Marisa Serrano critica Lula por não ter defendido os direitos humanos em Cuba



A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) acusou o governo Lula, nesta quarta-feira (3) de tornar-se cúmplice da violação aos direitos humanos em Cuba, por não ter condenado a situação dos presos políticos em recente visita ao país, ocasião em que morreu o dissidente Orlando Zapata Tamayo, após 85 dias de greve de fome. Serrano observou que Lula teria apenas lamentado que "uma pessoa se deixe morrer", quando o próprio presidente usou o recurso da greve de fome quando também foi preso político.

A senadora observou que, ao contrário da postura assumida pelo governo brasileiro, os Estados Unidos e a União Europeia cobraram, de imediato, a libertação de 200 presos políticos cubanos. Ela fez referência ainda à declaração de Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República, a quem chamou de "espécie de artífice ideológico do governo", que disse: "Há problemas de direitos humanos no mundo inteiro", como se não fosse necessário repudiar a violação aos direitos humanos no Brasil, em Cuba e em qualquer outro país em que tal situação venha a ocorrer, apontou a parlamentar.

-O Brasil não quer ser grande, não deve ser grande apenas na área econômica, não deve ser um dos maiores países em desenvolvimento no mundo junto com a Índia e a China. Mas o nosso país devia ser, sim, o primeiro em defender as liberdades democráticas, aqui, na América Latina e em outros países. - propôs.

Marisa Serrano citou o ex-embaixador Luiz Filipe Lampreia, que disse à Folha de S. Paulo que a política externa brasileira tem adotado parâmetros diferenciados, de acordo com a proximidade política do país em questão, sendo "omisso com aqueles com os quais é afinado e politicamente estridente com os demais". Já o jornal espanhol El País disse que a ida de Lula a Cuba foi uma "chance perdida" de mostrar que um governo de esquerda pode oferecer conforto e bem estar por meio do fortalecimento da democracia, citou outra fonte a senadora.

A senadora fez ainda um alerta ao povo brasileiro de que as lideranças que minimizaram o drama cubano são as mesmas que elaboraram o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3), discutido ontem na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado. O PNDH-3, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no fim do ano passado, recebeu inúmeras críticas antes mesmo que o governo o enviasse ao Congresso Nacional. Marisa Serrano lembrou que essas são também as mesmas lideranças que estão organizando o programa de governo da pré-candidata à Presidência de República pelo PT, a ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff, e que promovem uma política externa favorável a países contrários aos direitos humanos e aos valores democráticos.

25 anos da redemocratização

Marisa Serrano registrou ainda em seu discurso os 25 anos da redemocratização do país. Ela destacou artigo do governador de São Paulo, José Serra, publicado na edição de 22 de fevereiro da revista Veja, em que o governador salienta que os valores sociais e democráticos conquistados com a promulgação da Constituição federal de 1988, negada pelo Partido dos Trabalhadores, foram os mesmos que contribuíram para a chegada do partido ao poder.

Segundo Serra, frisou a senadora, o PT teria colhido "os bons frutos" da estabilidade econômica conquistada com o Plano Real, o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional (Proer) e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).



03/03/2010

Agência Senado


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