CAS discute regulamentação de profissões em audiência pública



O senador Paulo Paim (PT-RS) disse que a modernização do Estado e das relações de trabalho não deve prejudicar nem reduzir os direitos trabalhistas. Ele quer aprofundar as discussões sobre a regulamentação das profissões para que seja possível fazer um acordo em torno do tema. As colocações do senador foram feitas durante audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), realizada nesta quarta-feira (18), para debater o assunto. O senador José Nery (PSOL-PA) concordou com Paim, afirmando que o Estado deve fiscalizar as empresas para evitar abusos e condições precárias de trabalho.

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Paim disse que concordava, de maneira geral, com as colocações feitas na audiência pelo ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Ives Gandra da Silva Martins Filho, o secretário-geral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Secção Distrito Federal, Luiz Eduardo Sá Roriz, e o coordenador de registros profissionais do Ministério do Trabalho, Francisco Gomes.

Referiu-se especialmente à proposta do ministro que consiste em um projeto para aglutinar tudo o que já existe em matéria trabalhista e trazer as profissões já regulamentadas para dentro da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O senador disse estar preocupado, no entanto, quando se fala de modernidade, referindo-se às colocações feitas por Sá Roriz.

Para Paim, quando se fala em modernidade no Brasil é costume defender a redução de tributos e também dos direitos dos trabalhadores. O senador disse que não é contra o termo "moderno", mas lembrou que no Brasil ainda existe trabalho escravo e que prolifera "de forma assustadora" a terceirização de serviços.

- Temos que ter o cuidado de aprofundar esse debate. Não vamos confundir exceções com a regra geral. Acho legítimo entrar com projeto e pedir o reconhecimento de algumas profissões - disse Paim.

O senador disse também que não tem qualquer problema com o lucro das empresas e defende a participação dos trabalhadores no lucro destas, mas observou que essa deverá ser uma opção do empregado.

- A ofensiva contra os trabalhadores hoje é grande - afirmou o senador.

Em resposta, Ives Gandra disse que nenhum dos depoentes, inclusive ele, não discutiram nem defenderam a redução dos direitos trabalhistas. O ministro disse que a regulamentação exagerada de profissões poderá criar situações inusitadas, como ocorreu em alguns países, onde os consumidores foram, muitas vezes, prejudicados. Ele citou o caso da Itália, onde usuários de bibliotecas tinham que se dirigir a vários profissionais para obter serviços dessas instituições, dado o esfacelamento da categoria.

José Nery disse que modernidade não pode ser somente diminuir tributos e direitos dos trabalhadores e defendeu o papel do Estado na fiscalização das empresas. Para o senador, muitas empresas, em nome do lucro, tornam precárias as condições de trabalho.

- Nossa tarefa é a de defender e ampliar as conquistas dos trabalhadores e não defender a retirada de seus direitos - disse Nery.

A senadora Patrícia Saboya (PSB-CE), presidente da CAS, disse que o tema é complexo e muito importante e que, por esse motivo, a comissão está realizando audiências públicas para debater o assunto e instruir os senadores para a avaliação dos projetos que estão tramitando na CAS.



18/04/2007

Agência Senado


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