Carlos Bezerra: crise de energia foi anunciada e programada



Ao referendar o diagnóstico sobre a crise de energia feito pelo professor Ildo Sauer, da Universidade de São Paulo (USP), em audiência da Comissão de Serviços de Infra-Estrutura, o senador Carlos Bezerra (PMDB-MT) reiterou que a crise não foi apenas anunciada, foi também programada.

- Como o sistema elétrico do país está quase todo assentado na geração de energia a partir da movimentação de turbinas geradoras por grandes volumes de água, depende de que as represas, ao fim do período chuvoso, estejam com pelo menos 95% de sua capacidade de armazenamento. A última vez que isso aconteceu foi em 1994. Em 1999, esse armazenamento ficou em 70%; no ano passado, em 56%; neste ano desabou para 36% - afirmou.

Outra medida que teria aberto o caminho para a crise, na opinião do senador, foi a proibição, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiar empresas estatais para ampliação da capacidade instalada de energia. Ao setor elétrico, o excessivo corte de gastos adotado pela União teria sido fatal:

- Não precisávamos ter chegado a essa situação e, se assim estamos, é por incúria dos responsáveis pelo setor elétrico, aliada a diretrizes de gestão da economia do país que sacrificaram os interesses do Brasil e o bem-estar da população, por submissão a metas ditadas pelos dirigentes do Fundo Monetário Internacional - disse.

Carlos Bezerra também citou matéria publicada na revista Carta Capital em que Ildo Sauer explica que a seca não foi tão forte e que o racionamento de energia é culpa exclusiva da falta de planejamento do governo federal. "A situação atual não é culpa de São Pedro. Mais do que chuva, faltou política e ação na área de energia no Brasil na última década. De abril de 2000 a março deste ano, as chuvas ficaram 12% abaixo da média histórica. No mesmo período anterior, elas foram 5% menores", declarou o professor.

Além de investimentos que explorem o potencial brasileiro de geração de energia, o senador considera que a situação exige o recurso a todas as alternativas disponíveis, "inclusive facilitando o acesso à energia excedente que existe nos países vizinhos, como Bolívia, Paraguai, Argentina e Venezuela".

25/06/2001

Agência Senado


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