antiga estação da Viação Férrea, onde haverá um ato público. A expectativa é reunir cerca de 30 mil militantes vindos da Metade Sul do Estado.
– É uma cidade significativa, a prefeitura é petista e Tarso tem uma história ligada ao município – diz Ferreira.
No final da tarde, Lula vem a Porto Alegre, onde o PT promove o Comício da Vitória, à noite, no Largo da Epatur. O ato terá a presença dos candidatos petistas às propor cionais, de Tarso e do candidato a vice em sua chapa, Miguel Rossetto, além de integrantes dos partidos que apóiam os petistas.
Petista recebe apoio de mineiros
O PT e o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, organizaram ontem, em Brasília, um ato para dar visibilidade ao apoio de políticos mineiros do PFL e do PMDB ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Com direito a café da manhã e a uma solenidade com discursos, Lula recebeu o apoio do vice-governador eleito de Minas, Clésio Andrade (PFL), do deputado eleito pelo PMDB Marcelo Siqueira e do senador Amir Lando (PMDB-RO). O evento de Minas foi selado com um encontro com o tucano Aécio Neves, governador eleito, no hangar da Líder Táxi Aéreo. O tucano reiterou, em entrevistas na tarde de ontem, manter seu voto no adversário de Lula, José Serra (PSDB), mas posou para fotos sorrindo ao lado do petista.
Na solenidade organizada em um hotel de Brasília, Lula afirmou que, se eleito, irá governar sem fazer distinção partidária:
– Se eu for eleito, a relação do governo federal com os Estados não terá coloração partidária. Todos os governadores serão tratados em condição de igualdade – afirmou Lula.
Itamar também fez um rápido pronunciamento e afirmou que, se dependesse dos mineiros, o petista já estaria eleito presidente da República:
– Acredito que a ética sempre estará presente num governo do PT.
Lula prometeu também discutir com os governadores políticas de desenvolvimento regional, segurança pública e aproveitou para criticar o governo Fernando Henrique Cardoso.
– Hoje os Estados só são chamados para discutir dívidas. Precisamos discutir desenvolvimento regional, porque as características de desenvolvimento são diferentes. Temos de ouvir, não dá para fazer projetos de Brasília. Têm de nascer nos Estados.
Tucano ganha reforço de evangélicos
Nas gravações para o horário eleitoral, em São Paulo, o candidato à Presidência José Serra (PSDB) recebeu a confirmação do apoio de parte da igreja evangélica Assembléia de Deus, que congrega cerca de 10 milhões de fiéis no país.
Na semana passada, um outro grupo de pastores, também da Assembléia de Deus, representando 8 milhões de fiéis, havia apoiado o candidato tucano.
Serra conta agora com toda a Assembléia de Deus e disse que a Igreja do Evangelho Quadrangular também está a seu lado.
– Viemos confirmar ao nosso senador José Serra o apoio da igreja evangélica Assembléia de Deus – disse o presidente da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil (CGADB), pastor José Wellington, em entrevista na produtora onde o candidato grava os programas do horário eleitoral.
O candidato voltou a cobrar de Lula a participação nos debates. O tucano afirmou que Lula “tem receio de discutir idéias”:
– Como não pode dizer que tem receio de discutir idéias, ele (Lula) responde com arrogância. Quando não quer debater, ou ele não tem idéia para o Brasil ou não quer expô-la – disse.
No topo do ranking eleitoral do PT
Comemorando a maior votação da bancada federal petista nestas eleições, a professora e deputada estadual Maria do Rosário tem confirmado o título de campeã de votos entre os gaúchos.
Reconhecida pela defesa dos direitos humanos e movimentos sociais, ela agora se prepara para estender à Câmara dos Deputados a batalha contra a violência e exploração sexual de mulheres, crianças e adolescentes.
