Cândido critica pacote de direitos humanos de FHC



O senador Geraldo Cândido (PT-RJ) disse nesta quinta-feira (16), em Plenário, que o "pacote" contendo 1.500 itens na área dos Direitos Humanos lançado recentemente pelo presidente Fernando Henrique Cardoso "não passa de uma tremenda demagogia" , um conjunto de iniciativas que somente poderá ser adotado por outro governo.

Prova de que o pacote não tem seriedade, para Geraldo Cândido, é que o governo acaba de vetar, alegando "inconstitucionalidade e questões semânticas", projeto de iniciativa da ex-senadora Benedita da Silva que pretendia regulamentar o direito de propriedade das terras remanescentes dos quilombos para os negros que habitam historicamente aquelas áreas.

Segundo Cândido, é flagrante o descaso do atual governo com a melhoria da situação social dos negros que, no seu entendimento, continuam ainda nas senzalas, só que em pior situação, pois "ao menos ali eles tinham casa e comida, enquanto agora têm somente o chicote".

Para tomar contato com a situação vivida pelas pessoas da raça negra no Brasil, disse Cândido, é suficiente ir à Cinelândia, um bairro do centro do Rio de Janeiro, para ver crianças negras abandonadas, na mais completa miséria. No entendimento do senador, "o mito da democracia racial no Brasil está caindo". O dia 13 de maio, aniversário da assinatura da "lei Áurea", que aboliu a escravidão no país, não é para ser comemorado, na opinião do senador, sendo apenas um dia de luta, pois de lá até hoje "nada se fez no Brasil para se tenham direitos iguais entre negros e brancos".

Em aparte a Cândido, o senador Chico Sartori (PSDB-RO) disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso vai entrar para a História "como o governante que mais fez pelo social, principalmente para os menos favorecidos". Ele citou como exemplo a "excelente administração de José Serra à frente do Ministério da Saúde".

Cândido agradeceu o aparte de Sartori mas lamentou não poder concordar com ele, uma vez que dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram o contrário, ao divulgar os principais indicadores sociais do país. O senador disse ainda ser a área da saúde um dos piores exemplos, já que o Brasil está vivendo a volta de grandes surtos de doenças há muito superadas, como a tuberculose, a hepatite, a meningite e a dengue. Cândido destacou que, no Rio de Janeiro, já foram registrados mais de 100 mil casos de dengue e mais de 100 óbitos provocados por essa doença.



16/05/2002

Agência Senado


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