Cândido: aplausos dos franceses não se repetiriam no Congresso brasileiro



O senador Geraldo Cândido (PT-RJ) afirmou, nesta quinta-feira (1º), que os aplausos recebidos dos deputados franceses pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, pelo discurso na Assembléia Nacional da França, não se repetiriam no Congresso brasileiro, em função do quadro interno de instabilidade social e econômica que está colocando "um peso enorme sobre os ombros e a barriga de milhões de brasileiros".

Cândido estranhou a afirmação do presidente da República de que é chegada a hora de colocar limites às distorções e aos abusos do mercado internacional. "Se ele realmente quisesse trabalhar nesse sentido, teria determinado à base governista que aprovasse projeto de lei de minha autoria dispondo sobre a aplicação dos tetos tarifários previstos pelo Acordo Agrícola firmado pelo Brasil junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre operações de importação de produtos agropecuários", disse.

Segundo Geraldo Cândido, os países desenvolvidos estão lançando mão de medidas protecionistas cada vez mais extremas para garantir rendas agrícolas, enquanto o governo brasileiro, indiferente aos vultosos prejuízos sofridos pelos agricultores brasileiros, prossegue com a política de liberalização radical da economia agrícola nacional.

O senador pelo Rio de Janeiro também se referiu a críticas do sociólogo francês Alain Touraine feitas ao presidente Fernando Henrique. Touraine reconheceu ser Fernando Henrique Cardoso a maior personalidade política das Américas, mas lamentou que seu governo não tenha dado mais atenção ao movimento popular nem tenha combatido as desigualdades sociais que permaneceram grandes no Brasil, mesmo depois de seus dois mandatos.

TORTURA

No mesmo pronunciamento, Geraldo Cândido fez menção ao relatório da Anistia Internacional, denunciando o Brasil como uma das dez nações que mais praticam tortura policial no mundo e afirmando ter o país entrado no século XXI usando contra os prisioneiros pobres os mesmos instrumentos de tortura utilizados no regime militar contra os presos políticos. "Esse fato não é novidade para muitos de nós. Somente uma apuração detalhada e sistemática dos fatos, com punição dos culpados, pode combater esse flagelo", concluiu o senador.

01/11/2001

Agência Senado


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