Com uma eleição que chegou aos 143.882 votos, sendo mais de 68 mil só em Porto Alegre, Maria do Rosário garantiu sua ida a Brasília reforçando o trabalho iniciado há uma década, quando obteve seu primeiro mandato, na Câmara de Vereadores da Capital.
Nesse período, a alfabetizadora trocou os comandos de greve do magistério pela tribuna, disputou quatro eleições, teve uma filha, presidiu a Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Assembléia Legislativa e hoje responde pela vice-presidência do Legislativo estadual.
Nos últimos três meses, período no qual intensificou sua campanha, Maria do Rosário visitou todas as regiões do Estado, divulgando o projeto petista e sua atuação a favor dos direitos dos trabalhadores e da inclusão social. O sucesso nas urnas, ela credita ao reconhecimento de uma trajetória marcada pelo respeito aos direitos de mulheres, crianças e adolescentes.
– Tenho muita honra de ter sido eleita para a Câmara, apostando em um trabalho contra as contradições sociais. Meu objetivo é levar ao debate nacional os assuntos que venho tratando no Estado ao longo desses anos – comenta.
Trajetória
Natural de Veranópolis, mas vivendo em Porto Alegre desde os seis anos, Maria do Rosário venceu sua primeira eleição aos nove, ao ser considerada a melhor companheira da escola. Quatro anos depois, começou a atuar no movimento estudantil, de onde saiu filiada ao PC do B, partido pelo qual se elegeu vereadora em 1992. Nos dois pleitos seguintes, já no PT, foi reeleita vereadora e conduzida à Assembléia Legislativa.
– Valorizo muito a minha trajetória partidária. O PC do B foi o partido da minha adolescência, e o PT, o da vida madura – comenta.
Família
Fora da política, os grandes olhos e azuis de Maria do Rosário brilham ao falar da família. Casada há 11 anos com o professor de história Eliezer Pacheco, secretário municipal de Educação e coordenador político de sua campanha, ela faz questão de dedicar o escasso tempo livre que tem à filha Maria Laura, de dois anos.
Sempre que pode, a deputada faz questão de levar a menina à escola e não tem planos de mudar-se com a família para Brasília. Quer garantir o cotidiano da filha em Porto Alegre, onde estão os tios e avós, e aproveitar para consolidar seu vínculo com a cidade.
– Eu não deixo minha família em segundo plano. Sou uma trabalhadora como milhares de mulheres. Meu desafio como deputada federal será manter um vínculo com Porto Alegre – afirma a deputada, que já planeja inaugurar um escritório político na Capital.
Eleita, Maria do Rosário tem se dedicado ao segundo turno das eleições. Integrada à equipe que coordena a campanha de Tarso Genro ao Palácio Piratini há uma semana, ela deverá intensificar as viagens ao Interior, para divulgar a candidatura.
– O melhor de Porto Alegre é a participação de seus habitantes nas conquistas da cidade. Temos de manter esse conceito no Estado inteiro e impedir que os gaúchos abram mão disso – diz.
Futuro político
Sem querer fazer previsões sobre seus próximos embates nas urnas, Maria do Rosário considera prematuros os rumores de que seria cotada para disputar a prefeitura da Capital, em 2004. Mesmo reconhecendo suas expressivas votações, ela prefere pensar em um desafio de cada vez.
– É muito cedo para falar em prefeitura. Quero é fazer bem o meu trabalho de deputada federal e honrar os votos que recebi – declara.
Se a decisão dependesse apenas da comprovação de sua popularidade nas ruas da cidade, a deputada não teria motivos para se preocupar. Na última terça-feira, em um rápido deslocamento da Assembléia Legislativa ao bairro Partenon, foram mais de uma dezena de cumprimentos e acenos pela eleição a cada parada nos semáforos ao longo do trajeto.
– Esse é o melhor termômetro para medir que o nosso trabalho está dando certo – declara a deputada, com um sorriso largo no rosto.
Artigos
Ah! Esses instrumentos políticos...
