CARLOS PATROCÍNIO DEFENDE RECICLAGEM DE LIXO
O senador Carlos Patrocínio (PFL-TO) defendeu nesta quarta-feira (dia 7) a adoção da prática da reciclagem de lixo e resíduos como forma de preservar o direito das gerações futuras a um ambiente sadio. "É nossa responsabilidade impedir que se persiga o progresso a qualquer preço. Os governos, as indústrias, as famílias e o público em geral devem envidar esforços conjuntos para reduzir a geração de rejeitos e de produtos descartados e o desperdício nas embalagens, estimulando tanto a reciclagem dos resíduos quanto a introdução de novos produtos ambientalmente saudáveis", afirmou o senador.Segundo dados publicados no jornal O Estado de S. Paulo, informou o senador, o Brasil perde anualmente cerca de R$ 4,6 bilhões, por não aproveitar a totalidade do potencial de reciclagem do lixo domiciliar. Como exemplo do desperdício, o senador observou que a reciclagem de uma tonelada de papel resulta em uma economia de 50% de energia elétrica e de 10 mil litros de água, além de evitar o corte de 17 árvores.- Os alegres bebedores de cerveja das sextas-feiras, estimulados pela publicidade televisada, ignoram que uma tonelada de alumínio reciclado economiza cinco toneladas de bauxita, gastando somente 5% de energia necessária para produzir a mesma quantidade de alumínio primário. Ao brindarem erguendo as latinhas, desconhecem que 70% das mesmas já são recicladas e que podem ser reaproveitadas infinitamente, sem que as características básicas se alterem - comparou o senador.Segundo Carlos Patrocínio, devido às facilidades de processamento da sucata e também da iniciativa do setor privado, o índice de recuperação do alumínio é de 70%, desde o primeiro semestre de 1996, chegando a ser mais do dobro do que acontece com o vidro, que, embora seja 100% reciclável, alcança em, média pouco mais que 30%. O senador lembrou ainda que, com a implantação do novo Código Nacional de Trânsito, os veículos com mais de 15 anos de uso (cerca de quatro milhões) vão sair de circulação e não se sabe se o Brasil estará preparado para processar esse volume de sucata.Para o senador, a indústria da reciclagem seria uma oportunidade de geração de empregos para mão-de-obra menos qualificada e de proporcionar retorno social e ecológico ao país. "Nos países desenvolvidos, a indústria da reciclagem vem se afirmando e rendendo lucros significativos. Um exemplo claro é a Alemanha, em que essas atividades vêm movimentando centenas de milhões de marcos, a partir da expansão da rede de coleta", revelou Patrocínio.Segundo o senador, uma boa parte do material, antes jogada no lixo, é agora distribuída pelas caixas de seleção existentes nos domicílios alemães, destinadas a jornais, vidros, latas vazias etc. Em troca, as famílias alemãs são remuneradas pela quantidade de material reciclável reunido. Patrocínio revelou que esta simples medida reduziu o volume de lixo doméstico em 30% e a indústria alemã se abastece nas centrais recicladoras para a fabricação de pára-brisas, vidros isolantes, garrafas etc.Patrocínio disse ainda que as cidades brasileiras produzem 90 mil toneladas de lixo por dia, que são espalhados em 12 mil pontos de despejo. De acordo com dados da Embrapa apresentados pelo senador, cerca de 60% desses lixões são corpos de água, comprometendo-se assim a vida dos rios, o abastecimento de água, a saúde das populações e o futuro dos lençóis freáticos. Para ele, a reciclagem seria o procedimento mais sensato e racional.O senador apontou como obstáculos para o desenvolvimento da reciclagem no Brasil os orçamentos restritos; os baixos níveis educacionais e de conscientização da população - o que limita as possibilidades da coleta; a carência de indústrias de reciclagem que reduz o aproveitamento do lixo; o envolvimento muito restrito do governo com o setor informal; e a municipalidade de maneira geral que, talvez por falta de visão, não demonstra interesse e condições de explorar as opções mais baratas de reciclagem - concluiu o senador.Apesar das dificuldades, Patrocínio lembrou exemplos bem-sucedidos como o programa de reciclagem realizado no Paraná, que recebeu inclusive prêmio da ONU, no Rio Grande do Sul, em São Paulo, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, envolvendo catadores de lixo, escolas, hospitais, paróquias, restaurantes, associações de moradores, Corpo de Bombeiros e até as Forças Armadas.
07/04/1999
Agência Senado
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