César Borges diz que começou contagem regressiva para o governo



Ao analisar os primeiros 10 meses do governo Luiz Inácio Lula da Silva, que se completam no próximo dia 1º de novembro, o senador César Borges (PFL-BA) disse nesta quinta-feira (30) que este marco -sentencia o início da contagem regressiva para todo o governo-. Para ele, 10 meses são tempo suficiente para que qualquer governo diga a que veio.

- Mas o que vemos hoje é o envelhecimento precoce do governo do PT em método e palavra. Envelhece quando cede a usos e costumes políticos que prometia reformar. A esta rendição se soma uma cultura autoritária desvelada na intimidação dos críticos e em um discurso de justificação muito pouco transparente, onde ressalta a tautologia do -é porque é- - afirmou.

Para César Borges, o país espera por um diálogo que ainda não se estabeleceu e há um visível descolamento entre a lógica do governo e a realidade dura na qual vivem os brasileiros. De um lado há um governo e um partido em crise de identidade, e, do outro lado, há um país que precisa de reformas e que -elegeu este governo para fazê-las, acreditando naqueles homens que pareciam ter a resposta certa para tudo-.

O senador listou uma série de dados negativos sobre os 10 meses do governo Lula e classificou como -as únicas notícias boas- a queda do risco-país e a cotação do dólar oscilando entre R$ 2,80 e R$ 2,90.

- Mas o que significou de melhoria na vida do povo brasileiro? Infelizmente nada, até agora - observou.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse em aparte que as reflexões do PFL são desafios para o governo Lula. Ele lembrou que o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, em depoimento no Senado, disse que o Brasil vai pagar R$ 153,6 bilhões em juros até o final do ano, mas em 2004 deve cair para R$ 120 bilhões.

- Ainda é um grande montante, especialmente quando comparado com os R$ 5,3 bilhões que se pretende gastar com o Bolsa-Família - assinalou.

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), por sua vez, afirmou que acabar com a inflação é relativamente fácil.

- Se dermos uma dose cavalar de antibióticos, acabamos com qualquer doença, mas também matamos o paciente. Com uma dose cavalar de juros e corte total dos gastos públicos não há inflação que agüente - disse, acrescentando que as conseqüências desse -tratamento- são muito dolorosas para o povo. -Foi preciso muito sangue frio, muito desamor, para dar essa dose-, concluiu.

Já para o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) é preciso decifrar em conjunto esses episódios da economia. Para ele, o país deveria estar entrando num círculo virtuoso de crescimento, mas está caindo num círculo vicioso de juros altos e recessão.



30/10/2003

Agência Senado


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