Percival Puggina
Nós, brasileiros, somos acometidos de súbita inapetência quando os instrumentos políticos são servidos na mesa de discussão. Cruzamos os talheres e escolhemos outra peça do cardápio, deixando de lado, sistematicamente, aquele que deveria ser o prato principal. Temos a tendência de atribuir nossos males às pessoas e jamais nos interessamos em espichar um olho crítico para as instituições dentro das quais elas operam. Pagamos muito caro por essa desatenção.
A imprensa nacional destacou como fato pitoresco a eleição de congressistas com umas poucas centenas de votos, levados para a Câmara dos Deputados na esteira do doutor Enéas. Um milhão e meio de eleitores paulistas votaram nele e, sem querer, transformaram em parlamentares outros cinco candidatos que ninguém conhece. Atiraram no que viram, acertaram no que não viram, e fica tudo por isso mesmo, como se a sorte tivesse bafejado alguns afortunados na loteria eleitoral.
Adotamos um modelo que produz tudo o que deveríamos evitar e impede que se realize o que precisamos buscar
Acontece que fenômeno semelhante vem se repetindo há décadas, em todos os pleitos, em toda parte. Sempre que um candidato obtém uma votação excepcional, acaba presenteando mandatos a outros parlamentares da mesma legenda, que se elegem com votação bem inferior à de muitos que, noutros partidos, ficam na suplência. O caso Enéas é, apenas, o mais recente e o mais emblemático exemplo dessa inconveniência do sistema proporcional que adotamos para eleger deputados federais, estaduais e vereadores.
Contudo, ela não expressa o maior nem o mais grave defeito a ser apontado no sistema proporcional. Existem outros: a) graças aos seus azares e sortes, regiões inteiras ficam sem representação enquanto outras ganham representação excessiva; b) as campanhas eleitorais se tornam cada vez mais caras porque, sem limitação de território, os candidatos se obrigam a buscar votos em toda parte (com isso, impõe-se o atrelamento de candidatos e partidos a interesses econômicos ou a formação de escabrosas caixinhas); c) estimulam-se as representações corporativas e de grupos de interesse, o que compromete a função política de realizar o bem comum; d) multiplicam-se os partidos nanicos, cujo único objetivo é eleger um parlamentar ou albergar algum infiel; e) aumenta-se a distância entre o eleito e o eleitor.
Como se vê, adotamos um modelo que produz tudo o que deveríamos evitar e impede que se realize o que precisamos buscar: a) a adequada representação política de todas as regiões; b) a redução da influência do poder econômico sobre o poder político; c) a promoção do bem comum; d) a drástica diminuição do número de partidos; e) o maior conhecimento e vínculo entre o eleito e o eleitor.
Tais objetivos seriam alcançados com a adoção do voto distrital misto. Infelizmente, porém, enquanto tudo avança, continuamos a fazer política como fazíamos no início do século passado, sem percebermos que o atraso institucional dá causa ao atraso social e econômico.
Colunistas
ANA AMÉLIA LEMOS
Tradição e reeleição
Se depender do voto do deputado Delfim Netto (PPB-SP), o futuro presidente da Câmara Federal sairá da bancada do PT. Também se depender dele, o novo Congresso que recém saiu das urnas em 2003 deve eliminar o direito à reeleição, em todos os níveis. Ao defender o direito do PT de indicar o candidato à presidência da Câmara, por ser a maior bancada, Delfim Netto foi taxativo: “No Congresso, palavra e tradição não se golpeiam”. Dessa forma, o ex-ministro se recusa a admitir a aliança que o PSDB quer construir com o PPB com o objetivo de comandar a Câmara.
Duro crítico do governo, Delfim Netto, que foi reeleito com mais de 130 mil votos, na entrevista dada ontem à Rádio Gaúcha foi implacável. Disse que “pior que a grave herança econômica é a trágica herança política que deixa FH.” O erro mais grave, na percepção do ex-ministro, “foi o presidente ter estimulado a reeleição sem controle social, o que representou um retrocesso no processo político”. A saída? O parlamentar paulista prefere uma mandato de cinco ou seis anos, sem reeleição. Pelo menos nesse ponto José Serra concorda com seu adversário Delfim Netto.
