Centenário de San Tiago Dantas é celebrado pelo Congresso



Ao celebrar o centenário do nascimento de San Tiago Dantas em sessão solene do Congresso Nacional, nesta segunda-feira (12), o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) elogiou o político, em sua opinião um homem de visão sobre a política externa do Brasil. Se Dantas estivesse vivo, disse o senador, ele consideraria uma "imoralidade" a desigualdade que hoje existe no país, em especial no que se refere ao acesso à saúde e à educação.

Na opinião de Cristovam, é preciso formular um novo pensamento que permita ao país superar os problemas que afetam os brasileiros e não apenas encontrar medidas de sobrevivência às crises. O senador afirmou que a elite foca em "pequenos arranjos" e programas sociais, em vez de buscar medidas transformadoras da realidade.

- San Tiago foi isso que a gente vê como exemplo de pensador, de formulador, de político e de homem de ação. Eu creio que vale a pena, neste momento, a gente fazer uma reflexão. O que faria e diria San Tiago Dantas se estivesse conosco neste momento? - perguntou Cristovam.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) destacou a política externa independente como um dos maiores legados de San Tiago Dantas. O senador observou que o conceito, hoje amplamente aceito, de autodeterminação dos povos, àquela época era estranho.

- Hoje, o mundo inteiro fala em autodeterminação dos povos, em política independente. Naquela época, eram Estados Unidos e Rússia, ou do lado de cá ou do lado de lá. E San Tiago Dantas teve a coragem de falar numa posição de independência - observou Simon, ao lamentar que a solenidade não tenha contado com a presença de muitos parlamentares nem ter sido transmitida ao vivo pela TV Senado.

'Grande contribuição'

Para o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), San Tiago Dantas foi um dos políticos mais importantes, em especial para a diplomacia brasileira. Em todas as áreas em que atuou, disse o senador, Dantas deixou grande contribuição ao país.

- Eu não poderia deixar de reverenciar uma das mais lúcidas e brilhantes inteligências que a vida pública brasileira conheceu. De sólida formação intelectual, assentada em insofismável perspectiva humanística, ele foi a mais elevada expressão de homem de Estado com que pôde contar a República liberal do pós-Estado Novo de Vargas - disse Crivella.

Também o deputado Paes Landim (PTB-PI), que requereu a homenagem com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), considerou San Tiago Dantas "um dos homens mais inteligentes da história desse país". O deputado lembrou que, aos 29 anos, ele assumiu a cátedra de Direito Civil da Faculdade de Direito da atual Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Paes Landim ressaltou que Dantas tinha preocupação com o controle do poder para evitar que fosse exercido à margem da lei. O deputado lembrou que o homenageado buscava que a legalidade dos atos administrativos fosse observada não apenas pelos servidores públicos, mas também pelo governo. 

Vida acadêmica 

Já o ex-ministro do STJ Carlos Fernando Mathias, vice-reitor da Universidade do Legislativo Brasileiro (Unilegis), destacou a atuação de San Tiago Dantas como professor. Ele lembrou com saudosismo dos anos em que foi aluno de Dantas na Faculdade Nacional de Direito.

- Era um homem preocupado com a didática. Foi um dos maiores críticos do ensino do Direito no Brasil. Foi um dos maiores críticos da universidade brasileira, ele, que chegou à universidade com tanta autoridade, como já foi dito, aos 29 anos - relatou Mathias. 

Biografia 

Francisco Clementino de San Tiago Dantas nasceu em 30 de agosto de 1911, no Rio de Janeiro. Foi o jornalista, advogado e político, exercendo os cargos de deputado federal, ministro das Relações Exteriores (1961 e 1962) e ministro da Fazenda (1963). Especialista em política externa, Dantas representou o Brasil, em 1943, na Primeira Conferência de Ministros de Educação das Repúblicas Americanas, realizada no Panamá.

É autor do conceito de Política Externa Independente (PEI), que visa à defesa dos preços dos produtos primários e à participação no crescimento do comércio internacional, além do incentivo ao desarmamento e à coexistência competitiva e pacífica entre os países.



12/12/2011

Agência Senado


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