Celso Amorim condena ações militares de Israel
O governo brasileiro condena as ações militares "desproporcionais" que o Estado de Israel vem implementando no sul do Líbano, afirmou nesta quarta-feira (2) o chanceler Celso Amorim, audiência pública conjunta realizada pelas Comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) e de Assuntos Econômicos (CAE). Para ele, o conflito no Oriente Médio "pegou de surpresa" a todos, mas, mesmo assim, o governo brasileiro trabalha no sentido de lutar por um cessar-fogo na região, "com o objetivo de pôr um fim à matança de civis".
Celso Amorim informou que o Ministério das Relações Exteriores, em parceria com as empresas aéreas nacionais e com apoio da Força Aérea Brasileira (FAB), já resgatou até agora 2.250 brasileiros do território libanês. E disse que essa é a maior operação de resgate de brasileiros no exterior já registrada na história do país. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) enalteceu o trabalho de Amorim ao determinar a evacuação de brasileiros, ao mesmo tempo em que também condenou os maciços ataques de Israel no Líbano.
Celso Amorim defendeu, após o cessar-fogo, o envio de forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) ao Oriente Médio. Mas deixou claro que o Brasil tem poder limitado para defender a aprovação de envio de tropas de paz à região, já que não faz parte do Conselho de Segurança da ONU, órgão com poder de decisão nesse setor. Ele deixou claro que o Brasil está aberto para ser o fiel da balança com o objetivo de se colocar um fim nos conflitos do Oriente Médio.
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) aplaudiu "a firmeza da diplomacia brasileira" no resgate seguro de cidadãos brasileiros no Líbano. Na mesma linha de pensamento, o senador Romeu Tuma (PFL-SP) qualificou de corajosa as ações do Itamaraty na evacuação dos brasileiros. Os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Sibá Machado (PT-AC) também enalteceram o trabalho de Celso Amorim.
Doha
A rodada de Doha (Qatar) das negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) é, na opinião do ministro Celso Amorim, de fundamental importância para o Brasil, já que, como lembrou, pela primeira vez o organismo debate, como tema principal, os subsídios agrícolas.
Apesar de reconhecer no seu depoimento na CRE que a suspensão da rodada de Doha representa um impasse nas negociações no combate ao protecionismo agrícola, Celso Amorim disse que continuará lutando para que os chamados países ricos abram o seu comércio para nações em desenvolvimento, como o Brasil.
- Não existe outra alternativa para debater os subsídios agrícolas a não ser o fórum da OMC. Se as negociações fracassarem, será gravíssimo para o Brasil - previu Celso Amorim. Para ele, a questão do protecionismo agrícola tem de ser resolvida de forma multilateral, principalmente envolvendo os Estados Unidos e a União Européia, e, não, de forma bilateral.
Celso Amorim, em resposta ao presidente da CRE, senador Roberto Saturnino (PT-RJ), defendeu que os países em desenvolvimento tenham maior poder de decisão na ONU. Já o senador Jefferson Péres (PDT-AM) defendeu que o governo brasileiro, a exemplo do Chile, faça mais acordos comerciais de caráter bilateral. O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) concordou, enquanto Celso Amorim lembrava que o Itamaraty não despreza tais acordos, mas questões de maior monta, como os subsídios agrícolas, passam por instâncias superiores, a exemplo da OMC.02/08/2006
Agência Senado
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