Defensor de um Banco Central independente, o ex-ministro não tem dúvida de que será Luiz Inácio Lula da Silva que irá, a exemplo de Tony Blair na Inglaterra, tomar a iniciativa de promover essa mudança. Nome respeitado nas ciências econômicas, o ex-professor da USP Delfim Netto tem na ponta da lingua uma explicação para seu apoio ao candidato da oposição. “Eu continuo onde sempre estive. O Lula é que mudou”, citando alguns itens do programa do candidato, apresentados na Carta de Ribeirão Preto.
A iniciativa de Lula e da Bolsa de Valores de São Paulo, que hoje anunciam uma carta de compromisso em relação à dívida interna e externa, pode ter reflexos sobre o mercado financeiro e cambial, acredita o deputado paulista, que faz previsões nada animadoras sobre o crescimento da economia em 2003. Neste ano fecha com melancólicos 2,3% e no ano que vem menos que isso.
JOSÉ BARRIONUEVO
Amadorismo e falta de unidade
Uma circulada pela Assembléia Legislativa permite compreender a queda do candidato favorito a governador que estava repetindo aqui uma postura e um favoritismo que distingue Lula no contexto nacional, a um passo da Presidência da República. Deputados antigos e novos da oposição, que representa mais de 70% da força contrária ao governo Olívio e ao PT, conversam animados em roda de cafezinho, relaxados, felizes.
Já desativaram as estruturas de campanha em que asseguraram mandato parlamentar, eleição que se esgota no primeiro turno. Quem tentou manter sua equipe mobilizada, como o ex-ministro Francisco Turra (PPB), eleito deputado federal, se surpreendeu pela improvisação e amadorismo do comando da campanha de Rigotto. Somente hoje, na metade do segundo turno, seria inaugurado um comitê central com a participação dos seis partidos que apóiam Rigotto no segundo turno.
Esquerda do RS vai marcar Lula de cima
A vitória de Tarso é uma questão de honra para os segmentos mais à esquerda no Estado, no País e no Exterior. Todos estão mobilizados, do governador Olívio Dutra, convocado para a campanha e presente agora nos programas de TV, a Marcos Rolim, que não se reelegeu, sufocado por ser light demais para a mesma esquerda que governa o Estado. A vitória do PT consagra o governo Olívio e fortalece os setores mais à esquerda, que vão marcar de cima um provável governo Lula, para que cumpra a promessa anunciada no Fórum Social Mundial, há nove meses, em Porto Alegre, de fazer um governo de transição para o socialismo. Dos oito deputados federais eleitos pelo PT do RS, seis participaram da chamada bancada de ultra-esquerda, segundo foi noticiado ontem a partir de uma reunião realizada terça-feira em São Paulo.
Em defesa da liberdade de opinião
Germano Rigotto e Tarso Genro foram enfáticos ontem na defesa da liberdade de imprensa, discordando da onda de processos contra jornalistas por crime de opinião. A maioria dos jornalistas que participaram da entrevista individual com os dois candidatos no Hotel Sheraton centrou suas perguntas em cima da preocupação com os processos do governo Olívio contra jornalistas. Tarso também reconheceu a relação difícil da imprensa com a assessoria de comunicação social do Piratini, comandada por Guaracy Cunha: “Não possa imaginar que esteja havendo conspiração, que todo mundo tenha combinado de reclamar”.
O Clube de Editores e Jornalistas de Opinião, presidido por Júlio Ribeiro, será guardião das posições assumidas para cobrar no futuro de quem for eleito. Foi um momento importante da campanha. Permite imaginar que será vencida dentro de 76 dias uma página de intolerância, um período marcado pela postura autoritária de um governo que não admite a crítica, não aceita a divergência.
