CCDH e sindicalistas denunciam multinacional ao Ministério Público do Trabalho
Causou surpresa ao procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho (MPT), Sérgio Seger, as denúncias apresentadas hoje (14) contra a empresa metalúrgica Andreas Stihl Moto Serras Ltda., por uma comitiva de representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo, Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul, Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH) da Assembléia Legislativa.
O dossiê entregue ao procurador-chefe comprova desrespeito às leis trabalhistas brasileiras por parte da multinacional alemã, estabelecida no Distrito Industrial de São Leopoldo, destacou a advogada Soraia Mendes, da CCDH. Junto à representação protocolada no MPT, foi anexada uma fita de vídeo gravada pela empresa, com o objetivo de controlar todos os passos dos trabalhadores e onde aparecem cenas de agressão praticadas por seguranças contra funcionários vinculados ao sindicato da categoria.
Ao final da audiência, o procurador Sérgio Seger se comprometeu em designar um procurador-relator para o caso já na próxima semana. O objetivo é instaurar um inquérito civil público a fim de averiguar as violações aos direitos coletivos dos trabalhadores.
Por sua vez, a CCDH acompanhará os desdobramentos desta ação, em paralelo às entidades sindicais. As violações às garantias fundamentais dos trabalhadores da Stihl vão desde demissões de trabalhadores estáveis, cerceamento à organização sindical, desrespeito às normas de medicina e segurança do trabalho, entre outras irregularidades.
Para a sindicalista Vera Guasso, da executiva estadual da CUT, "empresas como essa vêm para o Brasil com a idéia de que o nosso país é o quintal do Primeiro Mundo, ignorando que temos leis a serem respeitadas". Já o presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado, Milton Viário, manifestou preocupação com a postura de determinados juízes do trabalho, que acabam criando jurisprudência a favor das empresas. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo, Loricardo de Oliveira, disse "que o descaso é tanto que nem as rescisões de contrato de trabalho a Stihlt assina no sindicato, preferindo buscar o posto da DRT local".
Participaram ainda da audiência no MPT os metalúrgicos Sérgio de Ávila e Jorge Moraes, trabalhadores demitidos com estabilidade no emprego, e o advogado do sindicato de São Leopoldo Arthur Orlando Dias Filho.
11/14/2001
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