CCJ REALIZA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER "LEI DA MORDAÇA"



Dez especialistas da área jurídica e jornalística vão participar de audiência pública nesta terça-feira (dia 11) na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania para debater a chamada "Lei da Mordaça". A reunião, solicitada pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS), está marcada para começar após a Ordem do Dia (17h) e servirá para instruir os senadores sobre dois projetos em tramitação na comissão.
Um dos projetos é de iniciativa da Presidência da República, já aprovado pela Câmara, o outro, é do senador Jorge Bornhausen (PFL-SC). Ambos alteram dispositivos das leis que tratam do Direito de Representação e do Processo de Responsabilidade Administrativa, Civil e Penal, nos casos de abuso de autoridade e das sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito.
O projeto de Bornhausen já havia sido aprovado pela CCJ por meio de parecer favorável do senador Edison Lobão (PFL-MA). Com a chegada de projeto semelhante do Executivo, foi pedida a tramitação conjunta das duas matérias, que voltam à comissão agora sob a relatoria do senador Romeu Tuma (PFL-SP).
Entre as mudanças sugeridas, a mais polêmica consiste na previsão de punição dos agentes públicos que revelem informação sigilosa a qual tenham conhecimento em razão do cargo que ocupam. Daí a origem do nome "Lei da Mordaça". O senador Bornhausen baseou-se no artigo constitucional que garante o direito à vida privada e aos sigilos protegidos pela Lei Fundamental para elaborar a proposta.
Neste aspecto, o autor pretende restringir, principalmente, a ação de integrantes do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas que forneçam dados constantes dos processos judiciais sob suas competências. Outra intenção do projeto, segundo detalhou Bornhausen na justificação, é punir as condutas de fiscais federais, estaduais e municipais que utilizam expedientes menores para obter vantagens pessoais.
- Muito embora a jurisprudência dos melhores tribunais pátrios tenha andado a passos largos para acomodar seus julgados em ponto ideal entre a dicção da lei e as prescrições constitucionais, vê-se que há, ainda, áreas onde a conduta abusiva do agente público está latente, quando não efetiva - opina o senador.
Estão confirmados os seguintes nomes para a reunião extraordinária desta terça-feira: Carlos Frederico Santos (Associação Nacional dos Procuradores da República) ; Dom Jaime Chemello (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil); Alexandre Jobim (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão); José Chamilete (Associação Brasileira de Imprensa); Elisabeth da Costa (Federação Nacional de Jornalistas Profissionais); Paulo Cabral (Associação Nacional de Jornais); Marfan Vieira (Confederação Nacional do Ministério Público); Joaquim José Safe Carneiro ( Ordem dos Advogados do Brasil do DF); Mário André Machado (Associação dos Delegados de Polícia do DF) e Fernando Tourinho Neto (Associação dos Juízes Federais do Brasil).

10/04/2000

Agência Senado


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