Armação no Sebrae
Está dada a largada para mais uma sucessão tumultuada no Sebrae/RS. O conselho se reúne hoje às 9h. Humberto Ruga finca pé e não entreg a seu lugar no conselho para o novo presidente da Federasul, Paulo Feijó. Ao mesmo tempo, uma aliança da Associação dos Jovens Empresários com o Palácio Piratini equilibra a disputa em seis a seis, faltando o voto do Sebrae nacional.
Horto dos Oliveira
Quem coordenou o debate na Bandeirantes foi Felipe Vieira, que desde ontem encontra dificuldades para explicar que não tem Oliveira no nome. O colega, que participou da entrevista no Sheraton ao lado de Rosane de Oliveira e de Rodimar Oliveira, da equipe de ZH, ficou impressionado pelo índice de leitura da coluna, que trocou o nome do ilustre escriba.
Felipe Oliveira é um destacado advogado criminalista da praça (leia-se Estado, não só o endereço, Praça da Matriz, 105, um prédio que só abriga craques: Marco Aurélio Oliveira, Nereu Lima, Rubens Ardenghi, Amaral de Souza, Sérgio Figueiredo, Niderauer Correia, Selvino Lopes Neto).
Mirante
• Programa de Lula deu um show de qualidade, consolidando o favoritismo do candidato. A única munição utilizada no programa de Serra é buscada em tropelias cometidas no governo Olívio.
• Fórum em Defesa do Serviço Público vai entregar ao presidente da Assembléia um pedido para que o governador seja processado por crime de responsabilidade por deixar várias categorias sem reajuste e por não ter reposto nos salários as perdas da inflação.
• Presidente do IPE, Ronaldo Küfner, restabeleceu em 24 horas o atendimento para beneficiários do instituto no hospital de caridade de Santa Maria.
• PDT se reúne hoje com Rigotto. Às 11h no Continental. Pedro Ruas manda representantes. Está com Tarso. É conhecido como RCA Victor.
• Um desacerto adiou a inauguração do comitê pluripartidário de apoio a Rigotto, hoje, na Travessa do Carmo. Não foi aceito por ser a sede metropolitana de um dos partidos, o PTB. Coisa miúda.
• O deputado Marco Peixoto será processado pela Justiça. Pela nova lei da imunidade parlamentar, não depende de autorização da Assembléia. Vai terminar exercendo todo o mandato. Basta pegar o Nereu Lima, que salvou a pele de Ronaldo Zülke, também consagrado nas urnas.
• Haverá uma audiência pública hoje da subcomissão dos direitos da criança e do adolescente para lançamento da edição especial do estatuto. Sob o comando da deputada Maria do Rosário (PT), às 10h30min.
• Deputado do PFL, Marlos Santos não dependeu do partido para se eleger. Vai atuar em faixa própria.
• O “efeito cagaço” da pesquisa pode ajudar Rigotto.
• Deputado Fortunati, presidente da Câmara, ameaçou cancelar as transmissões de TV se o PT continuar usando adesivos, tipo macacão do Barrichello.
ROSANE DE OLIVEIRA
Novas emoções
A redução da vantagem de Germano Rigotto sobre Tarso Genro esquenta a campanha eleitoral no Rio Grande do Sul. Ainda que a diferença seja de quase 15 pontos percentuais, não é caso para Rigotto se considerar eleito, nem para desespero nas hostes de Tarso. No segundo turno, cada ponto que um perde vai parar na conta do outro – daí porque tantas reviravoltas estão ocorrendo Brasil afora.
