CASILDO MALDANER PEDE MAIOR ASSISTÊNCIA DO GOVERNO PARA A ÁREA SOCIAL DURANTE A CRISE ATUAL



O senador Casildo Maldaner (PMDB-SC) defendeu nesta quinta-feira (11) uma maior atuação do governo para reverter "os efeitos deletérios da recessão em que começamos a mergulhar". Para o parlamentar, o governo não pode ficar inerte, esperando a situação melhorar apenas no segundo semestre.Para o senador, o governo federal precisa fazer alguma coisa "para minorar o sofrimento da legião de desempregados e mesmo dos empregados que vêem o poder aquisitivo de seu salário em queda livre". Ele sugeriu um aprofundamento do programa de salário-desemprego, "de forma a atingir um maior número de desempregados durante um período mais longo". Sugeriu também que se amplie a abrangência dos programas sociais coordenados pelo Comunidade Solidária, atingindo as periferias das grandes cidades.O senador reconhece que um programa para minimizar os efeitos da recessão implica em um aumento de gastos, mas lembrou que a competência para governar nada mais é do que a eleição de prioridades: "cortar o que pode ser cortado e aumentar gastos no que deve ser priorizado". Ele criticou a mentalidade dominante no governo, de "excessiva preocupação com indicadores de conjuntura econômica em prejuízo dos indicadores sociais".- É necessário que o Estado brasileiro cumpra a função de promover não apenas o desenvolvimento econômico, mas também o desenvolvimento social, para que o Brasil deixe, um dia, de ser o país das desigualdades alarmantes, dos péssimos indicadores de desenvolvimento humano, da miséria e da fome, e se converta em verdadeira Nação solidária e humana - afirmou.Casildo Maldaner lamentou os cinco anos de esforços para manter o Plano Real, quando houve baixo crescimento econômico e grande aumento da dívida pública. Ele comparou a tarefa de controlar a inflação no Brasil com o mito de Sísifo. Segundo a lenda grega, Sísifo, rei de Corinto, tendo escapado a Thánatos, o deus da morte - enviado por Zeus para castigá-lo -, foi levado por Hermes ao Inferno e lá foi condenado ao suplício de rolar uma rocha até o cimo de um monte, de onde ela despencava, devendo o condenado recomeçar incessantemente o trabalho.O senador afirmou não ter dúvida de que o quadro atual é desolador, com inflação de 3,5% no último mês e a previsão de atingir 17% ou mais até o final do ano. A cesta básica, lembrou, já custa R$ 159,00, 22% a mais do que o salário mínimo. O desemprego já atinge 7,73% da População Economicamente Ativa (PEA), mesmo medido por um índice conservador como a taxa de desemprego aberto da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disto, o acordo assinado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê a diminuição do Produto Interno Bruto (PIB) entre 3% e 4% este ano.O parlamentar enumerou os erros cometidos pelo governo que colocaram "a perder o plano de estabilização mais competente que se montou desde a redemocratização do país". O primeiro foi a falta de uma maior disciplina fiscal, levando o Plano Real a apoiar-se exclusivamente na âncora monetária - ou seja, os juros altos - e na âncora cambial - o Real valorizado. O segundo foi a ausência de controle dos capitais especulativos de curto prazo. O terceiro erro arrolado pelo senador foi a falta de prudência na abertura comercial, com a baixa de tarifas de importação, favorecendo os Estados Unidos e a União Européia, sem as contrapartidas devidas. Por fim, lembrou que o governo demorou demais a desvalorizar a moeda.

11/03/1999

Agência Senado


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