César Borges diz que caos aéreo é resultado de falta de infra-estrutura



"Até quando este pesadelo vai durar para o povo brasileiro?" questionou o senador César Borges (DEM-BA), referindo-se ao caos aéreo que vem causando problemas, inclusive mortes, no Brasil desde 2006. Em discurso no Plenário nesta quinta-feira (2), o senador culpou o governo por não solucionar questões de infra-estrutura que teriam causado o caos. César Borges disse que o cenário de falta de investimentos deixou o país "pronto para o desastre", como os que aconteceram com o avião da TAM, no último dia 17, e da GOL, em 29 de setembro de 2006.

- Vemos aeroportos sobrecarregados, controle aéreo defasado, controladores despreparados e em número insuficiente. Desde o início do ano passado, temos visto muitos sinais de esgotamento da infra-estrutura aérea - afirmou o senador.

César Borges traçou um histórico da crise aérea, com início, na visão do senador, com a derrapagem de um avião da BRA em Congonhas em março de 2006. Em setembro, o acidente entre um avião da GOL e um jatinho Legacy deixou 154 mortos. Uma série de outros problemas no sistema aéreo foram acontecendo a partir de então, gerando atrasos e cancelamentos de vôos.

No Natal de 2006, lembrou, um em cada três vôos partiu com atraso no Brasil e, em janeiro, houve uma pane no Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo II (Curitiba) que paralisou parte do tráfego aéreo nacional. César Borges seguiu traçando um histórico detalhado dos acontecimentos, que culminaram com o acidente do avião da TAM em julho, com saldo de 199 mortos. O senador manifestou solidariedade aos parentes das vítimas dos dois acidentes e destacou que o medo permanente passou a fazer parte da vida de quem viaja no sistema aéreo brasileiro.

- No caso da GOL, foi mais fácil culpar os americanos do que olhar para os problemas internos. Só depois do segundo acidente é que mudaram o ministro que se mostrava inepto para a função (Waldir Pires, da Defesa) - afirmou.

O senador destacou ainda que os problemas de infra-estrutura são maiores do que o caos aéreo. César Borges afirmou que, tentando fugir da crise no sistema aeroportuário, muitos brasileiros passaram a viajar de carro ou ônibus, o que aumentou em cerca de 30% o número de carros nas estradas, que, também - observou -, têm problemas de infra-estrutura. A situação levou a um crescimento do número de acidentes automobilísticos - de 17,46 % só em julho. De acordo com o senador, só no último mês morreram 686 pessoas nas estradas brasileiras.

- Lula está no segundo mandato, mas fala como se estivesse iniciando algo e como se não fosse responsável pelos últimos cinco anos - destacou César Borges.

O senador fez ainda mea-culpa pelo fato de o Senado ter aprovado a indicação de nomes políticos para as agências reguladoras, como no caso da Agência Nacional de Avião Civil (Anac), em vez de insistir em nomeações técnicas.

- Só deveríamos aprovar os que têm mérito. Fazemos parte de uma das instituições mais importantes da República, temos que dar à população brasileira segurança para que quem viaja de avião tenha a certeza de que vai voltar vivo para casa, como acontecia no passado tão distante - reconheceu.

Em aparte, o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) culpou a falta de investimentos e de gestão pública pela perda de 199 vidas no acidente da TAM. Ribeiro contou ainda que o senador Mário Couto (PSDB-PA) está vindo de ônibus de Belém para Brasília com a família por medo de enfrentar o caos aéreo.

02/08/2007

Agência Senado


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