A 10 dias da eleição, os números são amplamente satisfatórios para Rigotto. Além de ter 54,5% das intenções de voto, 66,1% dos eleitores acham que será o vitorioso. Em relação à pesquisa anterior, porém, o candidato do PMDB perdeu 4,3 pontos percentuais e Tarso ganhou 3,9 pontos. E a rejeição, praticamente inexistente no primeiro turno, atingiu um nível mais realista para um confronto de segundo turno: 30% disseram que não votariam em Rigotto de jeito nenhum. O índice de rejeição de Tarso é de 37%.
Com tempos iguais na TV e idêntica exposição nos meios de comunicação, os dois travam uma batalha contra o calendário: Rigotto para segurar seus índices até 27 de outubro e Tarso para conquistar eleitores que no primeiro turno votaram em Celso Bernardi, Antônio Britto ou nos candidatos de partidos nanicos.
O maior indício de que não é prudente tomar as pesquisas como coisa definitiva é o que está ocorrendo com candidatos que tinham tudo para vencer no primeiro turno. O governador Esperidião Amin, por exemplo, era até perto do final da campanha o favorito para vencer no primeiro turno em Santa Catarina. Agora, foi ultrapassado por Luiz Henrique da Silveira. O ex-prefeito de Joinville é o mais novo aliado do PT de Lula, apesar de seu partido, o PMDB, estar oficialmente coligado com José Serra. Emblemático também é o caso de Zeca do PT, em Mato Grosso do Sul, cuja vitória era dada como certa e que agora tem a tucana Marisa Serrano nos calcanhares.
Editorial
UM FILME REAL DEMAIS
A convite da reportagem deste jornal, quatro adolescentes de uma vila carente da Capital assistiram na semana passada ao filme Cidade de Deus, produção nacional que já levou quase 2 milhões de espectadores ao cinema. Trata-se de uma reportagem cinematográfica sobre a guerra do tráfico numa grande favela do Rio de Janeiro, que expõe com crueza a vida e a morte de jovens envolvidos com as drogas e com o crime. O impressionante da experiência é que os quatro garotos porto-alegrenses, entre 16 e 18 anos, identificaram-se totalmente com os personagens do filme e confirmaram que as cenas de sangue, violência, tiroteios e uso de drogas do longa-metragem são absolutamente comuns no seu cotidiano.
É incontestável que os índices de criminalidade da Capital gaúcha ainda são muito inferiores aos das grandes metrópoles do centro do país, mas a familiaridade dos jovens com a realidade retratada no filme é um indicador preocupante. De acordo com as entrevistas, todos os depoentes já passaram por situações de violência e convivem diariamente com delinqüentes e traficantes. Uma das meninas entrevistadas contou que um amigo seu foi preso por tráfico de drogas e ficou feliz porque sua foto apareceu no jornal. Eis aí uma deformação que deve servir de alerta para autoridades, pais e lideranças da sociedade: à falta de oportunidades de ascensão social, os jovens vêem no crime uma possibilidade de reconhecimento.
A principal saída para o intrincado labirinto da droga é a educação, que transforma e abre portas
O problema, todos sabemos, é muito mais complexo. Envolve condição social, privações diversas, desagregação familiar, exclusão escolar e desemprego, entre outros fatores que empurram os jovens para a criminalidade. Mas a droga está cada vez mais no centro deste processo degenerativo da sociedade, porque oferece uma alternativa econômica real, ainda que à custa de vidas. Porém, tanto na dolorosa reportagem cinematográfica quanto na entrevista com os adolescentes de Porto Alegre fica claro que a única saída do intrincado labirinto é a educação. Se há uma maneira de resgatar estes meninos e meninas para uma vida digna e produtiva esta só pode ser a oferta de escola e de atrativos capazes de concorrer com a ilusão letal dos tóxicos. A educação transforma, abre portas, encaminha para o trabalho e para a construção de valores sociais edificantes.
O filme e o testemunho dos adolescentes da periferia porto-alegrense merecem ser considerados com atenção pelas lideranças políticas e sociais que realmente têm interesse em buscar soluções para o mais dramático dos problemas do país, que é a degeneração da sua juventude.
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10/17/2002
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