CE discute ampliação de vagas para estagiários



A possibilidade de ampliação das vagas para estagiários e a necessidade de se estabelecer uma clara distinção entre estudantes e profissionais no local de trabalho estiveram entre os principais temas de audiência pública promovida pela Comissão de Educação (CE)nesta quarta-feira (13) com o objetivo de debater projeto de lei do senador Ademir Andrade (PSB-PA) que regulamenta os estágios de alunos de ensino médio e superior.

De acordo com números apresentados pelo superintendente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola de Pernambuco, Germano Coelho, 9,5 milhões de estudantes estão matriculados em escolas de ensino médio e 2,7 milhões em estabelecimentos de ensino superior em todo o país. Mas somente 400 mil estudantes de todo esse conjunto estão fazendo estágio. "O Brasil está fechado à juventude", queixou-se Coelho.

O relator do projeto, senador Gerson Camata (PMDB-ES), solicitou aos participantes da audiência sugestões de alterações na legislação que pudessem ajudar a abrir vagas para estagiários. Uma alternativa foi apresentada pelo diretor de Relações Internacionais da União Nacional dos Estudantes (UNE), Christian Lindberg Lopes do Nascimento: os três níveis de governo poderiam avaliar a concessão de subsídios a pequenas e médias empresas dispostas a acolher estudantes.

O diretor da UNE insistiu na necessidade de a lei tornar mais claras condições específicas de trabalho dos estagiários, como jornada de trabalho de seis horas diárias, seguro contra acidentes de trabalho e férias compatíveis com o recesso escolar. "Em muitos casos, os estudantes substituem profissionais nas empresas", alertou.

A senadora Emilia Fernandes (PT-RS) - autora do requerimento de realização da audiência, juntamente com o senador Geraldo Cândido (PT-RJ) - concordou com a observação e apontou a existência de entidades que oferecem candidatos a estágios como mão-de-obra barata a empresas. Na sua opinião, a lei deve deixar claro que estágio não é trabalho, além de estabelecer parâmetros para o trabalho dos estudantes, como a garantia de horário compatível com a presença às aulas.

- O horário do estágio não pode ser equivalente ao de um trabalhador comum - afirmou, por sua vez, o secretário de Projetos e Cooperação da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), Carlos Augusto Abicalil. Assim como ele, o consultor do Senai Nacim Walter Chieco também apontou o estágio como parte integrante do processo formativo do estudante. Mas este alertou para os riscos de criação de encargos com características de relação de emprego, sob pena de inibir a oferta de vagas a estagiários.

Ao final do debate, Camata observou que muitos empresários não contratam estagiários para não correr riscos. Por isso, ele sugeriu que, além de apreciar o projeto em pauta, a Comissão de Educação também crie um grupo de trabalho para consolidar toda a legislação que trata do tema. "A lei deve ser clara para definir o que é estagiário e o que é trabalhador", sustentou.



13/03/2002

Agência Senado


Artigos Relacionados


Museu do Ipiranga abre vagas para estagiários

Fundap recebe inscrições para vagas de estagiários até amanhã

Estabelecidas normas para ampliação de vagas em cursos de medicina

Cultura: Ampliação do Projeto Guri vai garantir mais 20 mil vagas até o fim do ano

CAE discute ampliação do conselho gestor

CAS discute ampliação das possibilidades de uso do FGTS