Cetesb aponta 14 áreas com elevado grau de poluição
Classificação é feita com base em 82 pontos de monitoramento da Agência Ambiental
A coleta de esgoto atingiu percentual de 86% e o tratamento chegou em 45% em todo o Estado de São Paulo. De acordo com relatório de 2007 divulgado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), o Estado de São Paulo tem 14 áreas (metade delas na capital) com índice de poluição avaliado como saturado e com grau severo, o mais alto.
O problema mais grave é com o ozônio, com 11 registros. Na cidade, todos os níveis severos são motivados pelo poluente. As demais ocorrências são relativas a partículas inaláveis e partículas totais em suspensão. A classificação é feita com base em 82 pontos de monitoramento da Agência Ambiental.
Entre as regiões da capital com índice saturado e severo estão o Ibirapuera, Horto Florestal e a USP. Isso se explica pelo fato de que essas regiões estão próximas a vias de grande fluxo de veículos (Marginal Pinheiros na USP, e 23 de Maio, no Ibirapuera) e com forte incidência de raios solares. Só na Região Metropolitana de São Paulo, circulam 8,5 milhões de veículos e tem havido aumento crescente na frota ao longo dos anos. O gerente do Departamento Técnico do Ar da Cetesb, Carlos Komatsu, diz que esse poluente irrita as vias respiratórias e traz complicações para quem tem doenças respiratórias.
Por isso, é recomendado somente praticar atividades físicas nessas áreas verdes no período da manhã ou no final da tarde, quando há menor incidência de sol, aconselha Komatsu. Além dos gases emitidos pelos carros, a piora na qualidade do ar, se comparada com o ano anterior, se deve também a vários aspectos desfavoráveis à dispersão de poluentes observados no último inverno. Ele cita a escassez de chuvas, a ocorrência de ventos fracos e a grande quantidade de inversão térmica. “As condições desfavoráveis de dispersão de poluentes refletem na qualidade do ar”.
O ano de 2007 está entre os mais desfavoráveis à dispersão. Diminui esgoto no Rio Tietê – É a primeira vez que a agência ambiental subdivide o índice saturado em graus de moderado, sério e severo. Até então a Cetesb avaliava a qualidade do ar em graduação de saturada, não saturada e em vias de saturação. A nova classificação servirá para orientação de programas preventivos da degradação do ar e de restrição de emissão de poluentes onde o índice estiver em grau mais alto. Permitirá, ainda, que a Cetesb condicione a liberação de licença para empreendimentos nessas áreas à adoção de programas contra a poluição.
A graduação do índice saturado era necessária porque as condições das regiões são diferenciadas e requer restrições maiores ou menores dependendo do grau em que estiver, explica Komatsu. Agora a empresa que quiser se instalar em área com índice severo de poluição deverá cumprir os critérios estabelecidos, reforça o gerente.
O relatório do ar inclui também o mapa de queimadas de São Paulo. “As queimadas influenciam na qualidade do ar”, lembra o gerente. Ribeirão Preto é a região onde há mais queimadas, informa Komatsu.
Além da qualidade do ar, a Cetesb monitorou a qualidade das águas dos rios e reservatórios e das praias do litoral paulista. O relatório da qualidade de águas interiores mostra que os índices dos principais rios metropolitanos (Tietê, Tamanduateí e Pinheiros) estão comprometidos pelos lançamentos de esgotos sanitários (de origem industrial e doméstica).
A boa notícia é a redução na concentração de poluentes do Rio Tietê. No trecho da capital (entre São Miguel Paulista e a Ponte dos Remédios), a carga de esgoto bruto (sem qualquer tratamento) caiu pela metade, nos últimos dez anos.45% de esgoto tratado – A melhora, de acordo com o relatório, se deve às obras executadas pelo Projeto Tietê que possibilitou o aumento dos índices de coleta, crescimento do tratamento de esgoto sanitário e redução das cargas poluidoras industriais orgânicas e inorgânicas. Mas o nível de oxigênio continua abaixo das condições adequadas para a existência de vida aquática. Para isso ser possível, deveria estar com 5 miligramas por litro (mg/l) de oxigênio, mas o índice ficou entre 0 e 0,5 mg/l.
O lançamento de esgoto doméstico in natura continua a ser a principal causa da degradação das águas dos rios e reservatórios paulista. Hoje o índice de coleta de esgoto é de 86%, mas o de tratamento é de apenas 45%, isso porque aumentou quatro pontos percentuais em relação ao ano anterior. Litoral Norte, Mantiqueira, Ribeira de Iguape/Litoral Sul são as regiões onde há maior deficiência de coleta e tratamento de esgoto. De maneira geral, há maior déficit de tratamento nos municípios com população entre 100 mil e 1 milhão de habitantes.
A qualidade da água para abastecimento público teve classificação ruim e péssimo no Alto Tietê, Médio Tietê, Baixada Santista e Piracicaba/Capivari/Jundiaí. Além dessas classificações, pode ser avaliada como ótima, boa e regular. O relatório das águas traz duas novidades esse ano: inclusão de percentuais de coleta e tratamento de esgotos domésticos em cada um dos 645 municípios paulistas e glossário com a definição dos principais termos técnicos utilizados.
Em comparação com o ano anterior, houve melhoras nas condições das praias. Por exemplo, 47% das praias da baixada Santista registraram melhora na qualidade da água. O relatório também traz balanço de atendimentos a acidentes com produtos químicos e perigosos. As emergências químicas revelam maior incidência de ocorrências nos meses de março, junho, agosto, setembro e outubro. Todos esses meses com mais de 40 acidentes com acionamento da Cetesb. As principais atividades geradoras das emergências foram o transporte rodoviário (53,7%) e os postos e sistemas retalhistas de combustíveis (8,4%).
Da Agência Imprensa Oficial
C.M.
06/15/2008
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