Casa do Estudante reformada para receber alunos da Medicina
Moradia, que fica na Teodoro Sampaio (Pinheiros), agora tem cinco blocos, com 26 quartos para 52 estudantes
Nesta semana aconteceram as provas da segunda fase do vestibular da Fuvest, que seleciona os alunos para os cursos da USP e outras universidades. Uma das carreiras mais concorridas é a de medicina (33,9 candidatos por vaga), que atrai jovens de todas as regiões do Brasil, e que nem sempre têm condições de pagar por moradia em São Paulo. Para os novos alunos que chegam à Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), uma alternativa é a Casa do Estudante, que acaba de ser reformada e ampliada.
Localizada na Rua Teodoro Sampaio, em Pinheiros (Zona Oeste de São Paulo), próxima à FMUSP e ao complexo do Hospital das Clínicas (HC), a Casa do Estudante foi reinaugurada no último dia 7 de dezembro. “Antes da reforma, eram três blocos, com capacidade para 44 alunos”, conta Rafael Sevestrin Reche, aluno do quarto ano da FMUSP e um dos diretores da Casa, onde mora há três anos. “Agora são cinco blocos, com 26 quartos para 52 estudantes”. As reformas, que duraram um ano, custaram cerca de R$ 2 milhões, pagos por empresas e investidores particulares.
“Não foi apenas uma reforma, ganhamos uma nova casa”, destaca Milena Cristina Vita, aluna do quinto ano da FMUSP e que mora na Casa desde 2005. Cada um dos quartos, que tiveram o piso trocado, abriga dois alunos e possui banheiro próprio. “Antes havia apenas seis banheiros (três masculinos e três femininos) para todos os moradores, o que provocava filas”, lembra Rafael. “Hoje, as pessoas podem ficar mais tranqüilas, não precisam acordar muito cedo para tomar um banho antes das aulas, por exemplo”.
Outra novidade é a presença de um computador em cada quarto, quando antes existiam apenas cinco micros na casa inteira. A sala de TV mudou de local e a biblioteca ganhou dois computadores e livros novos, utilizados no curso de medicina. Também foi colocada à disposição uma nova sala de estudos. A cozinha, que tinha um fogão e duas geladeiras, passou a contar com seis geladeiras e dois fogões. A lavanderia ganhou um espaço mais amplo, com novas máquinas de lavar. “No local antigo, tinha fila para lavar roupa nos sábados”, aponta Milena.
Na área externa, ampliou-se o jardim e o espaço de lazer, a churrasqueira ganhou um forno de pizza e uma nova sala de vivência foi construída. Além da reformulação das fachadas, da decoração interna e do novo paisagismo no jardim, a Casa do Estudante passou a contar com uma portaria com câmeras de segurança e um vigia fornecido pela FMUSP no período noturno. “Foi um grande avanço, pois quando o portão da frente quebrava, pessoas desconhecidas entravam e batiam na porta dos quartos”, recorda-se Milena Vita.
Convivência
Os moradores da Casa do Estudante não pagam nenhuma taxa para residir no local. Os recursos para manutenção vêm do aluguel de parte da área livre para estacionamento, da direção da FM e de patrocinadores. A administração é coordenada por três alunos, eleitos entre os moradores para um mandato de um ano. Atualmente, Rafael Reche divide a função com Gustavo Noleto, do quarto ano, e Breno, do terceiro ano. “Também são escolhidas pessoas que se responsabilizarão pela biblioteca, jardim, cozinha, salão de festas e a manutenção”, aponta Rafael.
Cada aluno deve manter um bom relacionamento com os outros moradores e fazer silêncio após as 23 horas, além de conservar as áreas comuns quando fizer uso delas. A casa também conta com uma funcionária, encarregada da limpeza. “Sempre me achei um pouquinho mãe dos alunos aqui, tento ajudá-los no que for possível”, diz Santinha Maria Alves Rodrigues, que trabalha no local há quatro anos. “A cozinha, as salas e a área de lazer ficaram muito bonitas depois da reforma”.
No início de cada ano, a direção distribui um formulário aos alunos interessados em residir na casa. Os formulários são analisados por uma assistente social da Coordenadoria de Assistência Social (Coseas) da USP, que realiza entrevistas individuais com cada um dos candidatos para seleção. O número de vagas disponíveis para 2008 ainda não foi definido, pois depende do número de formandos que deixarão a casa.
Os alunos destacam a importância da convivência entre pessoas de origens e culturas diferentes. “Eu sou de Urânia, interior de São Paulo, o Gustavo, por exemplo, é do Piauí, o Breno é de Goiás”, conta Rafael. “Quando você chega, você convive até com estrangeiros, e vai criando afinidade, o ambiente aqui é agradável”. Milena, vinda de Mogi das Cruzes (Grande São Paulo) lembra que fez muitos amigos na casa, em especial sua colega de quarto até o final do ano passado, que veio do Ceará. “Morar com alguém é conhecer a pessoa de verdade, você faz amizades”.
01/14/2008
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