CC-5: Delegado diz que 157 novas contas em Nova York terão sigilo quebrado



O delegado Paulo Roberto Falcão Ribeiro disse aos parlamentares da CPI do Banestado que 160 contas bancárias da agência do Banestado em Nova York já estão com sigilo quebrado, a partir de pedido do Banco Itaú - atual proprietário do Banestado - à Justiça norte-americana, e que outras 157 estão em processo de investigação. Essas 157 novas contas, segundo o delegado, só chegaram ao seu conhecimento há uma semana, apesar de serem conhecidas pela diretoria do antigo Banestado desde 1996.

Paulo Roberto contou que um dos funcionários do Banestado começou a desviar dinheiro de uma dessas contas. Quando o desfalque chegou a R$ 150 mil (na época, o real tinha praticamente a mesma cotação do dólar), ele foi descoberto e sofreu processo administrativo pela diretoria do banco. Para tentar salvar o emprego, alegou que a conta era irregular, de um -laranja-, e prometeu repor o dinheiro. Contou ainda que tinha conhecimento de 157 contas na mesma situação. A diretoria do Banestado, na ocasião, não denunciou o fato às autoridades.

Só na semana passada, sete anos depois, o delegado Paulo Roberto disse que foi informado da existência das 157 contas.

- Nossas investigações estão, por enquanto, centralizadas na antiga agência Nova York do Banestado, mas acreditamos que há contas igualmente irregulares em vários outros países, e o dinheiro é enviado para cerca de 90 países, e em alguns casos até retorna ao Brasil - disse o delegado.

O volume de dinheiro das 160 contas de que se tinha conhecimento chega a US$ 24 bilhões, mas esse total deve subir muito com a descoberta das -novas- 157 contas. Informou ainda o delegado que o esquema de -laranjas- envolveu empregadas domésticas, balconistas de lojas, lavradores e desempregados. Eles cediam seus documentos verdadeiros, assinavam documentos e talões de cheques inteiros, e a maioria nem ao menos sabia em quê estava sendo envolvido.

Uma balconista de loja chegou a movimentar US$ 130 milhões em 10 dias. Os gerentes e funcionários dos cinco bancos em Foz, ouvidos no inquérito, diziam que o volume descomunal de dinheiro -era comum naquela área, por causa da fronteira com o Paraguai-, informou o delegado. Algumas empresas de fachada criadas para operar o dinheiro tinham existência de apenas dois dias. Eram registradas na Junta Comercial, movimentavam o dinheiro necessário à operação ilícita e eram fechadas dois dias depois.

A Polícia Federal já fez duas diligências nos Estados Unidos, e tem marcada uma outra entre 29 de setembro e 4 de outubro próximos. Dos US$ 24 bilhões das 160 contas com sigilo já quebrado, US$ 3 bilhões retornaram ao Brasil e estão em processo de perícia para se descobrir quem movimentou o dinheiro e quem foi o beneficiado.



17/07/2003

Agência Senado


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